35 - PETER

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Acordei com uma claridade batendo em meus olhos. Com cuidado os abri dando de cara com um teto cheio de figurinhas. Coisa de Agatha e Samantha. Ah, claro, eu estou no quarto da Agatha.

Olhei para o lado a vendo dormir serenamente. Ao seu lado estava Samantha, dormindo profundamente. Samantha, a garota que abala as estruturas de qualquer um. Samantha quer, ou vai embora daqui, e confesso que é a pior notícia que já recebi nos últimos tempos, depois do sequestro da minha filha, é claro. Mas o fato é que não sei se consigo deixar tudo do jeito que era antes dela chegar, será meio impossível isso. Se fosse a algumas semanas atrás, confesso que seria uma boa notícia, mas agora é diferente.

Com muito cuidado para não acorda-las, me levantei da cama e peguei meus sapatos. Antes de pensar em sair do quarto eu parei para observa-las. Qualquer um que as visse, pensaria que são mãe e filha. Chega até a ser um pensamento louco, mas a verdade é que Samantha, em um pouco mais de três meses, conseguiu ser a mãe que a Agatha não teve em quase seis anos.  Suspirei e sai do quarto indo para o meu.

Deixei meus sapatos no quarto e me dirigi para o banheiro. Me despi e abri o registro do chuveiro e em seguida entrei de baixo dele deixando a água quente cair sobre mim.

Tanta coisa para pensar...

Ok, vamos recapitular. Desde que Samantha chegou tenho sido de fato um babaca. Mas a real é que eu nunca soube agir com uma mulher como ela. Explosiva, petulante, personalidade forte, meio sem noção, uma mulher da qual eu não estou acostumado a conviver. A coisa começa a sair de foco, quando eu começo a gostar do jeito dela. ENTENDE A GRAVIDADE? Eu gosto do jeito dela, do jeito louco dela, do modo como ela sai por ai tomando as decisões mais difíceis que ela encontra. Não, eu não estou apaixonado por ela, mas não vou negar o que sinto. É atração, só isso. Já senti isso várias vezes, qual o problema? O problema é exatamente o jeito dela. Ela não é como as outras, e não acho ruim, pelo contrário. Eu admiro isso. Ela me beijou, eu gostei, certo.

Depois eu beijei ela, eu gostei de novo, certo. E depois eu magoei ela, e depois a beijei de novo, errado. Tenho aquela mania ridícula de achar que toda mulher vai esquecer a merda que faço com beijos e sexo. "Samantha não é como as outras Peter Miller!" Agora eu sei, e o pior é que ela vai embora, por culpa minha. Sou um grande imbecil!

Como eu já disse, ela tem uma personalidade forte, e é claro, não vai me perdoar tão cedo. Nem com um bilhão de desculpas ela vai me desculpar, e tenho que dar razão a ela. Eu fui muito duro com as palavras que usei, foi MUITO desnecessário! Sim, ás vezes posso ser babaca, mas sei admitir quando passo dos limites.

Mas agora, é tarde de mais. Não adianta eu ficar lamentando. Só tenho que arrumar um modo de não deixar a Agatha tão mal, o que vai ser meio impossível. Mas ela é minha filha, não posso ver e ficar quieto vendo ela sofrer, e principalmente por minha culpa.

Depois de quase dez minutos de conversa interna comigo mesmo e estar parecendo um frango cozido, terminei meu banho e sai do box. Enrolei a toalha em volta da minha cintura e sai para meu quarto. Peguei meu celular em cima do criado mundo e vi que tinha quatro chamadas do detetive Grayson. Rapidamente retornei.

— Grayson. – respondeu ele ao atender. — Peter, te liguei já faz um tempo. Houve algum problema?

— Não nenhum, eu apenas não estava com o celular. Alguma notícia sobre os sequestradores? – pergunto me sentando na cama.

— Bem, assim que chegamos encontramos um carro saíndo e tentamos fazer uma perseguição nada chamativa, porém eles conseguiram ser mais rápidos e nos despistaram. Já mandei os dados do carro e estão tentando localiza-lo. 

— Certo. Encontraram mais alguma coisa? 

— Bom, logo depois nós retornamos para a fábrica e checamos o lugar e não encontramos nada. Mas tinha algo que me chamou bem atenção.

SIMPLESMENTE SAMANTHA Onde as histórias ganham vida. Descobre agora