O primeiro corpo que vi vir em minha direção foi Nelia. Ela estava com a maça e uma faca de combate, ignorando o escudo prateado às suas costas.
Atrás dela vinha Deiopeia, com sua espada cujo punho terminava numa águia. As duas pareceram se juntar contra mim e eu sorri para elas. Elas sorriram de volta mas éramos mais como se estivéssemos expondo nossos dentes.
Nos metemos num turbilhão de corpos e armas e em algum ponto eu prendi o escudo ao cinto e puxei a faca de combate.
Cortei alguma delas, que grunhiu, mas nenhuma de nós parou. Sentia a espada de Deiopeia tentar cortar minha pele, mas rapidamente movia meus braceletes de titânio para bloquear seu caminho e absorver o impacto.
Meu maior cuidado era com a maça de Nelia, que era pesada e provavelmente esmagaria algum ossos apenas com o impacto.
Vi diversas vezes as espadas delas passarem quase inofensivas por mim, cada vez que eu saltava, as vezes não longe o bastante. Minha espada também fazia pouco avanço com elas, assim como a faca.
Em algum ponto, joguei a espada de Deiopeia para longe e ela sorriu para mim antes de correr para apanhar de volta sua espada.
Não demorou muito para que eu desarmasse Nelia também.
A próxima foi Phiale, que trazia sua espada. Eu a imitei e deixei a faca para pegar o escudo.
Lutamos por alguns poucos minutos antes que eu a jogasse na arena com um chute em seu peitoral de ouro dourado.
Lutei com todas, uma a uma, durante o que pareceu um período imensurável de tempo.
Eu sempre tinha consciência de quão perto eu estava da fogueira e me afastava o bastante.
O sentimento estranho de formigamento parecia aumentar a cada minuto. Parecia irradiar da minha espinha para meu corpo todo, lentamente.
A urgência de correr também ficava mais e mais forte mas eu simplesmente ignorei qualquer coisa que não fosse a espada em minha mão direita e o escudo ou a faca na outra.
Quanto encontrei Antracia, nós duas sabíamos que, tirando a luta com Colima, seria a mais difícil da noite.
A serpente marinha em seu escudo parecia chamar o lobo no meu.
Nós nos metemos numa luta intensa e ela conseguiu perfurar o couro da minha calça e abrir um talho perto do meu joelho.
Eu tirei a faca da bainha e comecei a cortar fervorosamente em sua direção, até conseguir abrir meu próprio talho em seu ombro.
A luta durou o bastante para me fazer tremer. Eu estava ficando lenta pelo cansaço e precisava acabar com aquilo agora.
Eu girei e girei, tentado e tentado abrir um buraco em sua defesa até que eu pudesse desarmá-la.
Mas Antracia não fraquejou e bloqueou todas as minhas investidas.
Quando eu achava que não poderia ficar pior, Colima se juntou a nós.
"Se importam de ter mais uma?" Ela disse, antes de investir contra mim.
Juntas, elas me levavam para mais e mais perto da fogueira. Um alarme soava em minha cabeça toda vez que eu senti demais o calor do fogo.
Nós lutamos por um período longo demais, sem nunca fazer mais do que um corte ou talho aqui ou ali.
Então eu não vi quando o pé de Antracia veio. Não vi quando o escudo de Nelia caiu atrás de mim.
Senti a força do golpe de Antracia me fazer cambalear e teria conseguido me reerguer se não fosse pelo escudo atrás do meus pés.
Eu perdi o equilíbrio quando meus pés à procura de equilíbrio encontraram o escudo e eu pendi para o lado da fogueira.
Senti muito corpo perder o equilíbrio e ouvi Colima gritar.
Meu corpo caiu sobre a madeira flamejante da fogueira e o impacto abriu diversos cortes no meu braço, pernas,rosto, pescoço. Eu senti a dor e gritei alto, ficando cega de dor por um segundo.
Então percebi que a dor não vinha do fogo. A dor não vinha das chamas que deveriam estar derretendo meu corpo e meus ossos.
A dor vinha apenas da madeira e dos cortes no meu corpo todo.
Porque meu corpo não estava queimando. Meu corpo estava brilhando como a aurora. Eu me sentia forte e o formigamento havia parado.
Então meu peito explodiu e eu gritei com a dor que isso trouxe.
Tive apenas a vaga impressão de labaredas de fogo voando para todo lado mas minha consciência ameaçava me trair.
Depois de alguns segundos consegui abrir os olhos e vi que a arena tinha virado um caos.
O fogo estava em diversos pontos, onde pequenas fogueiras queimavam.
Vi Phiale e seus lindos cabelos dourados passarem correndo, para ajudar uma Deiopeia que estava caída no chão e com a pele de seu braço em carne viva chamuscada.
Yriana gritava ordens e vi guardas enchendo a arena no lado noroeste.
Meu instinto e apenas ele me fez correr. Apanhei minha espada que estava na borda da fogueira e corri.
Olhei ao redor, procurando, mas não vi Antracia ou Colima em lugar algum e meu estômago pesou por isso. Eu não sabia se as havia machucado ou mesmo se havia matado elas.
Mas corri e não olhei para trás novamente.
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A Ruína da Rainha
Teen FictionNum reino onde as mulheres governam e os homens são apenas soldados, Anaya está destinada a subir ao trono. Como a mais forte, corajosa e inteligente do seu grupo, ela tem certeza de que será a próxima rainha. Mas um defeito a coloca entre os mais o...