Entrevista

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Uma vez li sobre Alexandre, O Grande. Dizia que um homem como ele não acreditava no valor das palavras, que no final de tudo simplesmente se importava com as ações que sobressaiam as falsas frases.

Uma vez escutei como meu pai chamou minha mãe, "inútil, estúpida, puta". No dia seguinte chegou com um enorme buquê de rosas vermelhas, um sorriso tatuado no rosto e lhe dando milhões de beijos. Se suas ações foram românticas queria dizer que a amava apesar de suas palavras?

"O que pesa mais? O dizer te amo ou demonstra-lo?"

Acordei ao seu lado. Meu Loueh roncava com a boca aberta, estando de bruços e abraçando o travesseiro debaixo de sua cabeça. Logo seriam as oito da manhã e a rotina tinha que começar, mas preciso de palavras porque me apaixonei por sua boca, e se tudo o que sai dela são só mentiras preciso escuta-lo. Preciso ver seus olhos e acreditar, preciso ver o cinismo em seu olhar e odiar seu sorriso de canto.

O balanço levemente.

- Louis - sussurro em seu ouvido.

Meu amado locutor emite um grunhido e se vira ficando de lado. Sorrio. Sei que estará de mau humor, mas preciso saber. E tem que ser agora, antes que minha frágil valentia se vá por completo.

- Louis... Quero falar contigo.

- Amanhã - murmurou sonolento. Suspirei. Entendo que seja exageradamente cedo para ele, que queria dormir, eu também, mas preciso fazê-lo.

- Não Louis. Agora - o seguro pelo braço e o faço virar para que fique com as costas contra o colchão.

- Maldito seja Harry, o que diabos você quer?

- Quero falar contigo.

Abaixei o olhar. De joelhos sobre a cama esperava sua resposta. Não me importava qual fosse, só queria escutar sua voz, só isso...

Escutei como Louis suspirava. Senti seu movimento, se revoltando sobre os lençóis enrolados em suas pernas, logo percebi sua mão levantando meu maxilar. Meu cabelo caiu de cada lado do meu rosto. Mechas cacheadas cobriram meus olhos e minhas bochechas, escondendo um pouco, mas muito pouco, o irritante vermelho em minhas bochechas.

Recebi um beijo nos lábios e apenas pude corresponder. Separou o cabelo de meu rosto e manteve suas mãos segurando meu rosto. Seu olhar sonolento havia dado lugar a um resplandecente e altamente desperto.

- Me diga. Do que quer falar?

- De... De... - porque não posso lhe olhar nos olhos? Me intimida. Me encurrala. Me seduz.

É intencional?

"Prefere que cale?"

Nego com a cabeça e fecho os olhos. Dissipando duvidas. Afastando maus e desnecessários pensamentos que só plantam duvidas. Neste momento o que menos devo fazer é duvidar.

Suas mãos caem em cada lado de seu corpo e é como se por fim pudesse respirar.

- Quero falar de nós dois - falei enfim. Palavras concretas. Frase dita sem titubeação e olhando-o com desafio.

Não me quebraria. Não me renderia.

Tenho que saber.

- De nós dois? - perguntou zombeteiro. Seu corpo se arrastou até que suas costas se chocaram contra a cabeceira da cama, sem pudor algum mostrou seu corpo nu, me lembrando que eu também estava em condições iguais. Riu de mim quando tentei me cobrir com o lençol e em troca a tirou e a jogou no chão. - Não acha que eu já vi seu corpo nu antes? E também, eu também um, olha, aqui - e ele muito sem vergonha levou minha mão até seu pênis. - Vê?

F R A G I L E » larryOnde as histórias ganham vida. Descobre agora