Saindo de férias

28.9K 1.1K 22
                                    

Era bem cedo quando minha mãe, Nicoly, me acordou para arrumar minhas coisas. Não sabia ela que eu já havia feito isso há quase uma semana. Estava quase explodindo de tanta ansiedade, afinal, eu iria ficar com meu pai depois de tanto tempo. Já tinha tirado e colocado inúmeras coisas dentro daquela mala e contava os dias sem cessar, esperando o hoje chegar. Enfim, chegou. Enquanto penteava meus longos cabelos castanho claros, minha mãe gritou de onde estava, dizendo para descer, pois meu pai havia chegado. Senti uma felicidade enorme me percorrer e pulei da cadeira, saindo do meu quarto, correndo pelo corredor e descendo as escadas com muita pressa, quando então o avistei em pé ao lado do sofá na sala, me esperando com um sorriso no rosto. Não me contive em pular em seus braços como uma criança e abraçá-lo com muita força. Estava com saudades...
- Sam, como você está linda! - disse me observando um pouco após o contato e apesar de não ser tímida, não consegui esconder a vergonha.
- Ah, pai! Tive pra quem puxar.
Ele olhou pra mim e gargalhou brevemente, arrumando o óculos no rosto. Não querendo me gabar, mas eu havia herdado a beleza dos dois. Meu pai é muito bonito e jovem, afinal, só possui 33 anos. Os cabelos são loiros escuros e os olhos verdes, alto e esbelto. Minha mãe é negra de cabelos cacheados e compridos, os lábios carnudos e olhos também esverdeados. Não era muito alta, mas o corpo era muito bonito e curvilíneo. Quem nos via, acreditava que éramos irmãs ou amigas. Ela tem 31 anos. Estava no canto da sala, olhando pra gente.
- Só se você puxou somente para sua mãe, porque você não parece muito comigo.
Meus olhos caíram sobre ela e sorri animada, com aquela leve esperança minando. Ela veio até a gente com um risinho na face e deu um tapa amigável no ombro do meu pai:
- Pare com isso, Ricardo! Essa menina não parece nada comigo.
Ele deu de ombros e achei aquilo bem espontâneo. Meu pai e minha mãe não chegaram a se casar, mas viveram naquela casa onde moro atualmente por um tempo até eu alcançar uma certa idade e entender o que havia acontecido. Ele tinha 17 anos e minha mãe 15 quando ela engravidou de mim. Somente uma única vez para que eu pudesse ser gerada. E me contaram que não foi tão difícil porque meu avô paterno os ajudou em todas as questões financeiras, até mesmo quando meu pai conseguiu um emprego. Por ter sido uma relação juvenil, meus pais nunca quiseram se casar e ele só ficou conosco até meus 9 anos de idade para que eu pudesse crescer com aquele conceito de família constituída. Foi o que meu avô materno propôs, afinal minha mãe era muito nova e não poderia criar uma criança sozinha. Não sei se eles chegaram a se gostar alguma vez. Acredito que sim... Mas meu pai quis separar-se mesmo assim, pois "ainda era muito novo e precisava aproveitar a vida". Minha mãe disse que eles eram virgens e por isso que ele tanto quis aproveitar essa vida, longe de tantas responsabilidades. É justo!
Não sou complexada por ter nascido do acaso e por ter um pai relativamente desnaturado. Minha vida sempre foi muito boa e agora, depois de quase 2 anos sem vê-lo, só quero matar a saudade e viver como pai e filha, mesmo que seja por curto prazo.
Ele então subiu até meu quarto para buscar minhas coisas e fiquei junto de minha mãe, enquanto me aconselhava:
- Não vá fazer nenhuma besteira, Samanta. Por favor!
Eu franzi a testa, cruzando os braços: - Mas mãe, não faço tantas coisas assim.
Ela imitou a minha expressão e me abraçou assim que viu meu pai chegando: - Juízo!
Sorri, voltando a encará-la: - Tudo bem!
Então fomos para o lado de fora da casa e entrei no carro, vendo meu pai guardar minhas coisas no porta malas, ir até minha mãe, abraçá-la, passar pela frente do carro e entrar, sentando-se ao meu lado. Acenei pela última vez para minha mãe, que estava no jardim e então, saímos dali, seguindo pela rua abaixo no seu carro sedã de cor prata, contando com uma férias maravilhosa.

IRMÃO DO MEU PAIOnde histórias criam vida. Descubra agora