Acabou!

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Estive deitada na minha cama por muito tempo. Não sei como explicar o que tem me acontecido, mas estou buscando forças para escrever por conta do meu compromisso com vocês, afinal, disse que ia contar tudo, não é mesmo?
Pela manhã, percebi Rodrigo um pouco frio comigo. O encontrei na sala de estar tomando uma xícara de café assim que desci. Como vi que não tinha ninguém próximo, me sentei ao seu lado bem animada e lhe beijei o rosto, esperando palavras de carinho:
- Bom dia, amor! Dormiu bem?
- Não muito bem!-exclamou sem muita alegria, me preocupando:
- O que aconteceu?
Olhou para mim rapidamente e colocou a xícara sobre a mesinha de centro, logo voltando-se para mim, sem conseguir me encarar:
- Samanta, ando bem preocupado. Ter ficado contigo nesses últimos dias foi a melhor coisa da minha vida, afinal, nunca gostei tanto de uma pessoa como gosto de você. Mas já estou ficando muito aflito só de imaginar no que possa acontecer conosco.

Meu coração estava disparado. Ele estava rompendo comigo, com certeza! Tudo estava tão óbvio que não consegui evitar as lágrimas que insistiam em cair dos meus olhos. Continuou:

- Por isso é melhor nós pararmos essa aventura por aqui antes que a gente venha se fuder de vez.

Não sei como consegui perguntar, sentido-me usada, iludida, completamente arrasada:

- E o nosso compromisso, Rodrigo? Por que você me fez acreditar que ficaríamos juntos?

Respirou fundo, enfim olhando para mim e limpando as mãos suadas na bermuda jeans.
- Pensava que seria possível, mas depois que o Ricardo foi no meu quarto atrás de você, não calculei o quanto isso foi perigoso. Imagine só o que poderá acontecer se formos descobertos? Não quero que o Ricardo tenha algum desgosto por nossa causa. Agora que você voltou a ter seu pai consigo, vejo o envolvimento de vocês e ele está tão feliz... Não quero estragar isso.

Já estava ficando ligeiramente chateada com aquela situação. Cada palavra que ele me falava me irritava gradativamente. Quer dizer que o sentimento que temos um pelo outro é inferior àquilo que meu pai ia pensar da gente?

- Então quer dizer que você está terminando comigo, Rodrigo?

Ele coçou a cabeça, respirou um pouco e depois, voltou a olhar para mim:
- Sim!

Em um impulso da raiva, explodi a palma da minha mão em seu rosto, pegando-o de surpresa, fazendo-o virar pro outro lado. Pensava que iria tornar-se para mim protestando exaltado, mas apenas virou -se bem devagar. Me levantei do sofá e arrasada, quase gritei:

- Você nunca me amou, Rodrigo!

Então, do mesmo jeito que estava, sussurrou só para que eu ouvisse:

- É por te amar que estou rompendo.

Mas não dei a mínima. Não queria nem olhá-lo. Minhas lágrimas pareciam que iriam me sufocar. Só queria chegar no meu quarto, me jogar na minha cama e por sorte, morrer de tanto chorar.
Só não esperava esbarrar em Vinicius antes mesmo de alcançar as escadas, o que realmente não queria. Ao me vê daquela forma, segurou meus braços com força e quis saber:

- O que está acontecendo, Samanta?

Não respondi. Mesmo se quisesse, minhas palavras não sairiam. Tentei empurrá- lo, quase me debatendo nele para me livrar daquele infortúnio, mas seus braços me envolveram pelos ombros com tanta força que não consegui mais fugir. Exausta por conta da briga para me desfazer do enlaço, entristecida e sem conseguir segurar o choro, acabei apoiando meu rosto em seu peito, enfim, sentindo-o me abraçar devagar.

- Você quer conversar?

Não respondi e desorientada, aceitei que me ajudasse a subir as escadas. No meio do corredor, quando abriu a porta do meu quarto para que pudesse entrar, meu coração pareceu despedaçar um pouco mais quando meus olhos caíram sobre o quadro, me fazendo desmoronar mais ainda. Vinicius estava completamente confuso:

IRMÃO DO MEU PAIWhere stories live. Discover now