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- Bom dia.- Abraço Shizuki no caminho da cafeteria.

- O que é isso?- A menina de tranças se assusta com o ato e não consigo segurar a risada.- Olha quem está de bom humor. Já pode começar a me contar o motivo. Isso tudo por causa do encontro??- Se empolga como sempre.

- Não. Porque não aconteceu encontro algum...

- Eu sabia que no final você iria arrumar alguma desculpa.- Dá um tapa na própria testa.- E então, qual é a razão desse sorriso?

- Ah, nada demais... É só que estou quase terminando o último quadro para a exposição...

   Antes de terminar a frase, sinto os braços finos da minha amiga quase me enforcando na tentativa de um abraço. Ela pula e me leva junto no ritmo, o que me faz rir de felicidade com a mesma. Não demora muito para dizer que deseja ver os quadros, mas nego porque quero que seja supresa. Sua cara de frustração não dura nem 2 segundos. Até porque chegamos no café e ela faz questão de correr na frente enquanto grita a novidade a Vernon e Yumi.

- Meu parabéns, Maya.- O garoto dono de cabelos ondulados se aproxima e eu prendo a respiração com a lembrança da ligação.- Espero que esteja se sentindo melhor... Não entendi muito bem o que aconteceu, mas fiquei preocupado.

- Obrigada.- Engulo em seco.- Eu estou melhor. Não queria te preocupar, me desculpe.- Meu olhar covarde é voltado para o chão.- Quero recompensar, mas não sei como...

- Na verdade...

(***)

- A Yumi não parou de falar de um dos amigos dele. Até eu fiquei curiosa pela maneira como ela elogiou o garoto. Como se fosse um Deus.

- Vai ver está querendo marcar território.- Rimos antes de nos despedirmos. Mas de longe consigo ouvir sua voz novamente.

- Você vai, certo?- Respondo um sim.

   Mesmo que minha vida esteja muito corrida, me sinto culpada em relação ao Vernon e não custa nada ir em um jantar com os amigos que ele quer tanto apresentar para mim e Shizuki.

(***)

   "Minha calça de moletom cinza, blusa preta e touca bege, não seriam muito simples para um jantar, certo?" Me pergunto já dentro do táxi. Me sinto ansiosa e nervosa por algum motivo indecifrável. Vejo Shizuki na entrada do local e já fico melhor em relação as paranóias sobre a roupa. Reparo que está inquieta, andando de um lado ao outro com o celular no ouvido.

- Por que não atende as minhas ligações??? Eu já liguei umas 300 vezes!!

- Meu Deus.- Me assusto com ela vindo encima de mim eufórica.- O que aconteceu? Se apaixonou pelo crush da Yumi?- Tento fazê-la rir, mas só fica com uma cara maior de preocupação.- Desculpa, deixei o celular em casa porque a bateria estava fraca.

- Maya... Um dos amigos do Vernon.- Ela segura meus braços como se eu fosse escapar a qualquer momento.- Esse que a Yumi tanto fala...

- Desembucha, Shizuki!

- É a cópia idêntica do seu anjo!- Tento franzir o cenho o mais forte possível.

- Que tipo de brincadeira é essa? Isso não tem a mínima graça. Você mais do que ninguém deveria saber disso!- Tiro as mãos dela de perto e não consigo não me alterar com a piada.

- O nome dele é Mingyu.- Não. Eu não posso estar ouvindo isso. Não é possível. Ela nota a minha feição assustada.- Maya, me responde... Qual é o nome do seu anjo?

- Mingyu.- As mãos pequeninas dela são levadas até a boca.- Isso é uma pegadinha muito maldosa ou eu estou sonhando... Você sabia o nome dele e está querendo me provocar, não é? Por favor... me diz a verdade.

- Eu nunca faria uma coisa dessas.- Ela me envolve em um abraço para tentar me acalmar.- Vamos entrar e você vai tirar suas conclusões por si só.

   Meus pés passam a andar por conta própria. E meu coração talvez desista de mim a qualquer momento. Passamos a ir na direção de um grupo de 5 pessoas. Consigo ver Vernon, Yumi, um moreno de óculos, um garoto de cabelo cinza e... mesmo de costas eu poderia reconhecê-lo em qualquer lugar. De longe pude ver toda tua luz. Não. Não. Isso não pode ser possível. Como?

   Fito a pele dourada e os cabelos escuros. Ouço os outros falando, mas não consigo escutar. Faz sentido? Não sei. Mas dele não pude desviar. Ninguém é capaz de ver meu peito latejar de amor. Só ele. Que quando põe os olhos em mim. Parece ser o reflexo da minha reação. Ele conhece o meu olhar e eu conheço o dele. Sabe me ler, assim como sei ler ele. Somos capazes de enxergar bem depois da íris.

Sky. {Mingyu} EM MUDANÇAWhere stories live. Discover now