XIII - Existencial

22 2 1
                                    

Minha existência 

É uma imprudência

Minhas reflexões 

São ilusões

E minha carência

 Afeta minha aparência

Tu julgas com ações

 O ar dos meus pulmões


Como se eu fosse culpado

De não ser alado

E tivesse que aguentar

Tuas memórias a gargalhar

E permanecer calado

 Por mais abalado

Tenho que relevar

E saber contigo caminhar.


Esse é o vosso desejo desprezível

 Que julgam ser algo infalível

Querem descobrir o que veio a nos criar

 Sem perceber que não há nada a visualizar 

E eu, sendo o único sensível

 Percebo o mundo inteligível

Humanos a acreditar

Que podem o segredo desvendar.


Precisam dominar os meios

Para então criar nos seios

Algo que explique os sentimentos

Esquecendo-se dos momentos

Vividos com anseios

E que os olhos deixam cheios


Esquecem-se no entanto

De todo encanto

Que nenhuma palavra pode definir

E que ao ser humano sempre vai concernir

Em momentos de pranto

Em que as vozes ressoam em canto

E que nos pomos a aplaudir

Sem lembrar que estamos a existir.


Esse nosso narcisismo

De desespero e egoísmo

É essa nossa utopia

Que aos poucos se tornou tão fria

Passado o saudosismo

E chegado o pragmatismo

Em "tamanha" euforia

Se arrasou em entropia


Não há um lugar

No qual eu quero estar

Pois sei que não estarei eternamente

E as minhas ideias nunca estarão em mente

Quando a felicidade levantar

Nem quando o desespero profundo se apossar

Ou quando os dois excepcionalmente

Se juntarem simultaneamente


Só estarei presente durante o ócio

Ou quando inchar o bócio

E não conseguires nada de interessante

E eu, até agora mero farsante

Parecerei um bom negócio.

Ah amigo, ai sim serei teu sócio!

Te acompanharei na noite estressante

E nela colocarei amargo adoçante.






A Filosofia da MorteWhere stories live. Discover now