Infame

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DIMITRI PETROVIS

Sabia que aquele final de semana seria estressante, insano e nada agradável, mas ainda assim precisava estar ali com Isabelle para mostrar a todos que eramos um casal e que eu havia conseguido controla-la. Precisava que todos acreditassem que eu possuía o controle quando na verdade era Isabelle com aqueles olhos que controlava as minhas ações.

Seus olhos eram exageradamente expressivos e imaginava que ela ainda não percebera isso em si mesma. Quando chegamos na vila enxerguei o medo neles, o terror e o modo como seu corpo estremeceu ao passarmos pela floresta que dava acesso ao local. Pela minha experiência, sabia que algo deveria ter acontecido com ela naquele floresta, contudo não tinha coragem para perguntar, não ainda, já que ela não parecia confiar em mim ou se sentir confortável.

— Vamos ficar realmente bem? – Ela me perguntou ao entrarmos no quarto. Apenas uma cama de casal enfeitava o quarto. Aqueles cretinos acreditavam com veemência que eles não precisariam de nada mais do que aquilo. Eu poderia ser sincero e dizer que se cometêssemos algum erro seriamos mortos, contudo acabei sorrindo largamente ao tocar com leveza em seu ombro.

— Sim, afinal estou aqui – A minha confiança deveria lhe dar alguma tranquilidade, entretanto vi o modo como ela me encarou. Como se estivéssemos prestes a morrer – Estou falando sério. Nada vai acontecer.

— Acredito – Sabia que ela estava mentindo. Seus olhos não mentiam. Suspirei ao passar a mão pelos meus cabelos e pela minha barba em seguida. Olhar para Isabelle sempre trazia um desejo primitivo de protege-la, talvez seja pela sua baixa estatura ou pelos seus cabelos vermelhos. Eu não sabia realmente. – E como faremos para dormir nessa cama?

— Deitando – Respondi ao dar de ombros. Dormir ao lado dela poderia ser tentador se não enxergasse o medo em seus olhos. Ela sempre parecia estar em pânico quando ficava sozinha com algum homem, e isso era um reflexo comum em vitimas de estupro. Tinha certeza de que iria matar o homem que fez algo com ela, sabia disso, mas precisava que ela também soubesse para me contar tudo. Estava disposto a esperar com calma e paciência.

— Ficar aqui no final de semana não vai atrapalhar o seu trabalho? - A sua curiosidade pareceu um modo de tirar a atenção da cama a nossa frente.

— Deixei Gonzalez tomando conta, mesmo que não ele não pareça, é responsável quando precisa. – Ela assentiu – E seu trabalho no pub? – A vi desviar o olhar desconfortável. – Foi aquele cretino?

— Não – Sorriu como se tentasse esconder algo.

— Você não é uma boa mentirosa. Pode continuar tentando mentir para mim, mas sou um delegado. Posso investigar e acabar prendendo o desgraçado por um capricho.

— Isso é uma ameaça.

— Sim, é – Afirmei sério. Não iria permitir que um lixo como aquele homem continuasse perturbando a pouca paz que aquela mulher possuía. – E então?

— Naquele dia em que o abracei – Ela ficou ligeiramente vermelha. Seu rosto demonstrava a sua vergonha com facilidade – Elton pediu para conversar comigo. Ele não parecia normal ao me olhar quando entramos no escritório.

— Ficou sozinha com ele? – Gritei em meio a perplexidade. – Você é louca.

— Eu só... Queria acreditar que tudo havia sido um engano. Eu realmente gostava dele como um tipo de irmão. É estranho falar isso em voz alta, mas eu realmente fiquei ferida quando percebi em seus olhos que não era nada mais do que um pedaço de carne. Queria que ele enxergasse o ser humano que sou, eu acho.

Império [Degustação]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora