Capítulo 6

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"Dá para ficar quieta, garota? Estou ficando tonto." Kai revirou os olhos. Desde que havia chegado ao hospital, quinze minutos após lhe avisar do acontecido, Stefan havia começado a implicar com a vizinha estressada de Bonnie.

"Meu nome é Elena e não garota. Se está incomodado, então feche os olhos ou vá embora, Senhor Topete." Ela respondeu sarcástica. "Os incomodados que se retirem."

Há mais de uma hora estavam naquele hospital e até aquele momento não haviam sido informados de nada. A cada minuto que passava a agonia de Kai se tornava ainda maior.

Não suportaria perder Bonnie e nem o filho. Um inocente não deveria pagar pelos erros dele.

"Vou buscar café. Vocês querem?" Stefan se pôs de pé, as mãos dentro do casaco de couro. Kai e Elena negaram.

Quando Stefan já estava longe o bastante, Elena parou na frente de Kai, fazendo-o levantar o rosto. A morena tinha um olhar sério e os braços cruzados. Parecia até uma louca de olhos esbugalhados e cabelos bagunçados que tinha fugido de algum hospício.

"A minha vontade era de quebrar seu nariz quando o encontrasse, fazê-lo sentir uma amostra de toda a dor e humilhação que minha amiga sofreu." A garota lhe apontou um dedo na cara. "Mas acho que o desespero e a culpa já são castigos suficientes. Você é um cretino desgraçado e insensível! Como todos os homens é um jumento ao quadrado de burrice." Ela falava baixo. "Espero que dessa vez não faça minha amiga sofrer, agora ela tem uma irmã que é capaz de esquartejar dolorosamente, igual o cara da moto-serra, qualquer um que ouse insultá-la." Continuou as ameaças. "Bonnie necessita muito de você. Seja homem o bastante e cuide muito bem dela e de seu filho."

"O que mais desejo é cuidar deles." Kai disse com firmeza sem jamais desviar os olhos dos de Elena. "Eu amo Bonnie mais que minha própria vida e farei o impossível para conseguir o perdão dela."

"É bom saber disso." Foi o que ela disse antes de serem interrompidos por uma médica.

"Kai, o que faz aqui?" Lilian Salvatore questionou surpresa em ver o melhor amigo de seu filho caçula.

"Minha namorada está aqui." Ele informou, pondo-se de pé.

"Doutora, se lembra de mim? Sou a amiga de Bonnie Bennett. Vim com ela na consulta do mês passado." Elena se colocou na frente de Kai, que apenas se afastou para o lado. "Como minha amiga está?"

"A senhorita Bennett e o bebê estão bem agora." A doutora falou com calma. "Conseguimos parar a hemorragia e controlamos a pressão arterial. Ela teve um deslocamento de placenta."

"Deslocamento de placenta?" Kai perguntou angustiado, lembrando-se do aborto que Meredith teve há dois anos, provocado pela mesma coisa.

"O descolamento da placenta, que também pode ser conhecido como placenta abrupta, consiste na separação da placenta do tecido interior do útero e, por isso, é uma situação grave que pode causar complicações tanto na mãe como no bebê, como hemorragia ou parto prematuro, por exemplo." Lilian colocou as mãos dentro do jaleco, os olhos azuis fitavam Kai com curiosidade, com certeza ela já tinha juntado as peças, mas era discreta demais para fazer qualquer tipo de pergunta. Muito diferente do filho Damon, que na opinião de Kai era mais fofoqueiro e intrometido que os empregados da casa de sua mãe. "Ela ficará em observação e caso apresente melhoras consideráveis nas próximas 24 hora, receberá alta, porém, Bonnie necessitará ficar no mais absoluto repouso e em um ambiente livre de qualquer tipo de estresse."

"Eu cuidarei disso, Lilian." Kai garantiu. "A partir de agora garantirei que Bonnie e meu filho recebam o melhor tratamento possível."

"Antes tarde que nunca." Apesar da suavidade, a reprimenda estava lá. Lilian franziu o cenho. "Suponho que esteja dando apoio à seu amigo."

"Claro, mãe." Stefan que havia acabado de chegar, deu um beijo na testa de Lilian. "Pela cara de alívio dos dois, suponho que o pior já passou."

"Graças a Deus." Elena possuía um sorriso enorme, os olhos brilhando genuinamente. "Quando poderemos vê-la doutora?"

"Apenas um poderá entrar e ficar de acompanhante está noite."

"Eu fico." Kai e Elena falaram ao mesmo tempo, travando uma guerra com os olhos.

"Kai é o pai do bebê, ele tem mais direitos que você." Stefan alfinetou e Elena teve vontade de enfiar a mão na cara dele. Quem aquele cara pensava que era para dar alguma opinião? Não era porque parecia um astro do cinema com os cabelos entupidos de gel, que poderia falar o que quisesse. "Além do mais, será bom para os dois. Bonnie se sentirá mais protegida se ao acordar, perceber que o pai do filho que ela espera está ao seu lado, preocupado com o bem-estar dos dois."

Até que o Senhor Topete tinha razão. Bonnie ainda amava o pai do filho e estava mais que na hora de Kai Parker agir como homem e cuidar de Bonnie e o Grãozinho. Ele era a melhor e a única opção naquela situação. Bonnie precisava se acostumar com a ideia de tê-lo por perto lhe ajudando financeiramente.

"Você pode ficar, mas cuidado." Encarou Kai. "Juro que se fizer minha amiga sofrer de novo, eu te castro e ainda jogo molho de pimenta no ferimento."

"Ótimo. Se já decidiram, acompanhe-me, Kai. E você Stefan..." Virou-se para o filho. "Está muito tarde, então faça o favor e leve Elena para casa."

"Não precisa, doutora Salvatore." Elena balançou a cabeça constrangida. Não queria ficar perto do cara de astro de cinema. "Vou de metrô."

"Stefan a levará. Não será nenhum incômodo para ele." Lilian deu as costas aos dois, sendo acompanhada por Kai.

"Vamos logo, garota." Stefan falou com um bocejo.

"É sério, pego o metrô ou um ônibus." Aquela cara fazia de propósito chamando-a de garota, só para irritá-la.

"Já é quase meia-noite, não acho que seria bom uma garota andar sozinha por aí." Ele seguro-a pelo cotovelo, guiando-a pelos corredores do hospital. "Os números de caso de estupro estão bem altos. Tenho certeza que não gostaria de fazer parte das estatísticas."

"Você pode muito bem ser um maníaco disfarçado." Elena soltou-se de Stefan e passou a andar uns bons passos na frente dele.

"Não preciso forçar uma mulher para tê-la." Elena tinha certeza que não. As mulheres certamente se jogavam em cima dele e não deveria ser difícil ter uma a cada parte do dia. "Além do mais, há mulheres taradas por aí também, sabia?"

Stefan parou ao lado de um carro vermelho muito bonito, que Elena não fazia ideia da marca e modelo, mas sabia custar seus rins, fígado, córnea e coração no mercado negro mais caro.

Stefan abriu a porta do carro e esperou que ela entrasse. Elena até achou bonitinho o cavalheirismo do Senhor Topete, mas ele ainda continuava sendo um chato.

"Coloque o cinto!" Ele ordenou assim que se acomodou no banco de motorista e colocou uma música clássica para tocar.

Que cara mais chato! Parecia até um velho mal amado. Ainda bem que a casa dela não ficava muito longe.






Continua...

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