61 - SAMANTHA

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Ouvir a voz de Agatha e Peter foi a melhor coisa que me aconteceu no dia. Eu estava feliz, sem reação, preocupada e com saudades.

Ouvir a voz de Peter me deixou arrepiada e com vontade chorar. Mas não chorei, me segurei o suficiente. As coisas entre nós dois estavam mais estranhas do que eu imaginei que seria. Não era para ser assim, mas tudo parece tão complicado.

Nem todos os relacionamentos a distância dão certo, mas eu venero o bastante aqueles que duram. Mas o nosso, parecia que estava caminhando para o lado contrário e só tinham se passado dois dias.

Já fazia algumas horas que eu estava na casa do meu pai. Conversei um pouco com Alexandra e esperei que Pedro chegasse da escola para que nós pudéssemos conversar.

Parece que ele tinha crescido bastante e estava mais bonito do que da última vez que eu o vi. Pedro era um garoto bonito, estava mais alto que eu, tinha os cabelos castanhos cobrindo a testa e usava óculos de grau quadrado.

Subimos para seu quarto e me joguei em sua espaçosa cama pegando um de seus carrinhos de coleção.

— E então? Quer conversar sobre o que comigo? – ele pergunta se sentando em uma poltrona e me encarando.

— Ué, senti saudades. Não posso matar minhas saudades ficando com meu irmãozinnho?

— Não. Você não mata saudades com conversas e sim aprontando, pois é o que você faz, ou fazia de melhor. – diz incerto. — E não sou seu irmão. – rolei os olhos. Estou pegando os tiques da Anna de novo. — Você parece ter mudado.

— Você também. – digo séria enquanto me sentava na cama. — É sério que você vai começar com esse absurdo, Pedro? – ele franze o cenho e ajeita o óculos.

— Do que está falando?

— Dessa coisa de ficar dizendo que não sou sua irmã ou que papai e Alexandra não são seus pais! É sério? – lhe encarei e ele bufou.

— Eu só...

— Está confuso. – cortei-o. — Eu sei disso, e eu compreendo. Só não aceito essa sua atitude de ficar desmerecendo os dois como se todos esses anos não tivessem sido nada. Papai é seu pai e Alexandra é sua mãe, eles quem te deram amor e carinho todo esse tempo.

— Eu não estou desmerecendo. – diz baixo encarando os dedos sobre as pernas.

— Jura que não? – cruzei os braços cerrando os olhos. — Pedro, você tem os pais mais maravilhosos do mundo! Você tem a melhor versão do papai, a que eu e nem Brian tivemos. – ele volta a me encarar. — Ele não tinha tempo para nós, tivemos que aprender a conviver com a ausência dele e da minha mãe. Mas você, você tem ele ao seu dispor todo o tempo. Ele não pensa duas vezes antes de desmarcar uma reunião só para estar com você e te ajudar em alguma de suas experiências malucas. – rio sem humor. — Alexandra se preocupa com você mais do que deveria, te trata como um bebê. Você tem noção do quanto ela desejou ter um filho?

— Sei.

— Sim, exatamente. Foi uma guerra quase infinita para convencer o papai a ir em um orfanato adotar uma criança. Você é o filho que papai sempre quis. Você da uma surra em Brian e eu, cara. Você tem planos para o futuro e nem foi o papai quem os planejou, você da orgulho a ele, você é um filho de ouro. Ele te ama.

— E ama vocês também.

— Eu sei que ama, não estou aqui para calcular a porcentagem de amor que ele sente por cada filho, até porque eu não sou de exatas. – ele ri. — Só estou dizendo para você não jogar no lixo tudo isso. Tem muita coisa que eu e Brian não tivemos e você tem em dobro, sinta-se honrado.

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