IV - Tristeza Muda

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Não, eu não estou triste.

Dessa vez, eu não deixei minh'alma se afogar 

Em arrependimento, tristeza e desespero.

Dessa vez eu não estou triste.


Consegui segurar, consegui conter - por mais árdua que tenha sido essa tarefa

O que há por dentro. Consegui deter.

E por mais que minhas mãos calejadas doam, e o meu corpo grite na abstinência

Não lhe darei a sua única forma de escape. Dessa vez as lágrimas não cairão.


E se caírem, não serão de mágoa, e nem de sentimentos obscuros,

Se caírem serão provas de que eu estou vivo

Provas de que eu consegui conter o mais obscuro dos sentimentos suicidas. 


Enquanto eu não puder controlar meu corpo, minh'alma ficará no escuro

Padecerá junto aos restos da minha dignidade,

Realizando, um sonho para mim, que é morrer 

E padecer meu corpo ao carbono da terra.


Morrer, é de certa forma um alívio, um fim

Para minhas reencarnações diárias, que a vida me trouxe

Sobre as quais minhas mãos sangram, nos invernos dessa vida

Não posso deixar tomar conta de mim, este triste fim.


A Filosofia da MorteWhere stories live. Discover now