Agora eu quero ir

Capítulo 5

Betina Narrando.

Além de ter passado a manhã todinha só na casa, tive que ficar fazendo a recatada do lar no mercado olhando os melhores preços e ainda conferindo lista. Porque tudo faltava naquela casa, na hora de passar as compras que eu fui me dar conta do limite do cartão que o Miguel não havia me dito, aquele processando já estava dando um coiso no meu coração, já estava planejando na minha cara de choro e na cena que iria fazer ao ligar para um dos meninos, mas para glória dos humilhados o cartão passou.

Eu precisei chamar um UBER pra voltar, já que eu estava com um mundo de sacolas. Eu esperei o Erick chegar em casa pra me ajudar pra guardar as compras e assim ele fez quando chegou. Mas logo depois ele precisou sair para o curso, Noah também chegou e logo saiu pra ficar com a Érica. O Will também mal chegou e já saiu também. Fica sozinha em casa, então fui fazer o que? Passar uma vassoura na casa.

Coloquei meus fones de ouvido e fui bem linda limpando a casa. Já estava terminando na sala, quando viro pra ir à área de serviço guardar as coisas vejo o Miguel com o celular na mão como se estivesse gravando. Meu rosto queimou na hora e eu fui já com o sangue quente pra cima dele.

Betina: Não confio. – Olhei séria pra ele – Deixa eu ver aqui? – Estendi minha mão para ele me dar o celular.

Miguel: Vai ter que confiar então. – Ele enfiou o celular no bolso.

Betina: Anda, Miguel.

Miguel: Não Betina.

Betina: Eu estou falando sério. – ODEIO quando estou falando sério com a pessoa e ela fica rindo. Vontade de arrancar dente por dente pra ver só uma coisa.

Miguel: Qual é, fica de boa aí, deixa eu passar. – Fiquei de prontidão na porta da sala e ele ficou bem de frente pra mim com aquela cara de inútil que ele tem.

Betina: Nem adianta fazer essa cara aí, não vai passar.

Miguel: Te tiro daí num instante, sabe disso né?

Betina: Se você me zoar com esse vídeo, eu vou foder sua vida.

Miguel: Não deu tempo de gravar, porra.

Betina: Tu não tá me tirando de otária né?

Miguel: Claro que não po.

Betina: Certeza mesmo?

Miguel: Confia no pai.

Ele fez aquela cara de sonso que olha, respirei fundo, sai da frente e fui guardar a vassoura, junto com os produtos de limpeza que usei na casa na área de serviço.

Fui para o meu quarto, peguei uma muda de roupa, havia colocado as coisas de mais utilidade minha direto no banheiro, então só peguei uma toalha e fui para o banheiro. Tomei um longo banho, assim que sai me sequei, coloquei minhas peças íntimas, meu pijama já e prendi meu cabelo em um rabo de cavalo. Fui para a cozinha pra fazer algo para eu jantar, então fui olhando as coisas decidindo o que faria, já que com certeza o Miguel vai ver e vai querer comer também.

Miguel: Betina... – Olhei na direção em que ele chamava e o vi parado atrás da bancada.

Betina: Seu cartão?

Miguel: Também, mas e aí, tu vai fazer algo pra comer? – Ele perguntou um pouco sem jeito, parecia até que estava me sondando.

Betina: Por quê? Vai querer comer?

Miguel: Ah... Você não quer sair pra comer?

Betina: Oi? – Olhei até direito pra ele, pois com certeza isso era um ato inédito.