PRÓLOGO

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NICOLETTI

Já era tarde da noite e meus pais ainda discutiam na sala

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Já era tarde da noite e meus pais ainda discutiam na sala. Eu não conseguia escutar com clareza o que eles gritavam, pois algum tempo antes do meu pai chegar caindo e berrando palavras feias, minha mãe havia me dado uma ordem.

— Fique com os fones de ouvido, meu amor. E não tire ele até que eu fale, ok? — Disse e me levou para a cama, entregando-me um iPod e os fones de ouvido. Colocou uma música infantil qualquer no volume máximo, me deu um beijo casto na testa e foi para a sala, esperar pelo meu pai.

Eu apenas sabia que eles ainda discutiam por causa das músicas que terminavam e quando ia passar para a próxima demorava alguns segundos ou até mesmo minutos e nesse meio tempo escutei meu pai xingar minha mãe de vários nomes feios, tinha conhecimento disso porque ela havia me repreendido numa noite qualquer quando eu repeti as mesmas palavras brincando com minhas bonecas, que eu nunca poderia dizer aquelas palavras, pois eram feias, sujas e de maneira nenhuma uma menina da minha idade ou qualquer outra poderia dizê-las.

As músicas da lista infantis já haviam terminado e eu não sabia se podia ou não tirar os fones de ouvidos. Minha mãe ainda gritava com o meu pai e agora eu poderia escutar tudo atentamente — um pouco abafado por conta dos fones, mas ainda sim entendia cada palavra.

— ... Pouco me importa o que diz o DNA, Nicoletti é minha filha e para onde eu for, ela irá comigo. — Mamãe gritava. — Você nem gosta da menina, Pietro, ela já tem cinco anos e eu nunca vi você dar um abraço de pai nela, xingava quando ela chorava no meio da noite querendo mamar ou querendo ser limpa. Você nunca sequer trocou uma fralda da menina. Não se importou quando sua primeira palavra foi papa. — A voz da minha mãe havia mudado, acho que ela estava chorando.

Eu queria sair do quarto e ver o que estava acontecendo, queria dizer para mamãe não chorar e que tudo iria ficar bem, mas eu não podia, ela havia me dado uma ordem e eu não gosto de desobedecer às ordens dos mais velhos. Não queria apanhar de meu pai, não queria dar um motivo para ele ficar bravo comigo, não queria que ele me odiasse mais.

Mamãe nunca me bateu, mas papai sempre me batia ou me xingava de nomes feios quando eu desobedecia uma ordem dele ou da mamãe. Me batia com qualquer coisa que estivesse ao seu alcance, cinto, vassoura, fio de telefone ou pegava uma vara fina verde da árvore do fundo de casa. Minha mãe sempre tentava me salvar quando isso acontecia, no entanto, ele voltava-se para ela e a batia também.

Por várias vezes, eu pedi desculpas para minha mãe que por minha causa apanhava do meu pai também, e por diversas vezes, eu implorei para ela não interferir na briga de novo, não gostava de vê-la chorando, não gostava quando ela apanhava dele por minha culpa, não gostava de vê-la machucada.

Obsession -  Livro 1 [REVISANDO]Where stories live. Discover now