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Os dias estão corridos e mesmo assim cismam de passar em câmera lenta bem na frente de meus olhos. Demorei um pouco para me dar conta do quão cansada fisicamente e mentalmente estou. E nas noites que deveriam ser de paz e descanso, a insônia decide me fazer uma visita e a prolonga enquanto me convence que o céu é mais interessante que 8 horas de sono.

O que escrevi nessa madrugada ainda está fresco em minha mente. Assim como os pensamentos que vieram acompanhados. Desabafei sobre algo da maneira mais covarde. Escrevendo para mim mesma. E ainda que minha amizade e da Shizuki esteja se fortalecendo até em situações de tempestades com chuvas desastrosas, eu ainda me sinto melhor lidando com as coisas sozinha.

   Decidi depois de muitas horas pensando... Eu não tenho espaço para nada disso em minha vida. Um sentimento que tento evitar, mas que em certas horas acabo alimentando. Quando ele nem mesmo existe. E já passou da hora de encarar isso. Mesmo que doa.

Você é amarelo. Brilhante. Vibrante. Mas também pode ser dourado, assim como as manhãs mais lindas. Ou o laranja de um entardecer hipnotizador. Seu sorriso é capaz de refletir toda a felicidade desse mundo. Ela é tão intensa que até me contagia para te acompanhar. E esses momentos foram da felicidade mais pura e verdadeira. A sensação que tive quando suas risadas soaram. Parecia que girassóis cresciam em meu estômago. A voz tão única que consegue ser mais imperdível que um crepúsculo. Que pode não durar muito, mas guardamos o momento em nossa mente para sempre. Seus olhos contém as estrelas mais radiantes de todas as galáxias descobertas e não descobertas. Eles falam. E nunca mentem. São emotivos e únicos. Corre-se o risco de ficar cega se olhar por muito tempo... Sem conseguir ver mais nada além dos castanhos reluzentes por todos os lados. E mesmo que eles me atraiam... Eu evito. Porque quero observá-lo por completo. Poder escrever poemas em cada centímetro da sua pele. A pele dourada que é quente e perigosa ao toque. Te deixa mais fissurada e viciada que piratas e suas procuras por tesouros. E ao te decifrar, pude me lembrar de cada mísera palavra de um texto que conta a história do sol e da lua. Automaticamente, não me lembrei só disso. E sim de como o sol surgiu e de como me fez cair... me apaixonar... de quando veio e esquentou minha alma. Chegou a queimar com tanta proximidade. Me vi masoquista querendo ser queimada por ele mais e mais vezes. Derreteu meu coração. Aumentou minha paixão. E quando me olhou daquela forma... me despedaçou. Segundos depois me reconstruiu ao tocar seus lábios nos meus. Quando pude me acostumar com a luz... quando passei a ver só seu rosto... o sol se pôs. E não voltou mais. A lua surgiu e em prantos, pedi ajuda para não me deixar levar pelo sentimento quando já era tarde. Mas ela também não podia fazer nada. A mesma já tinha se entregado para o sol. E dava a própria vida todos os dias, só para assim verem o quão lindo e majestoso ele é. Foi aí que me dei conta. Do motivo de sempre que a vejo, lembro dele. Porque de alguma forma eu sou como ela. Frágil e solitária. E assim como na história, ele até pediu à Deus que me desse as estrelas, porque não poderia estar comigo. Mas mesmo que elas tentem me consolar, é em vão. Ele com todo o seu brilho, é forte ainda que solitário, e finge ser feliz. Enquanto eu tenho companhia, mas sou fraca e não sei esconder a tristeza. E em minhas diversas fases, sou minguante quando a dor é maior. Quase ninguém é capaz de enxergar meu brilho. E mesmo assim... Deus tomou a decisão de que nenhum amor é impossível, nem mesmo o deles. E então criou o eclipse. Só que na nossa curta história não houve um. Por isso, mesmo já sendo tarde demais... Me despeço de ti. Depois de tantas noites sem o nascer do sol. Sem a sua volta. Adeus, meu quase amor. Meu sonho sem esperanças. Meu anjo. Minha estrela maior. Te esquecerei com todas as lembranças. Ao menos tentarei.

Sky. {Mingyu} EM MUDANÇAWhere stories live. Discover now