2ºCapitulo

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A palavra mergulha no espaço á nossa volta, e eu não tenho a certeza de quem a disse. Se saio ou não da minha boca, se foi ele. A única coisa que eu podia saber era que, assim que a palavra entrou por mim, eu senti a minha respiração parar, o meu coração parou, a minha cabeça parou, e por uns nano-segundos, o mundo parou de girar. Eu estava presa em frente a ele, e a única coisa que eu podia fazer, era estar de pé, em frente a ele. A olhar os olhos dele, a ver o brilho nos olhos dele, eu tinha a minha cara molhada de lágrimas, mas ele não estava diferente. Ele tinha os olhos vermelhos, e ambos não devíamos estar a ver o filme na mesma cor.

Mas eu soube que a palavra veio dos lábios dele, antes de eu a conseguir pronunciar. Ele deu o primeiro passo na autodestruição. Eu pensei na palavra, mas ele foi mais rápido e alcançou-a mais rápido. Eu não podia prever aquilo.

Todas as vezes que discutimos, cada mentira que demos, cada mentira que ele usou, quem acabou por destruir tudo fui eu. Eu dei cabo de tudo, isto não é merda nenhuma de livros, em que o rapaz dá cabo de tudo, isto é a merda da vida real, e fodace senão dói.

Eu levo a minha mão á minha boca enquanto tento abafar os soluços, e vejo quando os olhos dele não largam quem eu sou. Ele não para de olhar, e eu não posso aguentar a forma como ele olha para mim. Como se eu fosse desconhecida, como se nunca nos tivéssemos visto.

-sai.- Eu murmuro.

-Sophia...

-fodace sai.- eu grito.

Ele abre a porta branca de casa, mas antes dele sair, ele olha para tudo, e no fim ele olha para mim. Eu vejo enquanto uma lágrima rola pela sua cara enquanto ele se vira. Eu corro até á porta e fecho-a com quanta força tenho. O estrondo não é tão grande como a dor no meu coração, eu deixo-me escorregar até ao chão e grito, grito desesperadamente enquanto a dor me corrói por dentro, eu nunca pensei que nada fosse doer tanto. As visões são nada comparadas a isto. Eu levo a minha mão ao meu peito, onde o meu coração bate, e eu não me posso impedir de arranhar a zona, como se a escavar um buraco, eu quero agarrar no meu coração partido e tira-lo de mim. Havia um motivo para eu ser a rainha do gelo, mas ele derreteu tudo, e agora tudo o que me restou foi dor.

Dói tanto que eu não posso evitar os arranhões que deixo no meu peito. Talvez se eu escavar o suficiente eu possa mesmo tirar de lá o meu coração. Eu sinto como se o meu coração fosse uma ferida infetada que eu precise de tirar para tratar. Mas eu não posso tira-lo, e eu não consigo aguentar a minha dor.

Todos os momentos que passei aqui dentro com ele, estão tão vividos que eu sinto a sua mão no meu cabelo, mesmo que ele já não esteja lá. E eu grito para que ele saia, mas ele não sai. Ele toca-me, mesmo sem estando perto de mim, ele controla-me e faz de mim aquilo que eu sou, e merda se não dói.

Eu levanto-me cambaleante e eu não posso ver claramente o chão enquanto as minhas lágrimas caem desesperadamente e a minha visão está baça.

Eu abro a porta do quarto, e a dor aumenta, eu passo as minhas mãos pelo meu cabelo enquanto eu olho para a roupa dele espalhada pelo quarto, enquanto eu vejo calças, cintos, t-shirts, escovas, e cabelos nas almofadas.

Eu dispo-me e atiro- toda a minha roupara um sitio onde eu não a possa ver, e depois sem que eu de conta eu visto a sua t-shirt branca. O tecido toca a minha pele e eu sinto-me embrulhada nele.

Eu atiro-me para a cama e eu posso sentir o seu perfume, eu quase posso sentir o seu corpo ao meu lado. E enquanto eu me enrolo na posição fetal e eu continuo a chorar eu sinto-me dormente, mas ao mesmo tempo eu sinto-me como se estivesse a viver as minhas emoções mais que nunca, o meu coração bate rápido e o meu estomago embrulha-se numa bola.

Vision 2 - PrisonersWhere stories live. Discover now