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Lembrei-me da primeira vez em que estive naquela arena.

Eu tinha uns onze anos e Kalamhos nos havia levado até ali para que pudéssemos ver o lugar em que anos depois lutariamos.

Lembrei-me que ele nos disse coisas terríveis e Colima correu, chorando.

Ela correu por diversos túneis e corredores até a floresta que cercava a arena. Nós nos sentamos ali e jamais nos separamos depois disso.

Agora, eu corria pelo mesmo caminho, fugindo dos guardas, seguindo aquele impulso estranho.

Eu deixei as lágrimas escorrerem porque eu não sabia o que estava acontecendo.

Eu havia acabado de explodir do lado de dentro de uma fogueira e tinha 50% de chance de que eu houvesse matado minhas amigas.

Então eu corri e corri sem olhar para trás. Achei que estivesse indo na direção errado quando vi os pinheiros.

Eu corri pela floresta escura, mal vendo as raízes e pedras no caminho.

Então eu ouvi vozes de dezenas de homens, guardas que haviam alcançado também o começo da floresta.

Me permiti olhar para trás diversas vezes, tendo certeza de que eles não estavam perto o bastante para me ver.

Então eu me choquei contra algo duro e mãos me seguraram.

Tentei gritar mas uma mão cobriu minha boca.

Olhei para cima, em pânico, e vi olhos escuros, cabelos cacheados e um rosto desconhecido.

" Está tudo bem, confie em mim. Venha comigo. " O estranho me disse.

E eu fui. Talvez porque estivesse desesperada ou talvez porque a sensação de ansiedade houvesse passado assim que eu estava ao seu lado.

Corremos para o leste, ou o que eu achava que fosse o leste, mas ele parceria saber para onde ir.

Não conversamos, não nos olhamos, estávamos compenetrados em sair dali o mais rápido possível.

Em algum ponto, vi um vulto vir em nossa direção e desembainhei a faca.

Derrubei o homem no chão e pressionei minha lâmina contra seu pescoço.

O desconhecido que havia me ajudado me tirou rapidamente de cima do outro.

"Ele é amigo. Está tudo bem. "

Eu não guardei a faca, porém. O desconhecido 1 ajudou o desconhecido 2 a se levantar e juntos voltamos a correr.

Corremos pelo que pareceu uma eternidade até chegarmos a um pequeno acampamento improvisado.

Eu não consegui chegar perto da pequena fogueira crepitando baixo, então deslizei para perto de uma das duas tendas, longe o suficiente do fogo.

Os dois homens se jogaram contra um velho tronco de árvore caído e permaneceram ali, sem fôlego. Devido ao meu treinamento, eu estava bem o bastante para começar a fazer perguntas sem ofegar.

"Quem são vocês? Como me encontraram? "

Os dois suspiraram, parecendo tristes por terem de explicar.

O desconhecido 1 tinha pele branca, cabelos castanhos compridos o bastante para formar uma camada grossa e fofa de cachos na cabeça, olhos escuros. Era alto, parecia ser forte. Não portava armas aparentes.

O desconhecido dois tinha cabelos castanho-claros, olhos azuis extremamente claros, pele bronzeada. Era alto e forte, mais troncudo que o primeiro. Também parecia desarmado.

"Meu nome é Heyden. Sou um caçador de Sazar, mais precisamente de Tonakai. Este é Collen. Ele era da guarda da propriedade do senhor de Faranar, em Galisha. " O moreno disse.

Collen se ocupo de responder minha próxima pergunta. "Nós te encontramos porque seguimos nossos instintos. Bom, tecnicamente Heyden seguiu os instintos dele e achamos você. "Ele deu de ombros. "E você? Quem é e do que estava fugindo?"

Levantei meu queixo orgulhosamente. "Sou Anaya e serei a próxima rainha de Vanalius. " Então lembrei-me dos acontecimentos na arena e meus ombros caíram. "Bom, eu seria a próxima rainha se não fosse pelo meu surto. Eu simplesmente caí numa fogueira e não me queimei. Nem sequer um ardorzinho. "

Os homens se entreolharam e pareceram captar algo que eu não pude.

" O quê? Não me escondam nada. "

Eles se olharam novamente, parecendo ter uma discussão mental. Então Heyden tomou a frente.

"Você disse que caiu na fogueira e não sentiu dor. Mais alguma coisa estranha aconteceu?"

Eu dei de ombros. "Fora que eu tenha saído explodindo tudo, acho que não. "

Eles se olharam de novo e aquilo começou a me irritar. Antes que eu abrisse minha boca, porém, senti um tremor sob minha palma.

A terra ao meu lado se abriu e uma pequena onda de água saindo de um cantil aberto. Segundos depois, uma flor cresceu e a fissura no chão se fechou.

Olhei ansiosamente para os dois. "Vocês viram aquilo? Por favor, me digam que eu não estou louca. "

Heyden cruzou as mãos. "Você não está louca. Collen é a água, eu sou a terra e você... Você é o fogo. "

A Ruína da RainhaWhere stories live. Discover now