Melodias

337 35 16
                                    



E tudo foi amor, felicidade e luzes coloridas...

Isso deveria narrar quando o momento chegou. Eu deveria descrever que foi como chegar ao final do arco-íris e voltar por um caminho de estrelas e brisa suave. Deveria contar que a partir de então estamos juntos, que esse abraço nunca se interrompeu e que nos beijamos com todo o amor que ambos temos.

Porque Louis Tomlinson me ama, e isso deveria ser um motivo suficiente para mudar o mundo em que a terra gira sobre seu próprio eixo.

Mas nada disso aconteceu. Nada disso eu posso narrar.

Só posso dizer que depois de nosso apertado abraço nos separamos para nos olhar. Eu vi seus olhos brilhando enquanto ele apreciava as lágrimas que banhavam minhas bochechas. Sorriu para mim e antes que pudesse responder suas doces palavras a voz de Elizabeth ressoou pelo corredor de mármore.

- Um cliente muito importante quer falar com você! - exclamou com uma voz infantil e entusiasmada. Segurou-me pelo braço e não me soltou por muito tempo.

Quando fiquei livre, depois de meia hora recebendo parabéns e um possível cliente muito entusiasmado, voltei para o lugar onde eu supunha que meu locutor deveria estar, mas não o encontrei.

- Se foi - me disse Niall com cara triste. E não pude fazer mais nada do que desfrutar de minha noite sentindo o peso de suas palavras e me lembrando da doçura de sua voz.

Agora tu és confuso.

De pé, em frente ao local que mostrou orgulhoso seu anuncio, me sinto mais perdido que antes.

O que aconteceu quando pelo que você tanto lutou acontece?

O que acontece quando os sonhos se cumprem, e sua razão para se esforçar no dia-a-dia termina? Agora, qual é meu objetivo?

Deveria me vingar. Fazê-lo sofrer uma mínima parte, proporcional a enorme quantidade de sofrimento que ele me causou, mas não posso. Pensar em vingança seria fácil se ao fechar os olhos não viesse esse sorriso, ou quando quisesse me concentrar em silencio não escutasse sua linda voz suave sussurrando que me ama. Louis Tomlinson me ama!

Volto a sorrir estupidamente, ao mesmo tempo em que a porta do local se abre. Entro em meu universo de encadernados e folhas brancas impregnadas com o doce aroma da originalidade. E parece tudo tão vazio...

E tudo é confusão em meu interior. Quero voar, correr e me esconder. Quero enfrentar você, desafiar a mim mesmo e lutar por ti, por mim, por um verdadeiro "nós". Confusão. Desespero. Medo.

Eu só quero encontrar a formula para parar de sofrer.

Tudo deveria começar. Minha amada rotina deveria começar aqui, começando por dar a volta àquele letreiro pintado de vermelho, que dá por iniciada uma jornada mais na venda de livros, mas me recuso a girar o pedaço de cartão e em troca deixa a escura cortina em seu lugar, me protegendo dos raios solares e os pedestres matinais. Não pego a vassoura para começar a varrer, nem me preocupo com as caixas amontoadas em um canto. Este é um momento para mim, e agora a única coisa que quero fazer é me grudar ao rádio, enquanto escuto sua voz, perdido na escuridão. Jogado sobre o piso, fechando os olhos.

Só respirando.

"-... Sim minha ausência não se justifica, mas quero lhes dizer que estou feliz como nunca. Um escritor francês disse alguma vez 'O verdadeiro amor é como os espíritos, todos falam deles, mas poucos já viram'. E, felizmente, eu me encontrei com um desses espíritos luminosos."

F R A G I L E » larryOnde as histórias ganham vida. Descobre agora