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Abrir os olhos nunca havia me custado tanto na vida. Era mais difícil até que a sexta-feira pela manhã, ou acordar a meia noite porque alguém bateu na minha porta com força.

Abrir os olhos foi cansativo, e logo me arrependi de ter feito.

Tudo era brilhante, e depois desejei voltar ao mundo de trevas.

Pisquei um monte de vezes para me acostumar com a intensa luz e comecei a mover a cabeça tentando me centralizar. Escutava murmúrios. Vozes dispersas e cobertas por uma capa invisível chocadas contra elas e chegando até meus suaves ouvidos.

Tudo era branco e o exagerado resplendor vinha da lâmpada que estava em cima da minha cabeça. Abaixei o olhar e várias manchas coloridas se pousaram em frente a mim. Algumas eram longa, outras cursas, algumas redondas ou muito finas. Pisquei umas vezes mais. As manchas se moviam de um lado para o outro e falavam sem parar.

Fechei por uns segundos os olhos e ao abri-los as manchas se encontravam ao meu redor, mas já podia distinguir seus rostos.

— Harry, filho! – virei meu rosto para a esquerda. Minha mãe estava chorando e tentando segurar meu braço, mas duvidava como se eu tivesse algo contagioso, ou minha pele queimasse. — Acordou... – murmurou com a voz rouca.

Sim, acordei. Mas porque todo esse escândalo? Todas as manhãs faço o mesmo. Abro meus olhos depois de um sono profundo, o qual explicaria a intensa dor que tenho nas costas e no final desta.

— Você está bem senhor Styles? Lembra-se do que aconteceu? – perguntou uma mulher que, nunca havia visto na vida, bem atrás das costas de minha desesperada mãe. Sorriu-me e pude observar seu avental branco, resplandecente como todo o quarto.

Tentei responder, mas só pude abrir a boca quando uma pergunta se chocou com força contra mim. "Onde estou?" me perguntei de repente sentindo medo.

— Se lembra porque você está em hospital?

— O que? – minha voz soou horrível. Foi uma combinação entre rouca e pastosa que soou como o canto de um passarinho agonizando.

— Filho – a voz de minha mãe voltou a se pronunciar. — Você sofreu um acidente. Você caiu... Você... Rolou pelas escadas e...

Parei de escutar. O sentido da audição se perdeu.

Concentrei-me em tentar lembrar.

Acidente... Queda... Escadas...

E chocou. Tudo voltou a mim me golpeando como um grande balde de água fria.

Havia tropeçado tentando fugir, tentando escapar de uma realidade que não queria conhecer. Lembrei. O golpe, a dor, seu nome...

— Louis... – sussurrei com minha horrível voz tão doente que, aparentemente, ninguém conseguiu me escutar.

— Querido, é verdade que não se lembra do que aconteceu? – disse Niall com lastima.

Sorri ao meu amigo tentando lhe passar confiança através de meu falso sorriso.

— Lembro – falei assentindo levemente com a cabeça.

Depois disso minha respiração se interrompeu graças aos braços de Anne. Em seguida chegaram mais braços protetores, os quais não pude distinguir o dono até que a mulher de avental branco falou.

— Bom, acredito que tenham sido emoções demais para todos. Sei que querem estar com ele, mas é preciso fazer alguns exames e preciso que saiam do quarto.

Deveria me sentir indignado, ou ao menos triste, porque tiraram minha família, certamente terão que me contar muitas coisas, ou que queiram me ver simplesmente. Lamento a preocupação que lhes causei, e os planos que arruinei, mas agradeço infinitamente a essa médica porque, apesar de que meu traseiro dói infinitamente, a última coisa que preciso nesse momento é Anne com seus braços e choramingos.

F R A G I L E » larryOnde as histórias ganham vida. Descobre agora