Vamos para a praia

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Era domingo, de manhã cedo quando Ricardo nos avisou que iriamos para a praia. Nunca imaginei que ficaria tão empolgada para um programa dominical, e com meu pai...

- Você vai, tio Rodrigo?

Ele tomou um gole de café e olhou para mim, logo me respondendo:

- Não!

Minha decepção foi tão visível que até meu pai percebeu:

- Vamos conosco, Rodrigo. Percebo que a Samanta se apegou muito a você.

Do nada, começou a tossir, engasgado com a bebida e sorri discretamente, achando aquilo divertido. Logo tornei-me para Vinícius, que estava sentado do outro lado da mesa, descascando uma maçã para Vitória, entretido.

- E você, Vini?

Ele me olhou depressa, com cara de desdém.

- Só se eu quiser derreter.

Ao ouvir aquilo, Rodrigo gargalhou, fazendo ele sorrir também. Entortei a boca, em reprovação. O tímido havia se tornado um grande comediante...

- Não, não irei. - me respondeu, após conter os risos - Não me dou muito bem com o sol e você sabe disso.

- Ah, então não irei. - Vitória sussurrou, entristecida. Ele virou-se para a irmã, preocupado.

- Mas porquê?

- Com quem ficarei lá se você não for?

Senti uma dó tão grande ao ver aquela fofa segurando o choro.

- Passe protetor solar, Vinícius. É só não ficar exposto aos raios solares.

Aquela voz ecoou no local do nada, fazendo todos virarem para ela. Vilma surgiu como um espírito, se juntando à mesa com a gente. No entanto, Vinícius se levantou rapidamente, murmurando e saindo dali.

- Só irei por causa da Vitória.

Vilma deu de ombros, indiferente e meu pai começou:

- Você vai, amor?

Ela assentiu com a cabeça e a satisfação no rosto de Ricardo foi visível:

- Que bom! Acho que vai a família inteira.

Não sei onde que aquilo era uma família. Seria uma família se minha mãe estivesse junto, sem essa mulher.

-Bom, deem-me licença. Vou me arrumar.

Informei levantando-me e Rodrigo aproveitou a deixa.

- Vou organizar algumas coisas no meu quarto. Daqui uma hora retorno para sairmos, pode ser?

Meu pai balançou a cabeça, afirmando e ele veio mais atrás de mim. Quando estávamos distantes daqueles olhos, me pegou pelo braço e me levou para o outro lado da escada, para algum cômodo daquela imensa casa que ainda não conhecia. Caminhamos por um corredor escuro e no fim dele, uma porta nos esperava. Quando a abriu, um quarto extremamente rustico e iluminado ofuscou meus olhos. Entrei, observando aquele lugar que parecia completamente diferente do resto daquele imóvel. As paredes revertidas de madeira, o chão de pisos de taco e os móveis também de madeira. Ao invés de cama, existia um colchão coberto com edredom com imensos travesseiros encostados na parede ornamentada. Além disso, um grande quadro de uma mulher de costas vestida em um longo vermelho dava um ar menos rudimentar. De frente para esse colchão, uma janela enorme de vidro que ia do chão ao teto, iluminando todo o lugar. Tornei-me para ele com cara de boba, enquanto me observava:

- Nossa, aqui é muito legal!

- Gostou? - aproximou-se, segurando minha cintura depressa e erguendo-me para sentar em uma mesa próxima, ficando entre minhas pernas. Envolvi meus braços em seu pescoço e minhas pernas em seu quadril.

IRMÃO DO MEU PAIWhere stories live. Discover now