29

2.3K 376 62
                                    

"Anaya, não importa quem você é ou quem está atrás de você. Não importa quanto tempo tenha se passado. Você ainda é nossa filha. "Meu pai disse, segurando firmemente minha mão.

Minha mãe trabalhava focadamente em Heyden mas assentiu. "Ele está certo, Nay. "

Meu coração se aliviou um pouco e Thierry segurou minha mão.

"Temos muitos quartos aqui. Peguem quais quiserem. Vou levar o amigo de vocês para um deles assim que Terah terminar. "

Eu notei o quão cansada estava e me lembrei de que tinha ficado onze horas em cima de um cavalo.

Brea estava inclinada no ombro de Thierry, dormindo, e Collen parecia prestes a desmaiar na cadeira.

"Acho que vamos aceitar os quartos. Todos nós precisamos de um pouco de descanso."Eu disse e me levantei.

Collen ficou um pouco mais alerta e, depois de checar Heyden, pegou Brea nos braços e eu lhe indiquei o caminho para as escadas. Thierry os seguiu e eu fiquei um segundo a mais.

Beijei a testa do meu pai e afaguei as costas da minha mãe, concentrada em salvar Heyden.

Eu me abaixei ao lado de Heyden. Ele dormia profundamente e seu rosto estava em paz. Mas sua pele tinha um tom meio cinzento e seu rosto estava frio. O cabelo estava pegajoso ao toque e grudado com sangue e terra em diversas partes.

Eu beijei sua bochecha. "Eu vou estar lá em cima se precisar de mim, okay? Grite e estarei aqui em um segundo." Eu sorri para ele mas senti o peso da tristeza e do medo em mim. Encostei minha testa na dele e suspirei. "Não morra, está bem? Por favor, não morra."

Eu me despedi uma​ última vez e subi as escadas. O corredor parecia o mesmo e eu sabia onde era meu quarto.

Ouvi vozes vindas do quarto ao lado e sabia que Collen e Thierry estavam lá.

Bati na porta e abri um fresta. "Ei, onde está a Brea?"

Collen, que estava prestes a desmaiar na cama de solteiro na sua frente, apontou para a minha porta." Coloquei ela no quarto ao lado. Imaginei que era o seu. "

Eu assenti. "Se precisarem de mim, estarei com ela. "

Eu fechei a porta deles e entrei no meu próprio quarto. Ainda se parecia muito com o que eu me lembrava.

Haviam duas camas, uma ocupada por Brea, um guarda-roupas com borboletas pintadas, uma ampla janela com cortinas brancas, paredes brancas e um tapete azul no chão.

O quarto era claro demais e talvez um pouco sem móveis demais para uma garota de oito anos, mas acho que meus pais tiraram algumas coisas como brinquedos e fotos.

Abri um pouco da janela para entrar vento e procurei nas gavetas algo que eu pudesse usar. Achei uma camiseta branca que coube em mim e tirei a calça suja e manchada do corpo, colocando-a sobre a cadeira.

Decidi que Brea provavelmente estava confortável em suas roupas mais leves e me deitei.

Assim que minha cabeça pousou no travesseiro, eu adormeci.

Meus sonhos foram perturbados e sem sentido. Embora eu tenha tido diversos pesadelos, eu acordei descansada.

Brea não estava mais na cama e já era noite quando reuni forças para deixar a cama.

A porta do quarto dos meninos estava aberta e eles não estavam lá. Vozes no andar de baixo me diziam que todos estavam na cozinha.

Procurei pelo corredor até achá-lo. Heyden estava sozinho num dos quartos. Era ainda menos mobiliado que meu quarto mas cheio de pinturas de flores. A janela estava totalmente aberta e a cortina balançava com a brisa.

Ele estava deitado na cama, dormindo pacificamente. Seu peito estava nu além das ataduras que envolviam suas costas viradas para o teto.

Eu me abaixei ao seu lado e tirei o cabelo que caía em seu rosto. Minha mãe havia lavado o sangue e a sujeira e ele estava lindo de novo.

Eu beijei sua testa e suspirei, simplesmente feliz por ele estar vivo.

Heyden abriu os olhos e me deu um sorriso fraco. "Você está linda, sabia?" Ele disse, com a voz rouca.

Eu ri e senti todo o peso no meu peito ir embora. Encostei sua testa na minha.

"Obrigada por me ouvir e estar vivo."

"Sempre que precisar, Nay. "Ele fez uma longa pausa antes de fazer certo esforço para segurar minha mão. "Essa não foi a única coisa que eu ouvi, sabe?"

Meu coração deu um pulo e eu olhei para ele. Ele me deu um sorriso torto. "Então você percebeu que somos alms gêmeas destinadas a viver juntos pela eternidade?" Ele debochou, embora seus olhos tivessem uma pontada de interesse e seriedade.

Eu ri de seu humor. "Ao que parece sim. "

Ele segurou minha mão. "Deita comigo."

Ele se virou com dificuldade mas dispensou minha ajuda. Ele se deitou de lado e me deu espaço para que eu deitasse ao seu lado.

Embora estivesse quente, o calor dos nossos corpos me agradou.

Passei meu polegar pela sua bochecha e pela têmpora. "Eu tive tanto medo de perder você. "

Ele esfregou gentilmente o rosto na minha mão e beijou a palma. "Eu estou aqui, princesa guerreira. "

Encarei-o nos olhos e ele me encarou de volta na mesma intensidade.

"Quando percebeu que gostava de mim?" Eu perguntei.

Ele hesitou um pouco mas relaxou por fim. "Eu nunca havia visto você assim até aquele dia na cabana. Ver o desejo inconsciente em seus olhos e saber que eu correspondia...Foi estranho. Mas eu me peguei observando você e desejando você. Foi no castelo que eu percebi que realmente sentia mais que uma simples atração. Meu respeito e minha admiração se transformaram em algo mais e foi quando os caçadores estavam prestes a acertar você que eu agi por instinto."

Ele fechou os olhos e se recostou no travesseiro por um segundo. "Foi quando estava morrendo que percebi que meu único arrependimento foi não ter provado seus lábios. "

"Então não vamos correr o risco novamente. "Eu segurei seu rosto e pressionei meus lábios nos dele.

Foi gentil e sereno,o beijo. Foi como uma promessa e o pagamento de uma dívida.

Fiquei ali por muito tempo com ele. Até que ele voltasse a dormir e eu me pegasse desejando tempo.

Tempo para poder ser apenas uma garota com seu namorado. Tempo para viver um pouco antes que minha vida fosse só guerra e caos.

Desejei tempo para poder viver a vida que eu jamais teria.

A Ruína da RainhaWhere stories live. Discover now