32 - Explosão

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Uma manhã inteira fazendo provas sem ao menos ter estudado. É lógico que eu ia colar.

Na primeira prova, Oliver me passou umas respostas. Na segunda, a ruiva idiota nos dedurou e a professora mandou um para cada extremo da sala. Na terceira, Oliver me ajudou a escrever nos braços as fórmulas de química que eu precisaria. Quando eu estava finalizando minha prova, entretanto, o professor me flagrou.

A questão é que, se na noite anterior eu não tivesse ido dormir tarde decidindo se mandava ou não uma mensagem de desculpas para Ian, eu teria pensado em uma forma de pescar mais inteligente, como escrever a pesca na parte interior do rótulo de uma garrafa d'água, ou algo assim.

Saindo do banheiro, depois de tirar a tinta de caneta dos braços, coloquei-me a caminho do refeitório. Débora havia mandado mensagem avisando que iríamos almoçar com seus novos coleguinhas do Terceiro B. Eu estava mesmo era agradecida de não ter que me sentar com os meus colegas retardados.

— Olha a pescadora — Alexandre apareceu à minha direita, passando seu braço pesado em volta dos meus ombros. — Cara, o que foi aquilo? Você vacilou — ele riu para mim.

— Cola no braço não foi muito esperto, loirinha — Theo surgiu ao lado dele.

— Se quiser uma ajuda para as provas de amanhã, podemos estudar juntos, Jake — Thiago chegou pela minha esquerda, exibindo um sorriso oferecido.

— Jake, não dá moral pra esse cara — disse Alexandre, guiando a direção dos meus passos pela entrada do refeitório. — Ele fez uma aposta de que consegue pegar você.

— Como é?! — parei e encarei Alexandre. Em seguida direcionei um olhar mortífero para Thiago.

Ele parou também e, com olhos arregalados, coçou a parte de trás da cabeça, completamente sem jeito.

— Apostou com quem?! — dei um passo em sua direção e ele recuou. Theo soltou uma gargalhada alta enquanto eu avançava ameaçadoramente para o imbecil. — Com quem?! — insisti diante de sua hesitação.

Se foi com Ian...

— Era só brincadeira, Jake — ele meneou a cabeça. — Não apostamos de verdade porque Ian...

— Jaqueline Dallas, favor comparecer à direção — a voz no alto-falante recrutou diversos olhares para mim.

Será que eles sempre tinham que olhar? Era para já terem se acostumado com esse acontecimento diário. Mas dessa vez eu ia ter que ignorar tanto os olhares, quanto o chamado.

— Ih, Jake, deu ruim — zombou Theo, rindo da minha cara.

Dei um passo na direção de Thiago, apontando o dedo em sua cara.

— Responde logo ou o próximo anúncio no alto-falante será uma nota de pesar pelo seu falecimento — aproximei as mãos uma da outra no formato em que cabia um pescoço.

Thiago ergueu as mãos na frente do corpo em posição defensiva.

— Calma, Jake... — ele deu um sorriso sem graça. — A aposta era entre Renan e eu. Mas Ian ficou todo estressadinho e a gente deixou pra lá.

— Você é vacilão, cara — Alexandre deu um tapinha na parte de trás da cabeça de Thiago.

— Eu não sabia que Ian tava afim dela, tá legal? — ele empurrou Alexandre e os dois começaram uma brincadeira idiota de empurra-empurra, rindo feito rinocerontes. Imagina o eco que faz dentro dessas cabeças.

Revirei os olhos para os acéfalos e girei nos calcanhares. Bem aí, dei de cara com Ian.

Os olhos claros encararam o meu rosto. Ele estava com as sobrancelhas franzidas em uma expressão que não tive tempo de ler, pois mudei meu rumo e saí andando.

Em posição de oposiçãoNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ