XXII - Pecado Mortal

14 1 0
                                    

O doce outono se firmou

Quando o rápido sussurro me arrastou

Para os teus braços de areia

E os teus morros, onde sementes raras semeia

Enaltecendo mais uma vez a conjunção

Da união fervorosa dos que não tem perdão


Quantos segredos estão, por trás dos teus olhos escondidos?

Quantos foram perdoados, esquecidos ou punidos?

Parece que o mais doce prazer é também o pesar

De ter que de ti ficar longe, de ter que parar.

Como ei de viver sem o teu viciante manjar

Deve haver pelo menos uma maneira de deixar de amar.


Tu és, deveras, um sonho que não cessa

A beleza, que em sua totalidade a natureza expressa

Afogar-me-ei em teus mares de paixão

E deixarei levar-me por essa perfeita ilusão

Nossa matéria se funde a gerar um laço invisível

E o nosso arfar infinito e incompreensível

Rompem-se quando o quase perpétuo movimento se faz

Teu grito resvala, e a quase inconsciência nos satisfaz


Nenhuma manhã será igual

E nenhuma jamais irá se comparar

Ao nosso doce e tentador pecado mortal

Que é a ofensa divina de mutuamente desejar

A Filosofia da MorteWhere stories live. Discover now