Capítulo 38

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A espera por notícias é a mais angustiante possível. Não saber se alguém que você ama sairá vivo ou não de uma sala de cirurgia é como pegar seu coração e apertá-lo devagarzinho, roubando o ar e causando uma dor impossível de se descrever.

Eu já tinha feito alguns exames e tomado remédio para as dores, assim como um banho e trocado de roupa. Apesar dos socos, nenhum osso havia se quebrado e eu também não me importava em nada com o estrago que a louca da Nora tinha feito com os meus cabelos. Eles crescerão de novo.

"Quando fiquei sabendo do que estava acontecendo, tive tanto medo." Mamãe falou pela décima vez enquanto acariciava meu rosto. "Dói tanto te ver assim... tão machucada. Saber que esteve nas mãos de uma psicopata e que poderia..."

"Já está tudo bem, mamãe." Tento acalmá-la, preocupada com sua palidez. "Parece cansada."

"Ainda não me recuperei totalmente daquela bendita virose. Meu estômago não aceita quase nada."

Eu acho que já sei a causa do mal-estar de minha mãe e não tem nada a ver com virose ou qualquer outra doença.

"Por que a senhora não aproveita que estamos no hospital e faz alguns exames?" Ela me ajuda a ficar em pé e juntas saímos do quarto. O corredor do hospital está vazio, salvo pelos poucos enfermeiros que passam por ali. Minhas pernas estão pesadas, mas faço de tudo para continuar andando.

"Se eu não melhorar, prometo que procuro um médico." Mamãe diz e sei que se depender dela, não fará isso. É até capaz de meu pai descobrir sozinho ou arrastá-la para um hospital.

Chegamos na recepção e todos estão lá. Apreensivos e abatidos, principalmente Josette.

Elena foi a primeira a me notar e veio ao meu encontro. Seus braços acolhedores me envolveram e correspondi ao seu abraço cheio de carinho e amor fraterno de minha melhor amiga.

"Depois eu vou dar um jeito nesse seu cabelo." Foi a única coisa que Elena disse na tentativa de me fazer sentir melhor. Ela não pressiona e nem exige nada, só é do tipo de amiga que está ao seu lado quando você precisar.

Sento ao lado de meu pai, que me abraça pelos ombros. Foi ele a me resgatar daquele lugar, a me carregar nos braços até a ambulância e a não soltar minha mão enquanto dizia que tudo ficaria bem.

"Quer comer algo na lanchonete?" Ele pergunta.

"Está demorando tanto, papai."

Quatro horas de cirurgia e até agora nenhuma notícia. Engulo o choro preso em minha garganta e olho ao redor da sala de espera do hospital. Em um canto, Meredith e Josette estão de mãos dadas e rezando, Ric está em casa com o filho. Stefan e Elena sentados lado a lado e até Damon também está aqui.

"Ele está nas melhores mãos, querida." Silas beija meus cabelos e me abraça mais forte. "Tenha fé. Kai é um homem forte e se sairá bem dessa. Ele precisa cuidar da filha e espantar os pretendentes que surgirem. Não sou bom nessas coisas e acabaria acobertando as escapadas dela."

"Ah, papai!" Fecho os olhos com força e um soluço escapa de minha boca sem meu consentimento. "Eu preciso dele. Eu o amo tanto."

"Eu sei, meu amor. Kai também te ama. Se tem alguém que te ama mais que sua mãe e eu, acredito que seja, Kai Parker."

Ouvir aquilo da boca de meu pai só faz com que a dor seja maior ainda. Não estar junto de Kai, mas saber que ele está bem é uma coisa, agora não tê-lo nunca mais em minha vida, saber que jamais poderei vê-lo, ouvir sua voz ou tocá-lo novamente é impensável.

"São parentes de Malachai Parker?" Um senhor usando roupas azuis surge e rapidamente ficamos em pé.

"Sou a mãe dele. Como está o meu filho?" Josette para em frente ao médico.

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