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Na véspera da escolha, demos uma trégua de tarde.

Havia cinco dias que mal nos falávamos.

Cinco dias indo dormir cedo, acordando cedo para treinar, treinar até estarmos tão cansadas que caiamos na cama e reiniciavamos o processo.

Era aniversário de Phiale e nós resolvemos que tirar algumas horas para descansar, relaxar e ficar com ela era necessário.

Então fomos para o jardim e fizemos um piquenique com algumas coisas do nosso refeitório.

Eram todas as porcarias que só comiamos em aniversários e datas especiais, todas as coisas cheias de açúcar e gordura.

"Tudo bem, tudo bem. E se tivesse um leão também?" Deiopeia perguntou, mudando o cenário da luta imaginária pela sexta vez.

Colima bocejou. "Eu ainda o cortaria se fosse um leão, um urso ou uma pantera. "

"Cobras?" Phiale sugeriu.

Eribeth estremeceu. "Cobras já são demais para mim. Aqueles corpos frios e escorregadios. "Ela tremeu novamente, dando uma mordida em seu bolinho.

"E se fosse Archer na arena?" Antracia sugeriu com um sorriso malicioso.

Torci a barra da minha camiseta e ri nervosamente junto com as outras para disfarçar. Ninguém sabia do beijo e eu gostaria de manter deste jeito.

"Eu me atiraria no chão e imploraria por misericórdia. " Nelia riu e se contorceu dramaticamente.

As outras riram com ela.

Olhei para Phiale, com seu cabelo loiro curto e a coroa de flores improvisada em sua cabeça. Ela sorria e parecia extremamente feliz. Phiale era a mais delicada do grupo e era a mais jovem. Mas era versada na arte da trapaça e chantagem, assim como na estratégia de uma luta num ambiente fechado.

Olhei para Nelia, com seu cabelo ruivo como uma fogueira em brasa. Ela me lembrava a lenda das amazonas, um grupo de mulheres guerreiras que cavalgavam o mundo levando justiça. Se fosse um cargo de verdade, ela se daria bem. Era a que cavalgava melhor.

Deiopeia tinha cabelo negros rente à cabeça e sua pele castanha era escura e contrastava com seu sorriso extremamente branco. Era especialista em combate com facas curtas. Seria uma grande guerreira um dia.

Eribeth tinha cabelos alourados e sardas pontilhando seu rosto todo. Os olhos eram verde como a grama sob nós. Era a quarta melhor entre nós e uma das mais bonitas. Era versada espionagem e mortes furtivas, com venenos ou feridas ocultas. Talvez achasse utilidade como espiã de alguma corte.

Antracia era boa em eliminação à distância e manejava um arco como ninguém. Tinha postura, determinação e graça.

Colima era a segunda melhor. Era minha melhor amiga. Seria minha conselheira e meu braço direito se eu fosse rainha. Era boa em combate com espadas e com armas pesadas.

E eu...Eu era especialista em qualquer combate corpo a corpo, com armas ou sem, sabia o bastante sobre veneno para passar despercebida, meu tiro a distância era especialmente bom e eu sabia que podia lutar em cima de um cavalo em movimento.

Mas os pensamentos de dias antes ainda estavam em minha cabeça.

Eu precisava da coroa mas não sabia se queria.

Olhei para as garotas que cresceram comigo e percebi que eram agora mulheres.

"Se eu for rainha..." Comecei, fazendo cessar a conversa imediatamente. Todos os olhos se voltaram curiosamente para mim. "Se eu for rainha e vocês quiserem um lugar na corte ou no exército, venham a mim. Não quero me distanciar. "

Eribeth segurou minha mão. "Eu digo o mesmo. Crescemos juntas e nossas vidas foi baseada nessas competição. Não sei vocês, mas realmente me sentirei meio perdida quando acabar. Seria bom estar perto de vocês para não me sentir tão...Por fora. "

Colima riu. "Nós sempre estivemos juntas. Sempre fingimos que não nos importavamos umas com as outras, mais ainda com a aproximação da escolha, mas a verdade é que nunca estivemos tão próximas. "

Antracia e Nelia serviram nossos copos com suco de morango, imitando champanhe.

"Um brinde a nós e à futura rainha que brinda comigo. " Antracia disse e sorriu para nós.

Todas levantamos os copos no ar e eu soube que estava bem.

Soube que podia fazer isso porque não importava o que acontecesse na arena, ainda teria aquelas mulheres para me apoiar.

Soube que estava pronta para lutar.

A Ruína da RainhaWhere stories live. Discover now