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Aerith nos deu permissão e ouro para ir até a cidade, onde ela disse haver uma feira.

Como eu e Thierry éramos os únicos acordados, ele foi comigo. Taurus e Keith foram conosco, para a segurança, embora eu não tivesse dúvida de que ficaríamos bem sozinhos.

Taurus pediu que nós o encontrassemos nos estábulos. Ele já tinha um cavalo pronto para cada um.

O meu era marrom escuro e forte, me lembrando vagamente de meu cavalo em Vanalius. Taurus montava seu garanhão preto.

Ele nos guiou até a cidade, a alguns quilômetros do castelo.

"Trenity é o coração de Sazar, embora seja pequena. É conhecida pela feira,pelos bares e pelas mulheres. "Keith disse ao meu lado e apontou para Taurus com o queixo.

Conforme andávamos, o comandante saudava mulheres pelo caminho, que lhe exibiam o sorriso e o decote.

Todas eram lindas, trajavam longos e decotados vestidos, usavam jóias de aparência cara e eram o centro dos olhares.

"São todas cortesãs?" Perguntei, alarmada, ao ver que todas as mulheres em nosso caminho exibiam as mesmas características.

Keith riu. "As mulheres daqui se dividem em dois grupos: prostitutas e cortesãs. Estas são as prostitutas. Elas são mais baratas e oferecem seus serviços para os de baixa e mediana renda. As cortesãs não se exibem assim porque os melhores homens as procuram. São a...Elite das mulheres, agradando nobres e soldados abastados. "

Ele apontou um grupo de comerciantes, dentre eles diversas mulheres com uma marca pintada em suas mãos.

"As marcas são feitas por mulheres casadas ou simplesmente aquelas que não procuram sexo. Você vai precisar de uma se não quiser ser incomodada por todo o caminho até a feira. "

Ele avisou Taurus e eles pararam ao lado de uma barraca azul. Keith sinalizou para que eu descesse do cavalo e eles falaram rapidamente com o homem, antes de eu me aproximar.

O homem tirou de uma gaveta tinta preta e um pincel. "Marcar para não ser prostituta. "Ele falou, com um forte sotaque.

Eu estendi minha mão direita e ele começou a pintar. Pareciam contornos aleatórios, cheio de voltas e arabescos, mas notei que as mulheres comuns tinham exatamente o mesmo desenho.

Depois de dez minutos, Taurus lhe ofereceu uma coroa de prata e partimos.

A cidade era linda. A maioria das casas eram na parte de cima do comércio ou altas, feitas de tijolos brancos. As ruas estavam enfeitadas com longas tiras de tecido, vermelhas, verdes, azuis, laranjas e amarelas.

As barracas tinham todo tipo de produto, da lã ao vinho. Centenas de pessoas pontilhando as ruas e ali, do outro lado do muro bege-claro, havia o oceano.

O mar azul límpido batia contra a areia alva lá embaixo, a cerca de trinta metros de onde estávamos.

Comprei roupas novas para todos nós e eu me vesti na parte de trás da barraca. Comprei dois tipos de roupa para mim: uma calça com túnica para quando seguissemos viagem e um vestido longo, branco com bordados azuis no corpete, para andar na feira sob o sol escaldante.

Thierry escolheu para si uma calça simples mas resistente, bege, com uma camiseta preta e um chapéu.

Keith e Taurus deviam estar morrendo com aquele uniforme, mas não disseram nada.

Comemos, por sugestão de Taurus, folheados de queijo com cogumelos. E era realmente maravilhoso. Tudo que comiamos e gostávamos, eu levava para Collen e Heyden.

Em algum ponto, enquanto atingiamos a metade da feira, paramos para descansar sob a sombra de uma árvore.

Keith e Taurus pediram licença para comprar seu almoço e eu me surpreendi quando ele disse que já era quase uma da tarde.

"Há quanto tempo você e Heyden estão juntos?" Thierry perguntou assim que os dois se afastaram.

Eu engasguei com a água que bebia. "Do que está falando?"

Thierry me deu um sorriso travesso. "Ele não para de te olhar, Nay. Nem um segundo quando estão no mesmo recinto. "

Eu corei e mentalmente culpei o sol por isso. "Não... Não, isso é um engano. Nós não estamos juntos. Sequer nos beijamos!"

Ele riu e estava prestes a dizer alguma coisa quando congelou. Seus olhos se arregalaram e ele virou a cabeça como se tivesse sido chamado.

Então começou a correr.

Eu sabia que ele não era do tipo esportivo, então quando ele correu, meu instinto primário foi seguir ele.

Ele estava indo rápido demais, até para mim, principalmente com aquela gente toda no meu caminho.

Estava prestes a gritar seu nome quando ouvi um grito agudo seguido por um som agonizante.

Olhei para cima e vi que a fachada de uma loja estava prestes a despencar em cima de dúzias de pessoas.

Ergui a mão e fiz uma cortina de fogo sobre suas cabeças. Quando os enormes blocos de gesso e pedra caíram, foram derretidos instantaneamente.

Arquejos foram ouvidos por todo lado e algumas pessoas sob meu véu de fogo caíram em seus joelhos e começaram a chorar, murmurando coisas sobre milagre.

Deixei minha magia cessar e procurei por Thierry. Localizei sua cabeça ruiva a alguns metros de onde a fachada caiu.

Em seus braços, estava uma garota desmaiada.

A Ruína da RainhaOnde histórias criam vida. Descubra agora