Capítulo 29

11.5K 647 7
                                    

Marina

Quando vejo que ele esta no banho me apresso em pegar minhas coisas,vou pra casa da Luma e durmo por la mesmo,essa indiferença esta me matando.Saio e peço pra o Luizinho me levar de carro.Ele não faz nenhuma pergunta pois já sabe que vou embora.Chego na Luma e quando ela vem até mim a abraço e choro no seu ombro.

-Amiga,ele não pediu pra eu ficar,disse que depois que eu saísse ele colocaria outra no lugar,achei que ele poderia sentir qualquer coisinha por mim,mas eu me enganei,vou dormir aqui,não estava suportando a frieza dele.-digo com voz embargada.

-Mari,eu também achei que ele diria alguma coisa,mas não fique assim,você vai voltar pra sua vida de antes e vai encontrar alguém legal,que não seja tão torto na vida,você não merece essa vida,pensa que será melhor assim,e não esquece que vou morrer de saudades,já estava tão acostumada contigo,mas tenho certeza que será melhor pra você!-e me abraça forte.

Mal cochilei,fiquei virando de um lado pro outro,minha vontade era de correr morro acima e me entregar de novo pra ele,mas ele não se importava comigo,ele não me queria,não entendo como um ser normal não deixa nenhum sentimento tocar seu coração.

No aeroporto eu ainda chorava,não queria de verdade subir naquele avião,mas não tinha mais nada aqui que me prendesse,com muita tristeza me despedi da Luma e fui embora,limpei minhas lágrimas e falei pra mim mesma.

-Vida que segue Mari,essa dor vai passar!-e entrei no avião.

A viagem foi tranquila,papai foi me buscar no aeroporto,ele estava triste por mim e me abraçou muito,chorei feito criança no colo do pai,por minha mãe ter partido e pelo amor que eu havia deixado no Brasil,mas eu não iria dizer a ele isso,muito menos quem era o Leo,ele me crucificaria.

Os dias foram passando e me matriculei na faculdade e comecei a trabalhar numa lanchonete.Meu pai estava bem preocupado comigo porque eu ja não sorria mais,não tinha pressa de viver,não fazia planos,ele praticamente me forçou a ir estudar,mas meus dias eram assim,chatos,estava faltando algo,estava faltando alguém.

Eu conversava com a Luma quase todos os dias,eu sempre perguntava do Leo,e as noticias nunca eram boas.Ela me disse que ele não colocou ninguém no meu lugar,mas vivia com as putas encima da moto,cada dia era uma diferente,só me preocupei quando ela disse que ele vivia bêbado ou drogado e só fazia maldades no morro.Ela dizia que estava feliz por eu não estar la pra ver o que ele estava fazendo,porque eu sofreria muito,mas ninguém no morro entendia porque ele havia mudado tanto com a comunidade.Ela e o Raposão estão morando na antiga casa da minha mãe,e estava super feliz porque ele realmente estava dando muito valor a ela.

Eu gostava de saber o que estava havendo por la,parecia que aquela vida me fazia falta,parecia que ali não era mais meu lugar.

______________________________________________________

Robocop

Ela se foi mesmo,porque não pediu pra ficar?Que porra,porque estou tão incomodado com isso,porque to sentindo a falta dela aqui?O que essa filha da puta tinha de diferente das outras?Não vou ficar aqui pensando nisso,vou fazer um baile e comemorar que to sozinho mesmo,mas pensando bem,nunca estive com ela,nunca assumi isso,foi tão rápido a passagem dela no morro,eu só queria judiar dela porque me desrespeitou,me desobedeceu quando quis fugir com a mãe do morro,contrariou minha ordem,era só maldade que eu tinha no pensamento quando tranquei ela aqui em casa,não entendo que porra ta acontecendo,mas vou virar o jogo e serei mais filho da puta ainda,até tirar essa merda da minha cabeça.

Pego minha moto e vou pra boca.Os cuzão da segurança estão todos cochichando,tão de palhaçada.

-Viraram fifi?Que porra ta acontecendo aqui?Se tiverem algo pra falar solta de uma vez,to sem paciência pra risadinhas.Meto logo uma bala na cara!-grito pra todos que me olham e em seguida abaixam a cabeça.Entro na minha sala e o Raposão esta la.

-Fala arrombado!Vamos por esse bando de vagabundo pra trampar,quero ver dinheiro movimentando meu caixa,ninguém fica parado hoje,ninguém ,ta entendendo Raposão?-grito pra ele.

-Ta de mal humor hoje patrão?Isso aí tem nome e já esta no avião indo pra em longe.-diz e solta uma gargalhada.

Pego minha pistola e miro na cara dele.

-Qual é filho da puta?Ta achando que ta falando com quem aqui?Virei comédia pra tu rir da minha cara?Comigo cobra não se cria não,meto uma bala na sua testa e pode crer que será sem arrependimento.-falo com sangue no olho.

-Calma aí Leonardo,to só brincando,num ta mais aqui quem falou.Baixa essa porra aí,sou teu irmão cara!-ele se levanta .

-Num to nessa porra pra fazer ninguém rir não,porra,quero que todo mundo se foda,se pegar mais um falando merda não vai ter perdão,nem vou avisar,mato logo e mando enterrar.Já é?Responde caralho,você entendeu?Se entendeu passa pra geral ficar ligeira comigo.-e sento na minha cadeira.

-Ta entendido Leonardo,vou passar a visão.-ele se levanta pra sair.

-Outra coisa,aqui sou Robocop,aliás,sou aqui e em qualquer lugar,ta entendido?-digo e encaro ele.

-Ta entendido Patrão,já é!To indo passar pra geral.-e sai da sala.

Esses porras tão precisando me respeitar,to aqui brincando de bandido não.

Faz muito tempo que não uso cocaína,mas hoje a mente ta pedindo uma carreira,abro minha gaveta e tiro um saquinho de la,faço uma carreirinha e enrolo uma nota,puxo tão rápido quanto um tiro e coloco minha cabeça pra cima encostando na cadeira,é hoje que me acabo nessa merda.Fico assim uns minutos em seguida acendo um beck,não satisfeito peço pro vapor trazer uísque,vou bebendo,vou fumando,vou cheirando,foda se,quero mais é esquecer.

-Raposão,quero baile na quadra esse sábado,chama um cantor de funk bom,avisa os aliados dos outros morros que vai ser só bagunça,muita bebida e mulher,ta geral convidada,e que tragam mulheres.Copiou?-digo no radinho.

-Ta copiado patrão,já vou começar os corre,sábado vai bombar aquela quadra.Deixa comigo.-respondo todo animado.

Saio da boca,vou dar um role no morro,ver as carnes que tem aqui,quem sabe uma não me agrade,Robocop vai caçar,acelero a moto e vou descendo.

Não demora nadinha e vejo umas putas dando risada pra mim,paro e mando a mais gostosa subir.Volto com ela pra boca,porque é ali que fodo com as putas,mando logo ajoelhar,coloco meu pau pra fora e mando mamar,a desgraçada até que chupa bem,mas de repente me pego pensando na morena,que delicia de mulher,percebo que gozo na boca da puta e engole tudo,não tenho vontade de fuder ela,jogo umas notas e mando sair fora.

Acendo mais um beck e relaxo,a morena invade de novo meu pensamento.Merda,merda,merda,não quero mais pensar nessa mina,mas ela teima em voltar na minha mente.Isso vai ter que acabar,não quero mais lembrar dela.Bora beber.


Destinos traçados no morro- CONCLUÍDOWhere stories live. Discover now