A Vitima

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VITIMA

Meus pulsos continuavam a doer e eu sabia que não importasse o quanto gritasse, ninguém escutaria. Todo o meu corpo doía.

Já havia gritado por horas seguidas diante de suas torturas. Torturas que eu jamais pensaria em fazer no meu pior inimigo.

Senti sangue escorrer pelo meu rosto, meus braços e pernas, mas não havia nada que eu pudesse fazer.

— Apenas me mate – Sussurrei em meio ao desespero.

— Ainda não.

— Não aguento mais nada. – Supliquei vergonhosamente. Eu queria morrer. Aquela era a primeira vez que admitia a minha vontade de morrer para a pessoa perversa.

— Está doendo? – Me perguntou com escarnio. Reconheci o tom de voz usado, já que eu utilizei o mesmo deboche com algumas pessoas antes disso tudo acontecer. Antes de ser capturada. – Gosto de pensar que você poderia estar livre, se não fosse enxerida – Continuou falando como se realmente sentisse remorso, o que eu sabia que não, pois enxerguei sorrisos enquanto me torturava. Já havia perdido a noção do tempo.

— Por quanto tempo estou aqui? – Acabei perguntando, surpresa por minha voz ter saído com clareza quando sentia apenas dor.

— Quase um mês – Sua revelação não me abalou, pois eu sabia que na maior parte do tempo desmaiava devido a dor. Aquela era a única coisa que eu ainda conseguia fazer por mim mesma. – Quando irá me matar?

— Não sei – A sua resposta soou sincera de alguma forma.

O que estava acontecendo comigo? Eu estava acreditando na pessoa que me sequestrou. Qual era o meu problema?

Naquele momento era dor.

— Foi muito boazinha, o que acha de parar de sentir dor por um momento? – Eu não consegui fazer nada que não fosse implorar. Senti as lagrimas caindo pelo meu rosto ao implorar por ajuda. Implorar para que a dor parasse.

Eu estava me humilhando.

Me rebaixando para a pessoa que deveria odiar, mas só conseguia enxergar bondade em suas palavras misericordiosas e no momento em que senti a seringa entrando pela minha pele, sorri com o gosto do ferro em minha boca.

— Feche os olhos e aproveite a sua dor sumir por algumas horas para que possamos brincar mais – Eu sabia que um sorriso estampava a sua face, mas não me importei.

Fechei os meus olhos sentindo seus dedos tocarem meu braço, subindo lentamente em direção ao meu ombro recém deslocado. O modo como sua mão apertou o meu ombro, me fez gritar pela última vez antes de cair em um sono profundo.

Um sono calmo, onde eu ainda era livre e ainda era eu mesma. 

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No proximo nosso delegado gatão retorna.. e para quem quer estar por dentro dos motivos  dos meus sumiços.. basta entrar no grupo do whats (Links no meu perfil) ou então entrar no grupo do face (Tahy Books)... Bjss

Império [Degustação]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora