XI - A chama

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Algumas vezes, sem motivo algum, o chão sobre o qual pisamos, simplesmente se abre, e você acaba caindo num mundo de escuridão, agonia, desespero, solidão... A tendência é que permaneça lá, pois quanto mais se luta para sair de tal situação, pior é a reação que as trevas impõem sobre você, querem te consumir, querem que você faça parte delas, querem tirar tudo de você, inclusive algumas pequenas memórias felizes que ainda te restam, e que você guarda com todas as forças, por que são elas que te mantem vivo, ali, afastado de tudo e de todos.

E num desses dias, ou noites... em que eu estava sob a escuridão, vi uma chama brilhar no meu céu sem estrelas, dançar sobre mim, cair e queimar tudo, tudo que existia ao meu redor, tudo o que eu conhecia foi queimado. Mas o fogo, o fogo finalmente pode iluminar meus dias, e embora tivesse sido difícil sobreviver a ele, embora tivesse sido difícil suportar a dor que a sua chama dançante provocou em mim... eu vi, que haviam saídas, para a prisão que eu estava vivendo, havia como vencer a escuridão.

Eu soube então que todas as chamas podem destruir, mas todas iluminam, e se há luz, há esperança.

Antes, quando eu chorava, eu tinha a certeza de que bastaria dormir e acordar para que tudo estivesse bem novamente... eu sabia que tudo ficaria bem novamente. Mas agora não sei, agora eu choro pq sei que não tenho mais a certeza de que tudo vai ficar bem, porque o que eu mais temia, aconteceu sem que eu pudesse impedir.

A Filosofia da MorteWhere stories live. Discover now