Doze

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André

Fiquei com ela, não ia deixa-la sozinha. Eu vi nos olhos dela o pânico que a invadia, ela estava apavorada, eu tinha de a proteger e de fazê-la sentir-se em segurança comigo. Ela acabou por adormecer no sofá ao meu lado, no meu ombro, agarrada ao meu braço. Peguei nela carinhosamente e cuidadosamente para não a acordar e fui deita-la na cama. Tapei-a e fiquei uns minutos a apreciar a sua beleza enquanto dormia. Ela é tão linda.

Fui para a sala liguei a TV, não tinha sono nem era capaz de ir dormir. Eu devia ter partido a tromba àquele gajo ali mesmo mas preferi tirar a Alice dali o mais depressa possível e coloca-la em segurança. Como é que um homem consegue fazer estas coisas a uma mulher, como é possível haverem pessoas assim. Ela não tinha como se proteger, estava sozinha e não esperava que isto acontecesse. 

Os gritos vindos do quarto da Alice acordaram-me dos meus pensamentos, corri até lá e quando cheguei já ela chorava sentada no canto da cama. 

-Pesadelo? - Perguntei indo abraça-la. Ela assentiu. - Deita-te aqui. Eu estou contigo, não deixo que nada te aconteça.

Ela deitou-se no meu colo, eu mexia-lhe no cabelo devagarinho para ela adormecer. Ela confia em mim, depois de tudo ela quer que fique com ela aqui em casa e isso só quer dizer que ela confia em mim e se sente segura comigo. Eu não a vou deixar ficar mal, não vou deixar que a magoem. 

Ela acordou diversas vezes durante a noite, gritou o nome Duarte algumas vezes e por vezes acordava sobressaltada agarrando-se a mim até voltar a adormecer. Não dormi nada, primeiro porque ela estava sempre a acordar e depois porque não conseguia. E amanhã vou ter treino logo as 9 horas da manhã, não sei como me vou aguentar. 

Devo ter dormido umas 2 horas no máximo, a Alice acordou e veio ver comigo à cozinha onde eu estava a fazer umas torradas para ela, era bem visível as marcas da mão, do anormal que lhe fez mal, no seu braço. Estavam nódoas negras nos seus braços, e tinha o lábio rebentado. Fui abraça-la e esperar que ela dissesse algo. Sentou-se e comer duas trincas da torrada e um golo do café. Não entrou mais nada, e eu sinceramente também não tinha fome nenhuma. Queria que fosse ela a falar mas eu tinha que ir ao treino e tive que falar com ela.

-Eu vou ter treino as 9 horas, vens comigo para não ficares sozinha? - Perguntei.

-Eu fico em casa, não quero sair à rua. - Respondeu ela indo para a cama.

Custa-me tanto vê-la assim, tão em baixo. Arrumei a cozinha e fui ter com ela ao quarto onde ela estava sentada na cama agarrada a uma almofada. O seu olhar estava fixo no chão, e brilhava como quem vai chorar. E ia, pois vi as lágrimas escorrerem a sua cara e caírem nos seus braços.

-Alice, posso? - Perguntei antes de entrar. Ela assentiu com a cabeça, sem tirar o olhar do chão. - Eu vou ao treino e depois venho aqui ter contigo pode ser?

Novamente apenas assentiu com a cabeça, ela estava imóvel.

-Mantém o telemóvel ai contigo e se precisares de algo liga-me que venho a correr. Liga mesmo. - Ela olhou para mim e abraçou-me.

-Obrigada André. - Forçou um pequeno sorriso. - Bom treino. 

Dei-lhe um beijo na testa e sai, segundos depois ainda ia a meio do corredor quando ouço ela a trancar a porta à chave, rodou o máximo de vezes e garantiu que estava bem fechada. Durante o treino fui diversas vezes ao telemóvel ver se tinha alguma chamada ou mensagem dela, mas não. Mesmo assim, não consegui deixar de ficar preocupado. Mais uma vez não me concentrei nada no treino. E o jogo é já amanhã. 

-André, chega aqui! - Chamou o Nuno, nosso treinador.

-Sim.

-Não te vou por a jogar no onze inicial André, não andas concentrado nos treinos e não estás preparado para o jogo, ficas nos suplentes por enquanto. E logo vejo se te meto a meio do jogo. - Disse ele. - Agora volta ao treino.

10 | André Silva ✔Where stories live. Discover now