10. Verdade ou Desafio

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Eu fiquei com Ian!

— Eu sabia! Eu disse que ele estava afim de você! Me conta como foi! Sortuda.

— Foi incrível. Ele é tudo-de-bom!

Revirei os olhos. Eu estava mais do que acostumada a ouvir coisas assim no banheiro feminino, principalmente depois de uma festa no fim de semana. Aquele era Ian.

Não fui à festa. É claro que eu não ia topar o acordo absurdo de Steven só para ir a uma droga de festinha adolescente.

Saí do banheiro deixando as duas cabritas histéricas para trás. Eu podia jurar que a garota que supostamente ficou com Ian era a mesma que eu o vi levando pelos ombros outro dia. A tal da... Mel. Acho que esse era o nome dela.

No caminho para o meu armário, ouvi outra garota dizer que ficou com Ian na festa, mas ela não estava tão animada quanto a anterior. Na verdade, parceria bem triste.

O corredor estava um barulho dos infernos. Fui obrigada a chegar mais perto para escutar.

— Eu sei, mas eu pensei que... sei lá. Ele parecia interessado só em mim.

— Ah, Nat, você sempre soube que Ian é do tipo que pega e não se apega — a ruiva que estava com ela disse.

Nat olhou para mim, pois eu deliberadamente parei de andar para ouvir a conversa. A outra garota também me encarou.

— Está olhando o quê? — A ruiva perguntou de forma desaforada. — Ah, é você — fez cara feia para mim.

Ah, era a ruiva da sala de castigo, a que ficou furiosa quando eu fingi o desmaio.

— Oi, fofa — sorri alegremente.

Ela revirou os olhos.

— O que você quer, garota?

Antes de responder, avaliei as unhas, depois mudei o cabelo de lado.

— Não me lembro de ter dito que queria alguma coisa — respondi.

Ela deu um passo à frente, mas Nat segurou seu braço.

— Kátia, deixa ela pra lá. Vamos — o tom de voz dela era de puro desânimo. Aquele era o "efeito Ian".

Elas seguiram em outra direção, dei tchauzinho porque sou educada.

Ao entrar em minha sala, varri os olhos à procura de Laura.

— Vai ficar aí parada ou vai se sentar? — A professora de geografia me encarou, toda antipática.

— Ainda estou decidindo — fiz cara de pensativa, como se estivesse escolhendo entre uma bolsa Miu Miu ou uma Louis Vuitton.

— Quer que eu chame a senhora Rosildine para ajudar na escolha?

— Fique à vontade — dei meu sorriso educado e fui me sentar. Agora eu estava mais preocupada era com a minha amiga, que estava de cabeça baixa, sentada na fileira à minha esquerda.

— Ei, Laurinda — cutuquei seu ombro.

Laura levantou a cabeça.

— Oi, Jake.

— Presente! — gritou Samila, respondendo à chamada. Droga, recebi falta de novo.

— O que há com você? — questionei.

— Nada, só estou com dor de cabeça.

— Isso se chama ressaca — Débora disse atrás de mim.

— Mas Laura nem bebeu — falou Gustavo, atrás de Débora.

Em posição de oposiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora