Capítulo 9

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Algumas horas mais tarde, Luzia, Minerva e Valéria chegavam a uma casa noturna, com letreiros coloridos em LED na sua fachada, e várias outras mulheres jovens em uma fila esperando sua vez de entrar no disputadíssimo lugar. As garotas vestiam roupas ainda mais coloridas que as comuns, curtas, com brilho e muita maquiagem no rosto.

De fora já era possível ouvir o agito dentro da festa. A música retumbava lá de dentro e suas batidas podiam ser ouvidas do lado de fora. Também podia se ter uma ideia da iluminação, com as luzes piscantes saltando pelas pequenas vidraças coloridas do segundo andar.

Um grupo de amigas e amantes, logo à frente na fila já bebia e dava risada como se aquele fosse o dia mais feliz de suas vidas. Uma delas, de minissaia laranja e top azul, agarrou o pescoço de uma outra um pouco mais velha e gorda e lhe deu um longo e constrangedor beijo. Logo depois agarrou a garrafa que a outra segurava, bebeu alguns goles e voltou a beijá-la.

Luzia precisou desviar os olhos e tentar ignorar todas as moças em sua frente. Elas lhe faziam lembrar muito de como os homens eram. Era exatamente dessa forma que havia visto muitos deles: bêbedos e sem um pingo de racionalidade. Elas estavam se comparando a eles.

As meninas que bebiam e riam em alguns lugares antes na fila logo entraram na festa da casa noturna e não demorou muito para ser a vez de Luzia, Valéria e Minerva. As três apresentaram seus documentos e foi solicitado onde elas gostariam de curtir a balada. Luzia não fazia nem ideia do que a atendente estava dizendo e apenas olhou para as outras duas e esperou que respondessem. As amigas estavam acostumadas a isso.

— Pode ser pista — Minerva sorriu para a recepcionista, uma garota magra e de cabelos presos que lhe sorriu de volta com uma piscadinha e indicou por onde deveriam ir.

Enquanto andavam até a porta que daria entrada para a grande festa, Minerva aproveitou para comentar com as outras:

— Se queremos que a Luzia fique com alguém, melhor escolher a parte que terá mais gente.

— Bem pensado — Valéria concordou, pegando na mão da namorada.

— E sem contar que a pista é o lugar mais divertido.

As duas riram. Luzia não disse nada. Já queria voltar para casa. Poderia estar lendo algum livro enquanto estava ali naquele tumulto e confusão. Era óbvio que aquele tipo de festa não era pra ela.

E teve ainda mais certeza disso quando entraram no escuro salão de onde saía as músicas, as luzes e as outras mulheres dançavam. Luzia não enxergava um metro à frente de seus olhos, parecia haver uma fumaça no ar, além da escuridão. O ambiente estava lotado de garotas dançando ao som da melodia que tocava. Uma batida forte e uma voz que cantava alguma coisa que não podia ser entendido. Valéria guiou as outras, segurando em suas mãos até o meio da multidão. Não foi uma tarefa fácil, precisaram se encolher, pedir licença e empurrar várias outras mulheres, mas era a única forma de se locomover no local.

Chegaram a um espaço onde cabia as três e como se magicamente alguém apertasse um botão em Minerva e Valéria as duas começaram a dançar ao som da música. Luzia ficou parada, ainda tentando acostumar a vista a pouca iluminação e observando o local e as pessoas que lá estavam.

Havia uma espécie de mezanino logo acima delas, onde outro grupo de mulheres também se encontrava, em mesas, dançando e bebendo como as que estavam logo abaixo. Uma delas notou que uma menina de cabelos azuis e vestida com uma jaqueta de couro olhava em sua direção e fez questão de sorrir e acenar. Luzia desviou o olhar e voltou a se atentar ao que estava mais próximo dela. As amigas em sua frente dançavam esfregando o corpo uma na outra, sorrindo e se beijando.

A Liberdade que LimitaWhere stories live. Discover now