Como se livrar de um moleque apaixonado

Capítulo 1 - Das ideias a pior

— Mas eu te amo! — Brian repetiu sua declaração pela milésima vez, suas palavras carregadas de desespero ecoando no espaço entre eles. Seu tom era impregnado de uma mistura de determinação e tristeza, uma tentativa desesperada de fazer o mais velho compreender a profundidade de seus sentimentos.

— Brian, quantas vezes eu preciso repetir? — Questionou Dylan, usando da maior capacidade de paciência que tinha, que não era muita. Uma sombra de frustração cruzava seu rosto, mas ele se esforçava para conter qualquer impulso de agressão, optando a contragosto pela comunicação como meio de resolver o impasse. — Eu tenho quase o dobro da sua idade. Eu te vi crescer. Você não pode simplesmente continuar espantando meus namorados dessa forma! —  Dylan soltou um suspiro, sentindo o peso da diferença de idade entre eles ecoar em suas palavras. Ele lançou um olhar cansado para o garoto, lembrando-se das vezes anteriores em que Brian havia interferido em seus relacionamentos. A sensação de ser constantemente seguido pelo garoto estava começando a desgastá-lo.

Brian era o irmão mais novo do seu melhor amigo e seu vizinho desde que nascera. Dylan sempre foi a obsessão do garoto que hoje tinha dezesseis anos, mas tudo piorou quando ele decidiu que a admiração que sentia era amor. Essa revelação complicou ainda mais a dinâmica entre eles, transformando a relação em uma teia de emoções conflitantes e desejos não correspondidos.

— Já te disse mil vezes que não temos nada, nem seu amigo eu sou, sou amigo do seu irmão! — Dylan reclamou, irritado, sentindo o peso da exaustão pesar em suas palavras. Ele estava cansado dessa situação, que já se prolongava por quase quatro anos. A falta de privacidade era sufocante; Brian parecia estar sempre presente, sempre. A perseguição constante, os presentes indesejados e as tentativas de manipulação emocional estavam levando Dylan à beira do desespero. O pior de tudo era a difamação que Brian espalhava, contando a todos que via com o moreno que eles eram namorados e que Dylan o traía, uma mentira que começava a afetar seus relacionamentos. Por conta desse moleque nunca havia conseguido manter um relacionamento sério com ninguém. Ele tornava tudo complicado demais e minava qualquer chance de estabilidade emocional. A sombra de Brian pairava sobre todos os seus relacionamentos, criando um obstáculo para qualquer conexão significativa que Dylan tentasse construir com outra pessoa.

—Você só diz isso por que não me conhece. Eu sei que fomos feitos um para o outro, Dy! Eu juro que se você me der uma chance vai concordar comigo! — Brian falou cheio de convicção. Ele estava tão seguro de seus sentimentos que não conseguia compreender a resistência de Dylan. Para Brian, era como se o destino tivesse traçado um caminho claro para eles dois, e ele estava disposto a tudo para convencer Dylan disso.

Dylan não podia negar que sentia pena do garoto. Ele lembrava de como era ter 16 anos, mesmo que já fosse há 13 anos atras, e de como era gostar de alguém que não dava a minima para você. O problema não era apenas a idade; inegavelmente, o menino era bonito. Seu físico atlético, mantido pelo futebol, exibia uma forma invejável, e seus cabelos loiros queimados pelo sol formavam um contraste cativante com sua pele bronzeada. Se ele fosse mais velho, Dylan admitia consigo mesmo que poderia senti-se atraído por ele, talvez até flertar em um bar. No entanto, mesmo reconhecendo sua aparência atraente, Dylan sabia que isso nunca poderia se transformar em algo mais profundo do que um caso de uma noite. Afinal, além das aparências, eles não tinham absolutamente nada em comum.

—Brian, o que você quer de mim? — Perguntou em voz baixa, quase em um sussurro, enquanto passava suas mãos pelas têmporas do rosto, sentindo que sua cabeça estava prestes a explodir. A exaustão e a confusão se misturavam dentro dele, enquanto ele buscava desesperadamente compreender as motivações por trás da persistência de Brian.