O Cachorro Louco

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SOFIA CASTILHO

Os policiais pareciam estar mais assustados do que eu ao ver a agitação dentro da cafeteria. Um maluco estava prendendo todos porque a sua namorada, uma garçonete do local, não queria mais vê-lo. Suspirei assim que avistei alguns policiais com uma jaqueta escrita negociador. Não entendia o motivo de terem enviado alguém do homicídios quando não havia corpo.

— Homicidios é sempre bom ver um belo rosto – Um dos policiais com a jaqueta chegaram falando animadamente ao me encararem – O ogro ainda está lá infernizando vocês?

— O delegado Petrovis é ótimo – Elogiei sem perceber ao cruzar os braços em frente ao meu corpo. O policial a minha frente era mais velho do que eu esperava, rugas estavam presentes em seus olhos, cabelos brancos e já dava para perceber que ele logo seria calvo. – E não deveria estar entrando em contato com o homem?

— Gosto de faze-los esperarem – Revirei os olhos diante de sua resposta. Odiava policiais como ele – E o que veio fazer aqui? Não acho que alguém tenha sido morto.

— Também quero saber – Falei ao olhar em volta tentando encontrar um motivo por estar ali. O silencio foi esmagado por um barulho de tiro seguido de correria dos policiais. Tudo se transformara rapidamente. Comecei a correr em direção a entrada da cafeteria sem saber o motivo de estar fazendo aquilo mesmo escutando os gritos dos policiais para que eu me afastasse e retornasse para onde estavam. Parei em frente a porta da cafeteria e abri a porta antes que alguém surgisse para me afastar dali.

— Que porra é você? – Uma voz desesperada gritou assim que escutou o barulho da porta sendo aberta. Vi ele erguendo a arma em minha direção. Uma espingarda. Respirei fundo ao erguer os braços e perceber o que havia feito. Eu havia estragado tudo.

— Sou Sofia Castilho, não vim lhe machucar.

— Claro que não, vadia. Eu posso te matar, sabia? – Gritou mais uma vez desviando o seu olhar para a poça de sangue ao seu lado. Meus olhos foram na mesma direção e segurei a ânsia de vomito que se formou ao ver o rosto deformado de um homem devido ao tiro com espingarda. Seu rosto – o que havia sobrado dele – estava banhado em sangue e infelizmente conseguia ver pedaço de seu cérebro. A cena era repugnante. Olhei para o lado oposto e vi o terror no rosto de cada uma das cinco pessoas.

— Sou vim conversar – Falei tentando manter a minha voz calma – Qual o seu nome? – Esperei que ele gritasse, mas o vi falando com a voz baixa. – Certo, Denis, o que você deseja? Qual o motivo de ter feito isso e porque matou o homem? – Sabia que não deveria perguntar assim diretamente, mas não consegui evitar.

— Aquele desgraçado estava tentando tirar a minha arma de mim – Gritou mais uma vez ao apontar a arma para os reféns – Isso tudo é por causa daquela vadia que não me quer mais. Ela deve estar fudendo com todos aqui.

— O que você quer em troca da libertação deles?

— Quero dinheiro e um carro para fugir.

Isso era patético.

— Quanto você quer?

— Um milhão – Falou como se tivesse pensado naquele valor no momento que perguntei.

— Vou falar com os outros, tudo bem? Posso ir embora? – Ele concordou hesitante. Havia feito uma grande bagunça, eu sabia, mas esperava que pudesse salvar os reféns daquele maníaco. Me afastei relutante e assim que olhei para os policiais percebi o ódio em seus olhos. Para eles, eu havia estragado tudo. Procurei o negociador, o qual não parecia nada feliz ao andar em minha direção. – Antes que comece a gritar, um homem foi morto, tem cinco reféns aparentemente sem machucados, o sequestrador parece estar em algum surto psicótico e ele está querendo um milhão e um carro para fugir – Disse de uma vez permanecendo séria. O negociador passou a mão pelos seus cabelos como se estivesse ponderando o que faria comigo. Eu devia parecer bem imprestável aos seus olhos.

Império [Degustação]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora