Capítulo 31

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Robocop

Acordo com meu rádio tocando,mas que porra,ainda ta amanhecendo.

-Fala porra,espero que seja mesmo importante,me chamando uma hora dessa!-ja mando logo a real.

-Porra patrão,tão invadindo o morro,os alemão tão subindo.-Menor grita do outro lado.

-Atividade nessa porra,manda os vapor se armar,tem muita munição e arma no quarto da boca,to descendo.-me levanto só visto uma bermuda,corro pro banheiro faço minha higiene e saio disparado de casa.

Vou descendo pelos becos com uma porrada de moleque na segurança,os tiros não param nem um segundo,vou vendo uns caindo do meu lado,mas nem paro,atiro contra os alemão sem dó,e vários vão caindo também,encontro o menor e o Raposão subindo um beco.

-Patrão os alemão são muitos,não sei se vamos conseguir barrar,já derrubaram toda contenção no pé do morro,e no campinho tem até helicóptero!-Raposão fala agitado.

-Ninguém vai me tirar do meu morro não caralho,agilidade,vamos circular e meter bala sem dó,vamos pro campinho,cercamos lá e atraímos os viados pra lá,depois nois acaba com todos!-falo e sigo pro campinho,sou rato de favela e sei cada cantinho que posso passar sem levar bala,os moleques vem logo atras.

Chego no campinho e vejo o helicóptero,os alemão tudo em volta,armados até os dentes,mando circular e logo esta tudo cercado.O tiroteio é nervoso,os alemão começam a correr pra todo lado,o helicóptero levanta voo e sobe uma cortina de pó,eu não enxergava nada em volta,quando o pó foi se dissipando eu vi o Menor de joelhos e um alemão com uma pistola na cabeça dele,não deu tempo de levantar a metralhadora antes que o viado desse um tiro na cabeça do meu parça,em seguida dou várias rajadas de tiro no filho da puta.O tiroteio continua,Raposão fica do meu lado.

-Bora patrão,não podemos fazer nada agora por ele,bora!-eu estava com sangue no olho e ele também.

Continuamos enfrente e fomos derrubando os caras,os tiros foram ficando menos intenso,até que ouço um grito.

-Ja é!Tudo nosso patrão,ta susse,os alemão recuaram!-disse um vapor.

Corri onde o menor estava,mas era tarde,o moleque tava morto ali já.Porra mano logo o menor,moleque corria do meu lado,caralho,essas merdas vão me pagar.Olho pro lado e vejo a fiel dele correndo em nossa direção,mando um vapor segurar a mina,ela não merece ver o cara assim,mas o filho da puta não consegue segurar e ela se joga no chão gritando por ele,a Loira Tava num desespero só,mas eu não podia reverter aquilo.Mandei o Raposão cuidar de tudo pro moleque ter enterro digno e saí dali arrasado.

Que merda,pago caro pra ter informante na policia o filho da puta não me avisou,mas ele vai pagar por isso tudo,eu mato esse arrombado.Vou subindo o morro e acena é de guerra,vário moleque baleado,uns vivo e outros não,mas alemão tava tudo morto.Liberei a saída do morro só pras famílias que tinha moleque baleado levar eles pro médico.Fora isso,ninguém mais entra ou sai.Meu morro ta de luto,tenho que reorganizar tudo e ver baixas.Mas agora eles pediram guerra e não sou cuzão pra arregar não.Logo dou o troco.

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Marina

Tive alta no dia seguinte de manhã,meu pai estava me esperando,segui até ele,seu olhar era de desprezo.Mas ele não podia me obrigar a fazer essa crueldade,tentaria fazer ele mudar de ideia. Entramos no carro e então resolvi falar.

-Papai,eu preciso falar,não posso simplesmente deixar o senhor fazer isso,o corpo é meu,e eu quero ter essa criança,posso trabalhar e cuidar....-nem conclui e ele para o carro,vira pra mim e bate com tudo no meu rosto o virando de lado.

-Eu criei uma filha pra ser alguém no mundo,não uma sem vergonha que sai por ai dando pra qualquer um e voltar grávida!Se resolver ter esse...não conte comigo,você sai da minha casa e volta pro Brasil,não te quero aqui me envergonhando,e também aproveita pra esquecer que tem pai,você volta hoje mesmo pra la.Decide agora!

-Mas papai,eu não posso simplesmente fugir assim,tenho meu trabalho,a faculdade.-digo chorando.

-Não me interessa,qual é sua resposta?Fala agora.-e olha no meu olho.

Por um segundo eu pensei no meu bebe e não,eu não seria uma assassina,eu vou ter meu bebe.

-Eu vou ter esse bebe.-olho pra ele.

-Você fez sua escolha.-ele liga o carro e vamos pra nossa casa.

Por um momento achei que ele mudaria de ideia,mas não,mandou eu entrar e arrumar minhas coisas,ele nem saiu do carro,minha madrasta e irmã não estavam,eu arrumei tudo chorando,meu pai buzinava  e gritava pra eu andar logo,só arrumei uma mala com o mais importante e fui pro carro.

-Vou te levar pro aeroporto,você fica la até sair um voo pro Brasil.-me estendeu um envelope-Aqui tem o suficiente pra você arrumar uma casa e começar sua vida naquele país que nunca mais volto a por os pés,não me procure,não ligue pra cá nunca,esta ouvindo? Nunca!

Eu só conseguia chorar,onde estava aquele amor que ele dizia sentir por mim?Eu não conhecia esse homem que estava fazendo isso.Chegamos no aeroporto,desci pra tirar a mala do porta malas e voltei pra calçada,quando caminhei em direção ao carro pra me despedir ele simplesmente acelerou o carro,nem olhou pra trás.

Meu Deus quem é aquele homem,onde esta meu pai?Entrei no aeroporto,consegui uma passagem e sentei na sala de espera e chorei,chorei muito,desesperadamente,mas decidi que ali eu estava deixando minhas ultimas lágrimas pelo meu pai,eu vou conseguir,eu sou capaz,um dia ele vai saber que consegui,mesmo sem ele estar ao meu lado.Fiquei horas ali pensando o que eu poderia fazer primeiro,mas eu estava com um boqueio,não sabia por onde começar.

Embarquei no avião com uma tristeza que me consumia,mas ja que tem que ser assim,eu volto e tudo vai dar certo.


Destinos traçados no morro- CONCLUÍDOWhere stories live. Discover now