Capítulo 19:

507 72 97
                                    

— Eu preciso da ajuda de vocês. — Gustavo declarou assim que adentrou o pequeno apartamento onde Rick e Gean viviam juntos.

— Agora? Não pode ser amanhã? Nós estamos cansados Gustavo.

Era tarde da noite, após um dia exaustivo de trabalho, mas, ainda assim, Gustavo optou por ir até o local onde os amigos moravam para deixar tudo certo para o dia seguinte. Após sair do turno na fábrica havia pego os panfletos com Wanessa e no dia seguinte precisaria distribuir todos eles entre seus colegas. Mas não conseguiria isso sozinho.

— É amanhã. Mas eu preciso que já fique certo que me ajudarão. Se não, terei que encontrar outros. É uma coisa muito importante.

— E você não vai nos dizer o que é? Como vamos ajudar?

— Achei que estivessem cansados e quisessem falar sobre isso amanhã.

— Começou, agora termina! — os olhos vermelhos de Gean refletiam curiosidade. Os dois namorados haviam caído direitinho na armadilha de Gustavo. — No que quer que a gente ajude?

— Lembram daquela minha amiga mulher?

— A louquinha de cabelo azul? — Gustavo assentiu. — Lembro.

— Ela e uma outra amiga criaram uns panfletos com uma declaração sobre os direitos dos homens. É um documento que diz que somos iguais a elas e temos os mesmos direitos. E elas querem que a gente distribua pra todos os homens amanhã na fábrica.

— Distribuir uns papéis? Achei que fosse alguma coisa mais legal!

— Não é qualquer papel. É uma declaração que diz que somos iguais as mulheres. Isso é importante! É a maneira de conscientizar os outros homens.

— Você acha mesmo que papéis vão conscientizar alguém?

— E o que vai, então? É um começo. É o começo pra sermos tratados como iguais.

— Tá, que seja! Mas como nós vamos entregar esses papéis? Não dá tempo, a gente já chega na hora de começar a trabalhar. E eu não quero me meter em confusão.

Rick que estava calado, apenas observando até aquele momento, resolveu falar:

— Eu também não. Acho isso aí bem nada a ver.

Gustavo bufou! Os amigos eram uns idiotas alienados. De que forma queriam mudar a sociedade que vivam se tinham medo de enfrentar as consequências disso e dar um primeiro passo? Pensou em desistir da dupla e fazer tudo sozinho, mas lembrou que com o tempo escasso jamais conseguiria entregar todos os panfletos sem ajuda. E precisava concluir a tarefa amanhã. No dia seguinte Luzia e Wanessa já entregariam o documento para o governo e para isso Wanessa lhe explicou que precisariam que todos os homens já tivessem lido a declaração.

— Não vai dar em nada. — Gustavo começou a argumentar. — Ninguém vai fazer nada. É só uma declaração. As mulheres não vão saber até que todos já tenham lido e seja entregue pro governo. E ninguém vai saber que fomos nós que entregamos. E façam isso pela nossa amizade. Eu preciso muito da ajuda de vocês. Não vou conseguir sozinho e vocês são os únicos amigos que tenho.

— Mas Gustavo, desista dessa ideia louca. As mulheres nunca vão aceitar uma coisa dessas. Nem vamos perder tempo.

— Vai ser pior a gente se arrepender de não ter tentado. Nós podemos mudar tudo. Não vamos deixar essa chance passar. Imagina que todos os outros homens do futuro podem permanecer nessa mesma situação apenas porque não quisemos entregar uns papéis.

A Liberdade que LimitaWhere stories live. Discover now