Capítulo 10

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Desde que tinha recebido a ligação de Beau, dizendo ter encontrado uma pista do paradeiro de seu filho, Silas se encontrava muito mais que ansioso.

Estacionou o carro e saiu apressadamente do veículo, indo em direção da casa, onde Beau já o esperava na porta.

"Onde está aquela maldita mulher?" Perguntou e tentou passar pelo grande homem parado à sua frente.

"Ela está morta." O detetive respondeu com sua típica calma. Silas fechou os olhos com força ao imaginar que as chances de encontrar seu filho, agora, seriam praticamente nulas. "Mas antes de morrer, ela deixou uma carta com a filha para que fosse entregue somente para o senhor." Silas voltou a abrir os olhos e passou por Beau, sem se importar em ser convidado.

Foda-se! Ele tinha um filho para encontrar e levar para os braços de Abby.

Olhou ao redor sem reparar na decoração da modesta e ampla sala, que possuía brinquedos espalhados por todos os lados. Sua atenção estava voltada para a moça sentada no sofá, segurando um envelope branco.

"Silas Petrova." Ela falou cautelosa. "Sente-se por favor." Ela apontou para o sofá maior, no qual ele e Beau se acomodaram silenciosos. "Estive o esperando por bastante tempo, há seis anos para ser mais exata. Meu nome é Kate Stewart, sou filha única de Alice Lee." A moça suspirou. "Há seis anos, no dia de sua morte, minha mãe me confessou uma história bastante sórdida, algo que jamais imaginei que ela fosse capaz de fazer."

"Ela confessou que roubou meu filho?" Silas falou com sarcasmo.

"Ela confessou que foi paga para sumir com o neto de um homem muito rico e poderoso. Ainda me lembro como se fosse hoje, o que ela me disse." Kate tinha a voz calma e o olhar distante quando começou a narrar o dia em que sua mãe faleceu.

A medicina não poderia fazer mais nada para curar Alice. O câncer no ovário, espalhou-se rapidamente e tomara conta de praticamente 90% de seus órgãos. Nem mesmo as altas doses morfina serviam para controlar as insuportáveis dores dela.

Kate se fazia de forte na frente da mãe, mas somente Deus e seu marido eram as testemunhas das lágrimas derramadas. Ainda bem que podia contar com o apoio de Ben e de sua sogra Magali, que revezavam as horas naquele hospital.

"Kate..."

"Sim, mamãe?" Kate segurou a mão fina e gelada da mãe. "Quer que eu chame a enfermeira para lhe aplicar mais remédio?"

"Não, filha." A mulher deitada naquela maca, em nada parecia com sua mãe, outrora tão cheia de energia. "Preciso te contar algo que me envergonho muito de ter feito. Quando eu era apenas uma jovem, que não tinha mais que 22 anos de idade... cometi um crime hediondo." Kate franziu o cenho, mas não interrompeu a mãe. "Recebi uma boa quantia para sumir com a neta recém-nascida de uma pobre adolescente, cujo único crime foi se apaixonar pelo herdeiro de um homem poderoso." Alice puxou o ar com força. "Eu abandonei a criança na casa de uma família de classe média alta. Sabia que o casal não tinha filhos e poderiam cuidar bem daquela bebê. Com o dinheiro que ganhei pelo serviço consegui comprar uma casa e pude finalmente trazer você para morar comigo." Kate sentia os olhos marejados, pois, apesar de ter apenas cinco anos na época, lembrava-se muito bem da alegria que sentiu ao ir morar com a mãe em uma casa só delas.

"A senhora sabe o que houve com a menina?" Kate manteve a voz serena apesar do grande desconforto.

"Quando descobri essa doença horrível, o peso de minhas ações passadas se tornou ainda mais insuportável de carregar." Alice tentava manter os olhos abertos. "Há uma carta dentro da última gaveta do meu guarda-roupa. Entregue-a somente para Silas Petrova." Kate aproximou-se mais da mãe para poder ouvi-la melhor. "Prometa-me que fará isso."

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