Treze

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Fiquei na cama, no mesmo lugar onde o André me tinha deixado. Não me consigo mexer, não consigo falar, tenho medo. Tive imensos pesadelos com o Duarte, e isso já não acontecia à mais de um ano. Quando tudo estava a ficar no seu devido lugar ele aparece e destrói tudo. Eu só queria que ele desaparecesse outra vez, não entendo como me encontrou e como sabia que estava no parque. Deve andar a seguir-me, só pode. Um medo ainda maior apoderou-se de mim, e se ele aparece aqui em casa? Senti um arrepio a percorrer o meu corpo. Tapei-me com os lençóis e ali fiquei. 

Já são 11 horas da manhã e aqui estou eu, na cama. Alguém está a bater à porta, mas ainda é muito cedo para ser o André. Fiquei na cama e marquei o número do André, a pessoa insistia na porta e eu levantei-me. Devagar e sem fazer barulho espreitei, era o Duarte. 

-Abre a porta Alice, eu sei que estás ai! - Gritou ele. 

Não acredito que ele está aqui, eu temia isto. Mantive-me calada, toda eu tremia, o meu coração batia tão depressa que conseguia ouvi-lo. Ele gritava para eu abrir a porta e batia nela com toda a força. Por alguns minutos ele parou. Pensei que tivesse desistido quando ouço um grande estrondo a bater na porta e esta tremeu toda. 

-André! - Disse quando ele atendeu. - André! Ele está aqui! Na minha porta a tentar manda-la a baixo! 

-Calma, eu vou já para ai, não desligues! - Pediu. - Fica a falar comigo.

-André, estou com medo.

-Ouve bem Alice. - Disse ele, e ao mesmo tempo ouve o motor do carro a ligar-se. - Vais à cozinha e pegas uma faca.

-Uma faca? - Perguntei em pânico.

-Sim, só por precaução. - Respondeu. 

-Já está. André rápido, por favor... 

-Estou quase a chegar calma! Agora vai para o quarto, tranca a porta e empurra a secretaria contra a porta! 

-Está bem... - Corri até ao quarto e fiz o que ele mandou. 

-Agora esconde-te baixo da cama e fica ai até eu chegar! - Pediu. - Eu estou mesmo a chegar, acabei de parar o carro.

-André... 

De repente ouço uns barulhos, como se estivessem a lutar. Ouvi o Duarte a gritar algo que não percebi o quê e depois não ouvi mais nada. O barulho parou, tudo ficou silencioso. Temi pelo André, até que ouvi a sua voz suar ao telemóvel.

-Anda abrir a porta. - Pediu ele.

Larguei a faca no chão, deixei o telemóvel na cama, tirei a secretária, sai do quarto e abri a porta para ele entrar. Assim que abri abracei-o com toda a minha força e ele levantou-me do chão, fechou a porta sem nunca me largar. 

-Eu estou aqui, tem calma. - Sussurrou ele ao meu ouvido. - Estou aqui, está tudo bem.

Senti-me tão segura naquele momento e só queria que durasse para sempre. Pousou-me no chão. E fomos para a sala.

-Agora já me queres falar deste Duarte? - Pediu ele.

-Eu namorei com ele à dois anos a trás, eu tinha 16 e ele 18. - Suspirei, limpei as lágrimas e continuei.

10 | André Silva ✔Where stories live. Discover now