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Eu, Colima e Antracia estávamos fazendo flexões lado a lado enquanto as outras se exercitavam juntas.

Éramos as três melhores e a futura rainha estava naquele grupo. Mesmo as outras garotas sabiam disso.

Embora todas fossem habilidosas e versadas em técnicas mortais, tínhamos de admitir que as outras tinha um coração mais mole que o de nós três.

As mais forte sempre ficaram juntas. Mesmo quando crianças, era como se soubéssemos de nosso destino.

Não tínhamos exatamente uma amizade ou um lanço profundo, mas era algo do tipo. Nossa própria versão de amizade.

Para nossa segurança e de nossas famílias, jamais dizíamos de onde éramos ou nada sobre nossa infância. Mas, embora fosse tecnicamente errado, nós nos ajudavamos nos treinos, sempre apontando as falhas umas das outras.

Colima era linda e teria sido uma princesa em qualquer um dos outros dois reinos se quisesse. Tinha a pele quase morena, longos cabelos pretos e olhos verde-jade. Era linda e tinha uma postura mais refinada que nós, o que nos dizia que talvez ela tenha vindo de uma casa da elite.

Antracia também era bonita. Tinha cabelos castanhos, a pele branca, olhos cinzentos e corpo esculpido por anos de treino pesado, assim como o meu. Ela não tinha sotaque e não tinha pose de nobre, o que tornava difícil saber de onde ela vinha.

Eu sabia que ela, assim como eu, podia sentir seus fortes músculos nos braços, pernas e barriga.

Já eu, vinha de uma família que não era pobre nem da elite; quando saí de casa, estávamos bem e só nos preocupavamos um pouco quando o inverno vinha. Sem uma boca para alimentar, eles provavelmente se estabilizaram financeiramente e poderiam viver uma vida confortável.

Eu acabei minhas flexões antes das duas e me levantei. Caminhei até a mesa, onde nossas próprias armas estavam enfileiradas.

Quando eu tinha quinze anos, cada uma de nós ganhou um conjunto de armas: uma espada, um machado de duas cabeças, um arco, uma lança, um chicote com ponta espinhenta, quatro facas de lançamento, duas facas de luta, três de caça e uma maça. E pudemos escolher nossos escudos.

A arma do dia era o machado de combate com duas cabeças e havia também meu escudo.

O machado era pesado e era como se o cabo tivesse se moldado à minha mão. A empunhadura de couro não permitia que o machado escorregasse e enquanto cortava a pele das pernas ou das ancas, o escudo protegia as partes vitais.

Meu escudo era de ouro rosé, esculpido com uma cabeça de lobo rosnando no centro. Era circular e o padrão da borda lembrava arranhões de unhas.

Algumas poderiam morrer na última luta mas as que perdessem e permanecessem vivas poderiam levar suas armas consigo.

Se eu perdesse, o que eu achava quase impossível, eu levaria com orgulho meu escudo e minhas armas.

Sabia que poderia arrumar um bom lugar no exército, liderando como coronel ou até general.

Em Vanalius as mulheres comandavam os exércitos e os reinos enquanto os homens faziam nosso trabalho sujo. Mulheres eram generais e homens eram soldados.

Isso era desde a Guerra de Bender, quando uma mulher salvou nosso reino da completa destruição. Então foi imposto que os homens já haviam feito mal demais no governo é que as mulheres, com sua prudência e sensatez, teriam um olhar claro para governar.

O peso do escudo em meu braço esquerdo era reconfortante enquanto eu girava perigosamente o machado ao redor do pulso.

"Se exiba na luta. " Antracia sussurrou para mim enquanto passava, com um sorriso malicioso no rosto.

"Tenha certeza que eu vou me exibir enquanto corto essa sua linda cara. " Eu disse para ela com uma voz afetada e inocente.

Colima passou por nós gargalhando. Enquanto ela sorria--o que parecia apenas uma exibição de dentes--ela parecia com o leão em seu escudo.

Colima tinha o cabelo cacheado que ela fazia questão de deixar armado para se parecer com o leão. Seu escudo era de ouro e a borda era ondulada.

Já o escudo de Antracia tinha um dragão marinho pronto para o ataque. Era de algum metal azulado que parecia mais claro na luz. A borda de seu escudo tinha o perfil de ondas do mar.

Fora nós três, a melhor era Eribeth--a loira do norte--e a mais fraca era Phiale, a bela camponesa do leste.

Nós todas pegamos nossas armas e fomos para a pequena arena circular montada no jardim, onde Kalamhos nos esperava.

"As primeiras serão Colima e Antracia. Na arena, as duas. " Ele disse, simplesmente.

A segunda e a terceira sorriram uma para a outra, predatoriamente, e se moveram para o centro da arena elevada um metro do chão.

Elas se circularam por alguns segundos até que Antracia atacasse. Ela se moveu, cortando o ar onde Colima estivera um segundo antes.

A segunda melhor virou o machado em seu pulso, como eu estava fazendo, e a arma era do tamanho de metade de seu corpo. A cabeça dupla da arma dava mais equilíbrio mas tornava a arma mais pesada.

A luta durou mais quatro minutos, até que Colima derrubasse Antracia no chão e levantasse o machado acima de sua cabeça, demonstrando que o golpe seguinte teria sido fatal.

"Anaya e Eribeth. " Kalamhos disse depois que Antracia se arrastou para fora.

"Não pegue leve comigo. " Eribeth sorriu para mim.

Eu sorri de volta. "Eu nunca pego. "

Antes que ela pudesse se posicionar corretamente, eu parti para cima dela.

A Ruína da RainhaOnde histórias criam vida. Descubra agora