Capítulo 3

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Marina

Vou olhando a cidade e ja começo a sentir uns arrepios,quanto morro tem aqui,mas o mar me fascinou,que visão era aquela? Ja deu logo uma vontade de dar um mergulho,o Rio era realmente lindo.

De repente o carro parou.

-Chegamos,vou retirar as malas e a cadeira de rodas.-disse o motorista.

-Dirce traga minha cadeira por favor? Filha cuide das malas,vou ver se tem alguém aqui pra nos levar la pra cima.

-Ta bem mamãe! - Desci do carro e comecei a olhar aquele morro,parecia não ter fim,confesso que fiquei com o coração apertado,não tive boa impressão,minha mãe não havia contado que morava no morro,mas depois vou querer saber direito disso.

Olhei pra baixo e em direção a minha mãe,meu corpo gelou,que homem lindo,mas que medo,ele esta com uma arma enorme atravessada nas costas,sentado numa moto gigante,de boné,ouvi minha mãe dizer meu nome e de repente ele me encarou,não disse nada pra mim,só virou pra um menino e mandou nos levar pra casa.Depois saiu com sua moto sem dizer mais nada.

 Fingi que não prestei atenção,mas que homem maravilhoso.Viro pra mamãe e vou ajudar ,o garoto pega as malas e ajuda minha mãe entrar no carro,aquela subida parecia não ter fim,eu olhava tudo prestando atenção em cada detalhe,casas empilhadas uma encima da outra,parecia que todas estavam em construção,era raro uma que estivesse acabadinha,becos,muitos bares,lanchonetes,tudo muito estranho,mas as pessoas eram tão sorridentes,gostei disso.

Paramos enfrente ah uma casa até que grande para os padrões do lugar. Ja instalada comecei a olhar os detalhes,a casa tinha cinco cômodos e era bem arrumada,não tinha garagem,a porta de entrada ficava de frente pra rua,mas tinha uma areazinha com varias plantas,a sala era pequena,mas aconchegante,a cozinha bem arrumada,em seguida o quarto de mamãe,o banheiro e depois o quarto que eu iria ocupar. Não tinha escadas,isso era bom pelo estado que minha estava.

Tomei um banho,quando sai do quarto a mesa ja estava posta,dona Dirce tinha arrumado tudo com muito carinho,almocei e fui sentar com minha mãe na sala,eu precisava entender o que estava acontecendo,como ela veio morar aqui e também saber sobre a doença que estava deixando ela tão frágil.

-Filha sei que esta com muitas duvidas,mas vamos conversar e entendera tudo.

Fiquei ali ouvindo tudo,olhando nos olhos dela. Ela me disse que deixou a cidade de São Paulo porque perdeu tudo,inclusive a casa,a loja de roupas faliu e ela vendeu a casa pra tentar se reerguer mas foi pior ainda,quando chegou no fundo do poço decidiu que voltaria a trabalhar de enfermeira,conseguiu um emprego numa clinica,mas disse que do dia pra noite sua vida mudou,o medico a convidou pra vir pro Rio pra trabalhar aqui,sem pensar ela veio,um mês depois na linha vermelha,teve um tiroteio e o medico foi baleado e morreu,ela ficou meio perdida porque fecharam a clinica e uma colega de la falou  que a traria pra morar um tempo com ela,até que  arrumasse um emprego,ela veio,conseguiu um emprego no posto do morro,conheceu o dono da boca,que foi com a cara dela e cedeu aquela casa pra ela morar,ja tinha 8 anos que ela morava la,mas tinha vergonha de me contar,porem a três meses descobriu um câncer já enraizado e queria me ver,me abraçar,ficar comigo no pouco tempo que ela tinha de vida.E depois disso eu voltaria pra morar com meu pai.

Dona Dirce era uma vizinha que não tinha família e soube que estava cuidando de minha mãe por ondem do Robocop,mas me disse que ficaria com minha mãe mesmo se ele não mandasse,porque eram amigas e ela gostava muito da minha mãe,então ela vinha de manhã e só ia embora de noite.Ela é muito simpática e prestativa,gostei dela.


Destinos traçados no morro- CONCLUÍDOWhere stories live. Discover now