23. A Volta

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Zelda está digitando...

Zelda:

Você está proibido de me zoar com qualquer música do meu pai

Eu:

Isso eu não prometo

Zelda:

RIDÍCULO hahahah

Cícero, Cícero...

Eu:

Obrigado por ontem, sério.

Aquilo que aconteceu depois... A gente deveria repetir?

Zelda:

A gente deveria?

****

Mais um domingo que acordo tarde porque a preguiça reina. Apesar disso, algo diferente se apossa de mim e, incrivelmente, levanto num pulo e abro a janela. Um vento forte entra e percebo o quão abafado está aqui dentro. Quando tempo meu quarto estava trancado? Janela, cortina, porta, sempre fechadas. Por... duas semanas?

Duas semanas praticamente morto. Zelda conseguiu me reanimar em apenas algumas horas.

As roupas espalhadas pelo chão mostram claramente que dona Catarina me deixou em paz por uns dias, e só agora estou percebendo a bagunça que está meu quarto. Minha vida. Tudo virou de cabeça para baixo num estalar de dedos. Minhas notas altas agora estão na média e, algumas, bem abaixo dela. Não converso com a minha família, meu melhor amigo está como um cachorro ultimamente: me acompanha por onde vou, mas não fala nada; quase não trocamos mensagens.

Assim, do nada.

Saio do quarto me arrastando e o som familiar dos Alencar invade meus ouvidos assim que vou chegando na cozinha.

- Eduarda, eu não sou sua empregada.

- Nem eu sua! E, mesmo assim, tenho que fazer tudo o que me pede. Eu hein.

- Eu sou a sua mãe, garota! – mamãe diz, jogando o pote de salada na mesa. No mesmo instante, começa, aos poucos, uma música de fundo e penso se não é algo da minha cabeça ou trilha sonora não diegética. Aparentemente, é real, porque Mãe revira os olhos. – Ah, não.

- Que eu vou jogar bem na sua cara – vovó canta.

- Eita. – é o que digo e todos se assustam ao me ver. – Tô vivo. É. – ninguém fala nada, então minha irmã desvia a atenção de mim (muito obrigado, Duarda) e começa a cantar o funk da vizinha.

- Cheguei. preparada pra atacar. Quando o grave bater, eu vou qui...

- EDUARDA!

- Quê? Ah, mãe, nunca ouviu Pabllo Vittar? – pergunta Duarda, piscando pra mim. – Pensei que quisesse ser uma mãe moderna...

- Pabllo quem?

- Vittar, querida. – diz meu pai, fechando o jornal. Como ele sabe quem é? – Nunca ouviu?

- Não...? – pergunta, incerta. Serve a comida pra Vó, enquanto sento ao lado da minha irmã na mesa. Eduarda pega o celular e mostra uma foto de uma loira e fico confuso. – Quem é essa? – mamãe indaga.

- Essa é esse. Pabllo.

- Ah, mas não é mesmo. Deixa eu ver. – pego o celular dela e percebo que, realmente, é esse tal de Pabllo.

- Meu Deus.

- É um cantor drag queen. – diz meu pai. Como ele sabe tanto, Jesus?

- Drag queen???

- É, querida. – ele confirma, rindo. – Eu também não entendia muito sobre, mas Eduarda me alugou por horas me explicando tudo o que devo saber. Você já viu os vídeos dela?

- Pai! Que vergonha, mas que bonitinho. Você anda vendo meus vídeos?

- Me encara, se prepara que eu vou jogar bem na sua cara! – vovó canta, rindo. – Essa Anitta é uma graça.

Todos encaramos a velhinha.

O que eu perdi esses dias?

- Enfim. – diz mamãe, ainda confusa com todas as informações. – Então esse tal Pabllo Vittar é... Qual é o nome, filha? Ah, Drag. Ok. Nossa, como ele é bonito como ela. Mas é meio confuso, né? Vocês são muito modernos, não consigo acompanhar tantas coisas assim não. – os olhos arregalados mostram claramente que a cabeça da mamãe está toda doida. – Ok. Ok, claro.

- Com o tempo você entende tudo, meu bem.

- Você só tem que respeitar. – diz Eduarda. Ela se vira pra mim, cerrando os olhos. – Não é, Cícero?

- É, claro. É sim.

- Conheci uma drag Queen quando era mais nova. – começou vovó, mas Mãe logo a cortou dizendo para que ela parasse de graça e então a gêmea má começou a brigar, dizendo para que mamãe deixasse nossa avó em paz. As duas começaram uma briga que poderia ser eterna, mas que acabou juntinho da música.

As duas não tomaram jeito, de qualquer forma. Mamãe continua estressada com tudo e qualquer coisa, Eduarda ainda implica com todos e sempre está de TPM. Vó Margarete é incompreendida na sua loucura e papai é um pote antigo de surpresas.

Todos continuam sendo os mesmos durante todo esse tempo. Tudo está normal. Eu mudei. Eu morri junto de Tessa. Ela se foi e levou uma grande parte de mim junto dela. Era inevitável que eu mudasse.

Tessa foi a melhor amiga que eu tive e a minha primeira paixão, mas acho que às vezes precisamos deixar algumas coisas para trás. É claro que não vou esquecer Tessa. É algo impossível. Eu só preciso... Preciso voltar a ser o Cícero.

Meu celular vibra.

Zelda:

Quando?

E, agora, estou voltando à vida com Zelda.

Eu:

Sempre








OLHA SÓ QUEM VOLTOU! Olá, menines, turubom? Um mês depois de pausa, Beulinha voltou. Peço desculpas pela demora (eu havia avisado antes, mas acabou que demorei mais que o esperado), aconteceram muitas coisas nesse mês que acabaram comigo e não consegui escrever. 

Um notícia: a história está no fim! Então não desistam da gente! Cicinho e Zeldinha tão aqui pedindo isso! 

Eu iria mostrar uma surpresinha nas notas desse capítulo, mas vou deixar para o próximo. Não tem a ver com a história, mas com a autora (e outra autora também, e tenho certeza que vocês adoram ela). ENFIMMMMMM!

Zero na veia, o resto na cadeia. 

Beijos com gosto de chocolate <3

Cícero Quer Ir à Praia [completo]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora