I
A água se elevou
O mar não se acalmou
E até onde foi possível
O afogamento do qual fui passível,
Deixou minha boca ficar presa,
E meu corpo, levou-se pela correnteza.
Sem poder respirar
Comecei a me desesperar
Mas lavei minh'alma com o sabor da morte
E percebi, que tudo não passava de sorte
De ser aviventado
Pelas águas ser levado
Naquele momento
E em todo sofrimento
Sobretudo nada era
Assim como de fato se espera
Mais sagrado que o ar,
Que deus insistia em não me dar
Me empurrava para baixo
E eu ia caindo ao meu despacho
Sem nem ao menos imaginar
Que alguém pudesse me salvar
Algo aconteceu ao fim de minha esperança
D'uma sombra tomou forma a mudança
Que me ergueu do fundo do mar
E me pôs na areia a vomitar
Que visão horrível tinha tido eu
Nada conseguira ver além do breu
Exceto pelo breu azul marinho
Que para minha alma fora de grande carinho
Assim como a visão que tinha agora
Um homem com a face da flora.
II
Meu corpo estendido sobre a areia branca
Tuas mãos sobre o meu peito a morte estanca
Amedrontados, teus olhos me encaram
Tentando repor a mim os ares que escaparam
Estou consciente, equanto tudo sombreia
Ao meu redor, uma multidão nos rodeia
O cansaço e o impedimento
De repente se transformaram em tosses de sofrimento
E eu me ergo atordoado
Com aquela multidão assustado
Tento me levantar e ir embora
Enquanto Salvador com as mãos implora
-Por favor, esperes, você está mesmo bem?
-Sim, aquele ato foi só da vida desdém
Preciso ir embora
Permanecerei vivo por hora
Até que meu espírito novamente venha a se sujar
E eu nas águas precise-o lavar
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A Filosofia da Morte
PoetryEssa obra é sobre a pequenez do ser humano, as sensações que abalam nossa existência, os amores, os desperdícios e os pensamentos que nos impedem de dormir. Sobretudo é uma confissão da minha existência, sobre a qual passa a narrar os meus dias mais...