VIII - Carta à um Amado Imortal

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Sensata insensatez,

Queima-me o desejo de falar-te que és a melhor sensação que já senti em minha vida. Sensação de segurança, de alívio e de liberdade. És tu um misto de sensações. Misto do qual dependo, agora mais do que nunca.

Não estou e nunca estive incólume de tua perda, pois sei que ao mesmo tempo que tu estás ficando mais próximo de mim, vem o tempo e me diz que tua vida, assim como a minha, está escorrendo por entre os meus dedos, pelo ralo da eternidade.

Talvez seja triste viver assim. Como que eu esteja com uma corda no pescoço e você, abaixo de mim, seja minha única segurança, minha única base. Saber que sem você eu me sufocaria, para o sempre eu morreria, me fez temer o dia, que você não vai mais suportar o meu peso sobre a sua vida.

Tento aqui te convencer mais uma vez, de que são severas as horas que passo sem ouvir tua voz, sem ver teus olhos, sem penetrar na tua alma por meio deles, e descobrir que és o mais bonito ser que já foi criado.

Ter-te aqui tem feito os meus dias sorrirem; ouço o mundo na mais perfeita sinfonia; vejo o céu num balé divino; e toda a natureza ao meu redor, se transforma na mais perfeita pintura que o mundo poderia ver. Nada mais pode acalentar o meu espírito, se não o tom da tua voz, se não tua áurea sobre a minha vida.

Sei que é distante e turbulento o caminho entre nós, mas eu realmente não me importaria de trilha-lo até que escrevesse-se a maior e mais bela das epopeias sobre nós.

Terá esse caminho um fim iluminado? Questiono-me. Sem dúvida terá. Tu és meu sol, a luz que ilumina minha vida, e como fogo que não queima, ilumina todo o meu ser, e me faz viver.

A Filosofia da MorteWhere stories live. Discover now