A casa caiu

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ATENÇÃO: Esse capítulo apresenta-se na terceira pessoa, pois a maioria dos fatos não foram presenciados pela Samanta.

Rodrigo olhou para seu relógio de pulso e depois para as nuvens. Estavam em uma tonalidade cor de rosa por conta do sol que estava se pondo no horizonte. Um suspiro fugiu dos seus pulmões e observando suas mãos suadas, lembrou que o dia havia chegado. Viu-se tão nervoso que optou em ir até a praia, observar as ondas do mar para tentar manter-se calmo, mas foi em vão. Pegou seu celular no bolso da calça jeans e percebeu que a bateria ainda estava em 64%, comprovando que daria de fazer o que queria. Então, percebeu uma mensagem em suas notificações e preferiu ler em pensamento.

" Te encontro às 19:00 na lanchonete combinada para conversarmos."

Como ainda era 18:10, resolveu levantar-se para caminhar um pouco pela orla, pondo as mãos no bolso. O vento forte bagunçava seus cabelos, assim como a camisa xadrez que estava sobre a camiseta branca com estampa de um super herói conhecido. Uma moça que caminhava na grande calçada olhou para ele e sorriu, querendo ser correspondida, mas frustrou-se quando recebeu apenas um risinho fraco. Mais à frente, um grupo de mulheres começaram a cochichar ao vê-lo passar, entusiasmadas e a fim de chamar sua atenção, mas Rodrigo estava tão inquieto mentalmente que não percebeu.
Aproximando -se de sua moto estacionada, apanhou o capacete preso ao veículo e o colocou na cabeça, sentando-se e logo, dando partida no pedal. Acelerando-a, o som do motor era alto e sentia um certo orgulho inflar seu ego com aquela aquisição.
Com isso, saiu daquele ambiente praiano, pegando a estrada indo à caminho de quem o aguardava. Não demorou muito para chegar em frente à uma lanchonete com um enorme letreiro colorido, piscando freneticamente o nome do lugar.
O rapaz mais uma vez estacionou sua moto e em seguida, adentrou aquele recinto, chamando a atenção por onde passava. Sua beleza era atraente em que até mesmo homens viravam seus rostos para analisa-lo. Mesmo sabendo disso, naquele momento, seu encanto não estava sendo conciliador. A maioria das coisas conseguia facilmente com sua astúcia e beleza... mas daquela vez, nada disso era válido.
Notando que estava logo ali, apressou os passos para então sentar-se de frente àquela que lhe esperava. Sorriu, mesmo nervoso, mas decidido. Deveria ao menos tentar... e tudo será melhor.

Mais tarde, a casa estava silenciosa quando sentou-se à mesa da sala de jantar.  Manteve-se com os braços estendidos com os dedos cruzados sobre o móvel, pensativo, olhando fixamente para o nada. Sentia seu coração bater compassadamente e tentou fazer uma música com aquela batida, até ouvir alguns passos descer as escadas. Não tentou adivinhar quem poderia ser, mas franziu as sobrancelhas quando viu Ricardo alcançar aquele cômodo, trazendo consigo uma mochila nas costas, vestido em uma camisa gola pólo vinho, calça jeans e tênis.
- Para onde você vai? - perguntou vendo o irmão virar-se para ele, parecendo frustrado.
- Estou indo resolver problemas da empresa. Não te avisei?
Balançou a cabeça em negação e então, sentiu um pouco de remorso, fazendo sua vista cair para suas mãos que já começavam a transpirar.
- Em breve você vai vê como é corrido, Rodrigo. Administrar uma empresa não é nada fácil.
Rodrigo ergueu o rosto novamente e sorriu fraco:
- Posso imaginar, meu irmão.
Ricardo retribuiu a expressão com um sorriso cativante e avisou:
- Bom, acho que volto amanhã de manhã. Cuida da casa e principalmente da minha filha, está bem?
Ao ouvir aquilo, Rodrigo sentiu as lágrimas despertar em seus olhos, mas conteve-se. Sorrindo forçadamente, assegurou:
- Pode deixar!
Ricardo então se retirou dalí. Ele não havia contado que iria viajar novamente, mas sua esposa sim. Vilma havia lhe mandado uma mensagem informando que "o palerma" iria sair. Parecia que o chamava assim de propósito, pois sabia que não gostava. Já havia reclamado diversas vezes mas ela não se importava. Nunca se importava com nada, a não ser com seu próprio prazer. Perdido em seus pensamento, não percebeu quando Samanta alcançou aquele recinto, fazendo - o até assustar-se. A moça o observou com o canto dos olhos, o que o fez virar o rosto para não ter que vê-la. Ela não pareceu se importar e sumiu para algum canto da casa, possivelmente para a  cozinha.
Pegou seu celular rapidamente e o colocou em uma função, logo sentindo um leve desconforto.
O coração acelerado parecia pulsar dentro da sua cabeça, levando as mãos até as têmporas para amassagea-las. Então, com passos lentos, Vilma encostou-se em uma parede próxima, vestida em uma camisola vermelha sensual, destacando as curvas do seu corpo. Ao notá-la após a massagem, ergueu as sobrancelhas, surpreso, pondo o aparelho no bolso. Levantando-se rápido, caminhou até ela e a puxou pelo braço, fazendo-a gargalhar:
- Está louca? Como vem pra cá desse jeito? Se alguém te vê?
- Não ligo! Quero transar bem gostoso, isso sim.
Rodrigo revirou os olhos e a puxou até ela reclamar:
- Quero que seja no escritório.
Parou e a encarou, aturdido:
- Não mesmo. Vai ser no meu quarto.
- Não! Quero no escritório, onde o Ricardo passa a maior parte do tempo dele.
Ele já parecia impaciente. Respirou fundo tentando manter a calma:
- Vai ser no meu quarto.
Vilma bateu o pé, como criança mimada:
- Escritório, Rodrigo!
Só não esperava que Rodrigo a agarraria pelos braços com muita força, esbravejando:
- Vai ser no meu quarto ou vai se foder.
Assustada, não pensou duas vezes em assentir, acompanhando-o pelo corredor escuro.
Ao chegar, passou a mão no rosto e caminhando até ela, pediu:
- Por favor, me desculpa! Estou bastante nervoso com esse plano.
Um pouco chateada pelo tratamento explosivo, resolveu considerar, afinal, aquele homem era inexperiente nessa área que já dominava. Deveria apoiá-lo para lhe trazer mais segurança. Abraçando-o devagar pela cintura, disse sedutora:
- Vai dá tudo certo, amor. Você vai vê...
Com isso, puxou-lhe o pescoço para um beijo. O rapaz a correspondeu, mas logo a puxou para sentar em seu colchão:
- Acho que você não deveria andar pela casa assim.
- Por que não? O Ricardo já tinha saído. -  deu de ombros, indiferente. 
- Mas a Samanta está em casa. Esqueceu o que nos aconteceu da última vez?
Lembrando-se, gargalhou um pouco:
- Ah, já está tudo sob controle. Ela não vai mais se meter com a gente depois da minha ameaça.
Rodrigo respirou fundo. Impaciente, Vilma virou -se para ele, passando sua mão no peito coberto pela camiseta, aproximando -se e sussurrando ao pé do seu ouvido:
- Quero você agora, Rodrigo!
Erguendo-se, pós-se de joelhos na frente do rapaz, tirando-lhe a roupa de cima, logo segurando-lhe as mãos para que lhe tocasse os seios. Rodrigo os massageou devagar fitando-a fixamente e a surpreendeu quando rapidamente, a puxou pela bunda, beijando-lhe a barriga. Vilma sorriu satisfeita enquanto acariciava-lhe os cabelos. Durante o tempo em que mantinham as preliminares, uma luz fraca acendeu-se pela abertura da porta do banheiro, chamando a atenção de Vilma:
- O que é aquilo? - ralhou, vendo apagar-se rapidamente após sua interrogação.
- O quê? - Rodrigo quis saber, vendo-a sair de cima dele e caminhando devagar até o anexo. Ele se sentou na cama e Vilma abriu a porta lentamente, ascendendo a luz. Um grito fino e alto ecoou alí , até assustando a Rodrigo, que levantou-se rapidamente:
- O que houve?

Nem esperou a resposta para correr até lá, deparando-se com Vilma sobre Samanta, no chão, tentando pegar o celular da mão dela, enquanto Samanta lutava tentando empurrá-la com a perna. Pareciam gladiadoras...
Rodrigo pegou Vilma pela cintura e a ergueu, mas não esperava que ela conseguiria pegar o aparelho da mão da garota. Tirando-a dalí, acabou jogando-a sobre seu colchão e Samanta saiu do banheiro, mantendo-se em pé no batente da porta.
- Está tudo bem? - Rodrigo quis saber, mas ela fingiu não lhe ouvir , enquanto Vilma revirava o celular em suas mãos, completamente ofegante. Os dois a observavam, até ela conseguir o que queria:
- Quer dizer que você estava filmando minha transa com seu tio, espertinha?
Samanta a olhava, respirando rápido. Vilma prosseguiu com o deboche:
- Por qual motivo fez isso?
- Para mostrar pra meu pai! - revidou, fazendo-a gargalhar de uma forma assustadora.
- Quer acabar com sua vida mesmo? Já disse que conto sobre você e seu tio.
Samanta deu de ombros:
- Não me importo! Prefiro ser repudiada do que vê e aceitar meu pai sendo traído. Logo por você, que ele tem tanta devoção.
Rodrigo tornou-se para a sobrinha, aflito. Surpresa, Vilma sorriu e de repente, jogou o celular na parede ao seu lado com uma força descomunal, fazendo-o despedaçar completamente:
- Que corajosa! - se levantou, caminhando devagar até a moça que a fitava de queixo erguido. Rodrigo ainda tentou ficar entre o caminho delas, mas Samanta pediu para que saísse, o empurrando pelo ombro. Surpreendentemente, a obedeceu, no entanto, manteve-se próximo a fim de evitar qualquer eventualidade.
Ambas ficaram frente à frente e com um riso de canto, a mulher ruiva disse em bom tom com ar de superioridade:
- É uma pena, pois hoje mesmo você vai ficar sem ele pra poder contar essa história.

Foi o suficiente para Samanta explodir, jogando-se sobre sua inimiga com as mãos em seu pescoço. Sem equilíbrio, Vilma caiu de costas no chão, fazendo Samanta colocar -se sobre ela. Suas mãos apertavam com tanta força a garganta da outra que Rodrigo a puxou rapidamente enquanto Vilma mantinha seu sorriso no rosto, vermelha pela falta de ar.
- Por que você está falando isso, sua vadia? -gritou, sendo contida por Rodrigo que também estava atônito com aquela informação.
Tossindo e tentando se recompor, Vilma passava a mão trêmula  na parte lesionada, erguendo-se. Então, deixou seus olhos caírem sobre a jovem com a expressão desfigurada:
- Mandei cortar os freios do carro dele. Até chegar ao seu destino, com certeza todo o fluído já terá acabado.  Prepare-se para reconhecer o corpo logo mais no IML.

Ao ouvir aquilo, Samanta sentiu um frio na espinha que subiu até a nuca. Seu coração pareceu apertar em seu peito de tal forma que parecia surreal. Rodrigo soltou a sobrinha e deu um passo para trás, levando as mãos à cabeça.
Quando subitamente a porta daquele quarto é aberta e passam por ela quatro pessoas desconhecidas com armas em punho.
- Dona Vilma, você está presa! - um deles gritou com a voz  feito um trovão, fazendo Vilma arregalar os olhos desesperada.
No entanto, tudo aquilo que acabara de acontecer não fora percebido por Samanta, que só pensou em correr o mais depressa que pôde, esbarrando naqueles policiais que estavam na sua frente. O corredor pareceu imenso e as lágrimas já escorriam em seu rosto. Passava mil coisas em sua cabeça, mas  somente uma frase prevalecia: "O meu pai não, por favor! Meu pai não, por favor!". Ao alcançar a sala, tentou abrir desesperadamente a porta de acesso à garagem e ao conseguir, apressou -se em entrar. Ao notar, suas pernas fraquejaram, fazendo-a cair de joelhos no chão, deixando que seu pranto fugisse de seus pulmões em um grito de choro.

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