Capítulo 20

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Gustavo permaneceu observando a porta por onde Luzia havia saído ainda perplexo. Wanessa se afastou dele e se jogou no sofá que antes ela ocupava.

— Eu... — começou ele, sem saber exatamente o que dizer. Jamais havia imaginado uma reação daquelas da garota.

— Não se culpe. Ela não anda numa fase muito boa. Não é culpa sua.

— Não achei que ela fosse fazer isso. Eu só me irritei um pouquinho.

— Eu sei. Eu vi. Mas esquece isso. É melhor deixar ela sozinha e quieta um tempo. Vai passar. Todo mundo tem momentos de tristeza e irritação de vez em quando. E a Luzia tá em uma fase nova, se redescobrindo e ainda com esse plano de igualdade.

— Tudo bem.

Gustavo relaxou e sentou na poltrona onde estava antes.

— Esqueci de oferecer. Quer alguma coisa pra beber ou pra comer? Alguma coisa alcoólica? É bom pra relaxar. Tenho um licor que segundo dizem é maravilhoso.

Ele assentiu com a cabeça e ela foi até o aparador-bar próximo a TV pegar uma dose de licor para ele. Enquanto providenciava a bebida aproveitou para comentar:

— Nós vivemos em uma sociedade diferente da de vocês, com uma cultura e um modo de ser diferentes. Não estamos acostumadas a nos frustrar e não conseguir o que queremos. E foi o que aconteceu nesses dias, nossos planos não deram muito certo e isso deixou a Luzia ainda mais irritada.

Gustavo não disse nada. Talvez Wanessa tivesse razão.

A moça fechou a garrafa e voltou para o seu lugar, entregando o copo para Gustavo.

— Você não vai beber? — perguntou ele.

— Eu não bebo nada que contenha álcool. Apenas água e sucos naturais. Mas pode ficar à vontade. Não me importo.

Ele tomou um longo gole da bebida. Estava acostumado apenas com coisas simples como cerveja e chopp. O mais forte que havia bebido até aquele dia era cachaça pura. Seu paladar estranhou o doce da bebida que desceu arranhando sua garganta. Mesmo assim, prosseguiu e deu mais um gole antes de falar.

— Acho que eu devia me desculpar com ela.

— Esse não é o momento. Ela ainda está de cabeça quente. E tá vindo uma tempestade por aí. Melhor ficar aqui dentro até passar.

Ambos olharam pela pele de vidro e só avistaram nuvens escuras e raios que se aproximavam cada vez mais de onde estavam.

— Acho que a Luzia não se importará se continuarmos decidindo. Afinal quem abandonou tudo foi ela.

Gustavo respirou fundo:

— Eu falo com um por um dos homens e aviso sobre essa reunião que vocês querem fazer.

A mudança de atitude dele surpreendeu ela, que abriu um sorriso:

— Ótimo! Obrigada. Assim conseguiremos as coisas muito mais fácil. Sabe? Nossa visita ao governo pra entregar o documento também não teve muito sucesso.

— Como assim? — ele terminou a bebida e depositou o copo sobre a mesa de centro.

— Ninguém importante quis nos atender quando contamos o que pretendíamos falar. Nem mesmo os cargos mais baixos concordaram com o que queremos. Elas acham loucura, principalmente vindo de duas mulheres.

A Liberdade que LimitaWhere stories live. Discover now