Cinquenta e um

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-Nem acredito que já estamos a vir embora. - Disse a Joana ao entrarmos no táxi.

Chegamos ao aeroporto e pude notar que o Afonso estava nervosa e por isso fiquei um pouco para trás para falar com ele.

-Estás bem? - Perguntei. - Pareces nervosa.

-Eu vou pedir a Joana em namoro. - Confessou e eu dei um enorme sorriso. - Posso pedir-te uma coisa? - Assenti. - Podes distrai-la para eu me poder por de joelhos atrás dela?

Disse que sim e fui até há Joana, meti-me à sua frente e fingi querer mostrar-lhe uma coisa no telemóvel e quando o Afonso estava de joelhos, fiz com que ele se vira-se para trás.

-Afonso? - Perguntou ela confusa.

-Joana, tu sabes que eu não tenho muito jeito para estas coisas. - Ela riu. - Queres namorar comigo? - Ela ficou calada com o choque. - Responde Joana, já me dói o joelho. - Disse o Silva mais novo e não pude deixar de rir.

-Sim! - Sorriu. - Claro que sim!

Ele levantou-se e beijou-a e de repente começa a ouvir-se aplausos e pessoas a assobiar. Eles ficaram envergonhados, acho que nunca vi a minha melhor amiga tão envergonhada. Subimos para o avião pouco depois e ficamos eu e o André nos lugares 12a e 12b e eles ficaram no 11a e 11b, ficámos atrás deles e escusado é dizer que o André passou o tempo todo a meter-te com o Afonso. Pareciam duas crianças, toda a gente olhava para nós.

-André Caralho! - Gritou o Afonso quando o André lhe mandou um pouco de água para cima no cabelo.

-Olha a linguagem Afonso Miguel! - Chamei a atenção. 

- Crianças pá! - Disse a Joana.

-Em minha defesa eu, foi um acidente! - Disse o André pondo as mãos no ar. 

Acabei por adormecer no ombro do André e ai ele acalmou e não se meteu mais com o Afonso nem o Afonso com ele. Iam ambos entretidos lá na frente a jogar não sei o que no telemóvel. Acordei com o André a dar um beijo na minha testa dizendo que tínhamos aterrado, estavam tão ferrada que nem dei conta. Apanhamos o táxi e fomos para casa. O Afonso foi com a Joana para casa dela e eu fui para casa do André com ele.

*

-Não te esqueces de nada André? - Perguntei procurando por todo lado preocupada se ele se esquecia de algo importante.

-Não amor, está tudo! - Respondeu ele. -Vem cá! - Pediu vendo o estado de ansiedade em que eu estava. 

Assim que o moreno me rodeou com os meus braços quentes não aguentei as lágrimas. Ele vai hoje para Milão e não sabemos quando nos iremos ver novamente, tenho a universidade e por isso vai ser complicado. Deixei-me chorar nos braços dele e ele deixou-me ficar assim fazendo pequenas festas nas minhas costas.

-Tem calma, princesa... - Sussurrou. - Vai correr tudo bem!

Limpou-me as lágrimas e beijei-o. Somos interrompidos quando a porta de baixo toca, era o Afonso que ia connosco até ao aeroporto. Colocou as duas malas do André dentro do carro e lá fomos nós.

-Passa rápido anjo! - Disse ele no nosso abraço de despedida, beijando a minha testa.

-Não passa nada... - Eu chorava e o André  não conseguiu evitar chorar também. - Amo-te tanto...

-Amo-te muito, isso nunca vai mudar! - Disse-me. -  Afonso, cuida bem dela! - Pediu e abraçou o irmãos que prometeu tomar conta de mim.

Beijou-me uma última vez e seguiu até à porta de embarque. Sentei-me no bando e coloquei as mãos na cabeça com os cotovelos nos joelhos, chorei enquanto o Afonso me abraçava, chorando um pouco também. Esta dor que sinto é insuportável, sei que pode parecer exagerado mas sinto um vazio enorme perante esta situação. Não sei quando o voltarei a ver, e falar por skype não é a mesma coisa. Não posso tocá-lo, beija-lo ou abraça-lo. 

10 | André Silva ✔Where stories live. Discover now