Capítulo 30

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A raiva que sentia não era nada comparada ao temor de não saber com quem estava lidando. Era pior que a sensação de estar cara a cara com seu pior inimigo lhe apontando uma arma no meio da testa.

Olhou mais uma vez para as fotos espalhadas sobre a mesa e esfregou os olhos que já coçavam, por causa do cansaço. O único lugar que considerava um santuário seguro para elas, tinha sido violado.

Ódio. Ódio puro queimava suas veias e tinha certeza, que seria capaz de matar o responsável por aquilo se ele estivesse em sua frente naquele momento.

Pegou a carta digitada e leu mais uma vez as palavras, mesmo que já tivesse decorado cada uma delas.

"Olá, Parker.

Sua mulher e sua filha são tão bonitas e ao mesmo tempo tão frágeis.

Achou mesmo que colocando meia dúzia de seguranças ao redor delas me manteria longe? Logo eu que conheço cada passo que sua perfeita família dá.

Espero que goste das fotos que estou lhe enviando junto com esse bilhete. Tem uma casa muito bonita e a decoração do quarto da sua filhinha é formidável.

Ah, antes que esqueça... Corredores escuros são bons lugares para noites quentes de sexo, mas, acho que em frente ao quarto da filha recém-nascida não é muito recomendável.

Até a próxima.

De alguém que deseja machucá-lo da pior forma possível."

O celular tocou e o atendeu já sabendo quem seria.

"Fiz um limpa no apartamento e encontrei escutas telefônicas e doze mini-câmeras. Tinha uma em cada quarto, na biblioteca, na sala, no corredor dos quartos e na cozinha. Não tinha nenhuma nos banheiros." Malcolm continuou ao ver que Kai nada falaria. "Julian já invadiu o sistema de segurança do prédio e neste exato momento está passando um pente fino em tudo em busca de alguma pista."

"Elas ainda não voltaram para casa não é?" Perguntou, mesmo sabendo que Marie, a seu pedido, tinha arrastado Bonnie para a casa de Meredith, com a desculpa de passar a tarde com a irmã dele.

"Não, senhor." Malcolm falou em seu tom profissional. "Já descobri o que me pedi. Enviei o relatório para o seu e-mail com tudo necessário para encontrá-la sem problemas."

"Ótimo." Kai mordeu o lábio inferior com força e sentiu o gosto de sangue. "Conto com sua ajuda para que cuide ainda mais da segurança de Bonnie e de minha filha, enquanto eu estiver fora, assim como da minha mãe." Com a irmã não precisava se preocupar, porque sabia que Ric já estava cuidando muito bem daquele assunto. "Provavelmente, amanhã mesmo já estarei de volta."

Conversaram mais um pouco antes de encerrar a ligação. Colocou as fotos e a carta dentro do mesmo envelope em que foram enviadas e ligou para Magali, que lhe informou que o jatinho e o piloto já estavam prontos, só esperando-o.

"Tem certeza que é uma boa ideia? Não acha melhor levar Stefan com você?" Magali falou preocupada.

"Stefan está cheio de problemas. Não pode se ausentar neste momento, por isso, conto com sua ajuda e discrição." Olhou para o porta-retrato ao lado do computador e suspirou cansado. "Não precisa se preocupar, Magali. Não farei nenhuma loucura."

"Assim espero, Malachai. Assim, espero."

(...)

Já estava sentado no avião, acompanhado de três seguranças. Não tinha passado nem mesmo em casa para pegar uma muda de roupa, se precisasse, compraria algo por lá mesmo.

Pegou o celular e rapidamente digitou uma mensagem, enviou logo em seguida para Bonnie. Não queria falar com ela naquele momento, pois não queria deixá-la preocupada. Quando retornasse, eles sentariam e teriam uma conversa séria e talvez definitiva.

Desligou o aparelho e colocou o cinto de segurança quando a voz do piloto, informou que já iriam decolar.

Pegou a foto que sempre carregava consigo e passou a mão nos rostos delas. Das duas mulheres de sua vida. Por aquelas por quem seria capaz de enfrentar tudo e todos.

(...)

Subir sem ser anunciado foi a coisa mais fácil do mundo. Bastou jogar um pouco de charme para cima da recepcionista para conseguir o número exato do quarto, assim como permissão para subir até a suíte sem ser incomodado por ninguém.

Bateu na porta do quarto três vezes e esperou até a mesma ser aberta. Foi com prazer que viu o rosto dela se tornar pálido e os olhos arregalados.

"O que está fazendo aqui?" Ela perguntou após engolir em seco.

Kai a empurrou para dentro do quarto e fechou a porta com força. Encostou-se na parede, cruzou os braços e ficou a olhar fixamente para a prima.

"Não vai falar nada, Malachai? Não acho que veio até aqui para ficar me admirando." Nora assumiu o ar cínico e desinteressado de sempre. "Como a tia Josette está?"

"Pare de falsidade, Nora!" Kai falou com a voz baixa e arrastada, porém, nem por isso, menos furiosa. "Sabe muito bem porque estou aqui."

"Na verdade. Estou surpresa que tenha vindo me procurar depois de meses." Nora sorriu com um ar doce, que não o enganava mais. "Foi atrás de Bonnie e ela o desprezou?" Ela bateu palmas e gargalhou cruelmente. "Oh, priminho bobo! O que foi? A pobre negra órfã não quis ouvi-lo? E como anda o pirralho que ela esperava? Deve ter nascido um mulatinho morto de fome, já que a mamãe não tinha condições nem ao menos de se alimentar direito."

"Cala a sua maldita boca, Nora!" Kai se aproximou e a segurou pelos ombros. Sua feição não deveria ser a melhor, pois, Nora o olhou com evidente temor. "Não ouse abrir sua boca para falar de Bonnie. Ela não é osso para ficar em boca de cadelas."

Afastou-se antes que suas mãos escorregassem para o pescoço dela e acabasse fazendo algo que não poderia.

"Responda-me uma coisa, Nora." Fixou os olhos nos da prima. "Há algumas semanas sofri uma tentativa de assassinato..." Ela parecia realmente surpresa ao arregalar os olhos verdes. "E hoje mesmo recebi mais uma ameaça contra a minha família." Abaixou o tom de voz. "Eu juro, Nora, se você tiver alguma coisa a ver com isso... nunca matei ninguém, mas se você estiver por trás dessa cachorrada, juro que te procuro até no inferno e acabo lenta e dolorosamente com você." Sorriu da forma que sempre fazia quando criança e queria assustar Nora e tirá-la de seu pé. "Mas antes... eu dou um fim na sua esposa. Aliás, que coisa feia se casar escondida da família."

"Não ouse tocar em Mary Louise!" Ela pegou um jarro com flores que estava sobre uma mesinha e jogou na direção de Kai, que desviou do objeto, fazendo-o se espatifar contra a parede ao lado dele. "Eu não tenho nada a ver com isso. Aliás nem sei do que está falando." Nora gritou histérica. O rosto estava vermelho quando ela fechou os olhos e respirou fundo algumas vezes antes de voltar a falar. "Se já deu o seu recado, peço que se retire e vá procurar longe o verdadeiro culpado, porque dessa vez sou inocente do que me acusa. Eu já superei o passado, Malachai. Comecei uma nova vida e apaguei todo o meu passado. Incluindo a família Parker."

"Acho bom mesmo, Nora." Kai abriu a porta e parou. "Você não me quer como inimigo."











Continua...

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