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MAYA

Me levanto com dificuldade. Sinto a  cabeça girar quando fico de pé e vou imediatamente em direção a estante à procura de um remédio para cessar a dor. Olho meu reflexo e, ao notar o cabelo bagunçado combinando com as olheiras que tenho, me lembro da noite anterior.

Meus sonhos com o garoto alto de olhos escuros e cabelos no mesmo tom, estão ficando mais repetitivos e um tanto que reais, já que eu posso jurar que havia visto ele em meu quarto. Devo estar ficando louca.

Dizem que nunca sonhamos com pessoas que não tenhamos visto antes, mas tenho certeza de que, se tivesse colocado meus olhos nele alguma vez, iria me lembrar. Ele não possui uma aparência comum, muito menos se parece com algo fácil de se esquecer. É simplesmente diferente de tudo que já vi. Extraordinário.

Me perco em pensamentos, mas acordo e me vejo pela última vez através do espelho pequeno. Caminho em direção à cozinha, segurando o remédio entre os dedos. Bebo o líquido transparente depois de engolir o comprimido vermelho que desce arranhando a garganta e causando uma careta.

Queria poder ficar em casa o dia todo, mas preciso ir para a exposição de mais um artista que está fazendo sucesso em Seul. É o meu trabalho. Quando acabei a universidade de artes plásticas, tinha certeza de que aquele seria o meu ano. Pois bem, não foi assim que aconteceu.

Entro no banheiro e abro o chuveiro. A água quente escorre pelo corpo, fazendo minhas pálpebras se fecharem. Tento relaxar e limpar minha mente também.

MINGYU

Sentado na cama ainda bagunçada, eu tento entender o que está acontecendo.

Como me viu? Consegui tocar sua pele? Sentiu meu toque? É possível não estar ouvindo seus pensamentos como se fossem falas?

Não tenho as respostas.

Ela está em silêncio no banho, outro acontecimento estranho. Observo gotas de água escorrendo pela sua pele quando deixa o banheiro. Enrolada em uma toalha felpuda que, em questão de 3 milésimos segundos, cai sobre o chão, me fazendo desviar. Suprimo com todas as forças a vontade de olhá-la, que incontrolavelmente toma conta de mim. Se senta ao meu lado, já vestindo uma camisa quadriculada, comprida e larga. Com alguns botões ainda desabotoados. Isso faz com que seu sutiã preto fique amostra. Vejo suas pernas, tento conter o impulso alucinante de tocar. Meu rosto arde e franzo o cenho sem entender.

Me aproximo mais, ignorando as reações estranhas. Fecho os olhos ao sentir a mistura de aromas que ela possui. Cada centímetro de seu corpo cheira à baunilha. Admiro os cabelos soltos sobre o ombro, eles contêm a fragrância mais pura de Jasmin. E a junção desses dois já seria incrível, mas torna-se perfeita e única quando borrifa o perfume de canela que tanto ama.

Se levanta e vai em direção à seu armário. Pega uma saia jeans e a veste com facilidade. Abandona o quarto enquanto abotoa a camisa. Sigo seus passos.

Nunca foi de comer pelas manhãs. Tem essa mania ruim desde pequena. Então, sei que já estamos quase de saída. Se curva um pouco, meio desajeitada, e coloca suas meias. Uma preta e outra branca. Solto uma risada a fitando do corredor. Põe o tênis branco e tenta, sem sucesso, esconder a cor diferente do par. Passa correndo pela minha frente. Não preciso nem olhar o relógio de parede para saber que está atrasada. Volta com os cabelos mais ondulados, lábios vermelhos e o olhar profundo.

Sky. {Mingyu} EM MUDANÇADonde viven las historias. Descúbrelo ahora