4. SENTIMENTOS

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NICOLETTI

Depois de dar sinal pela terceira vez para um táxi parar, desisti

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Depois de dar sinal pela terceira vez para um táxi parar, desisti.

Eu poderia andar até a pensão da dona Aloise, não seria a primeira vez que faria isso.

O vento frio que batia no meu rosto, amenizava a dor e a queimação dos tapas que recebi. Meu corpo ainda estava todo dolorido e doía ainda mais a cada passo que eu dava. As lágrimas continuavam rolar sem meu consentimento, dificultando minha caminhada.

Já é tarde, talvez umas onze horas ou meia noite. A rua só não está toda deserta por causa dos sem tetos. Nenhum deles parecem querer me fazer mal, pelo contrário, me olham com pena e outros simplesmente vira a cara.

Ando por meia hora ou mais até achar uma farmácia 24h, sem pensar muito adentro no ambiente e vou logo no caixa. As poucas pessoas que tem na farmácia me olhou assustadas, mas eu não ligo.

— Boa noite. Quero três caixas de analgésicos de 30 comprimidos, pomada para machucado, antisséptico e dois pacotes de gazes. Vou pagar em euros — falo para a mulher no caixa.

Sem me questionar, a mulher que atende pelo nome de Tatth, pega tudo o que eu pedi e coloca em um saco marrão com o nome da farmácia em destaque, pago por meus itens e guardo tudo dentro da minha bolsa.

— Olá, você está com dodói? —, escuto uma vozinha meiga me perguntar, enquanto puxa a barra do meu sobretudo.

Olho para baixo e vejo uma linda garotinha de quatro ou cinco anos, ela tem os cabelos castanhos médios amarrados em dois, seus olhos verdes esmeraldas me olham com curiosidade.

Abaixo para poder ficar na sua altura e sorrio para ela.

— Não chola não, já já vai salá o seu dodói. Sabe, quando eu estou com dodói, minha mãe passa uma pomadinha, coloca um band aid e dá um beijinho — ela diz sorrindo, passando o dedinho nas minhas lágrimas.

— Nicolle! Nicolle, você quase me mata do coração. Não some mais desse jeito. Pensei que eu tinha te perdido, já até estava encomendando meu caixão, porque com certeza sua mãe iria me matar — adverte uma moça dos cabelos negros, pegando na mão na menina. — Desculpa moça, Nicolle às vezes adora encher o saco de outras pessoas.

— Está tudo bem, só estávamos conversando.

Me despeço da mulher e da Nicolle e saio da farmácia, logo em frente vejo um táxi parado, vazio. Caminho até o mesmo e pergunto se ele está disponível, o motorista me pede desculpas e diz estar esperando sua cliente voltar da farmácia.

Respiro fundo e volto fazer minha caminhada para a pensão, ainda faltava muito para chegar. Talvez uma hora e meia de caminhada até lá.

As bolsas que estão penduradas no meu ombro me machucam um pouco e, por causa disso, decidi fazer uma parada para arrumar as bolsas mais confortáveis.

Obsession -  Livro 1 [REVISANDO]Where stories live. Discover now