Divertido e perigoso

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Meu coração quase parou ao imaginar dá um beijo no meu tio. Seria uma boa investida, se não achasse aquele momento adequado. Minha imaginação é tão fértil que senti todas as emoções como se aquilo de fato acontecesse. Ai, ai... Eu não sou normal!

Fiquei com uma cara de boba olhando para o nada quando Rodrigo estalou os dedos na frente do meu rosto, me trazendo para a realidade. Voltei meus olhos pra ele e ele mantinha aquele sorriso no rosto, me olhando:

- Pelo visto você é bem radical. Deseja extrapolar tanto assim?

- Você não faz ideia... - sussurrei, enquanto me encarava. Deixou uma respiração forte fugir dos seus pulmões para arrumar-se na cadeira e pôr os pés sobre a mesa de centro, começando um diálogo que me deixou bem entusiasmada:

- Então, o que você faz da vida?

- Estudo ainda. Acabo esse ano mesmo.

- Tem 17 anos, não é isso?

- Não, completei 18 anos já. - menti. Fiz isso pra ele não pensar que ainda era menor de idade. Isso poderia atrapalhar meus planos... Apesar de ser meu tio, possivelmente não sabe a data do meu aniversário. Se duvidar, nem meu pai sabe...

Ele franziu o cenho e cruzou os braços em frente ao peito. Cada movimento era minuciosamente observado pelos meus olhos famintos:

- Você é reprovada?

- Não, não! - quase gritei balançando as mãos  no ar em sinal de negação. - Acho que um pouco atrasada...

Ele assentiu movimentando os lábios, pensativo. 

- Já pensou em qual carreira seguir?

- Acho que pretendo ser chefe de cozinha. Cozinhar é uma coisa que amo fazer.

- Sério? - pareceu surpreso - Bom saber. Acho que não passo fome por esses dias...

Gargalhei junto com ele. Então, chegou a minha vez de querer saber:

- O que você faz da vida, tio?

Ele deu de ombros: - Sou vagabundo!

Soltei um risinho. Então, continuou um pouco mais sério:

-Na verdade, sou um designer desempregado. Faz alguns meses que perdi o emprego.

Que dó da carinha que ele fez. Parecia entristecido:

- O que aconteceu? Cortes no quadro de funcionários?

- Não. Sou muito bom no que faço. Se fosse por isso, com certeza não teria saído.

- Então o que foi? - quis saber, curiosa. Ele me olhou com a cara mais cínica do mundo:

- Transei com a esposa do dono da empresa.

Ao ouvir aquilo, meu queixo faltou cair do rosto. Estou passada! Continuou:

- Eu não sabia que ia dá um problema tão grande. Vim pra cá fugindo da morte. O homem ficou bravo.

Mas claro, ué! O cara comeu a esposa do patrão.

- Nossa, você é corajoso!

Ele apoiou os braços sobre as pernas, o rosto ficando mais próximo de mim, disse com certo orgulho na voz:

- Não tenho limites!

Caralho, quero transar com esse homem! Louco, pior do que eu. Sem pensar muito, falei sentando-me melhor na cadeira:

- Acho que você não tem é vergonha na cara.

Quando percebi que tinha falado demais, ele caiu na gargalhada erguendo o rosto:

-Poxa, estou sendo repreendido pela minha sobrinha de 18 anos. Verdade, sou muito sem- vergonha mesmo.

Eu sorri também. Decidi cortar o efeito para que o assunto não morresse, caso ficasse ofendido:

- Mas você sabe desenhar qualquer coisa?

O rapaz voltou a ficar sério. Acho que falar sobre sua profissão lhe despertava seriedade:

- O que você quiser! 

- Legal!

- E você sabe cozinhar qualquer coisa? 

Franzi o cenho com aquela pergunta. Será que estava curtindo da minha cara?

- Com a receita, sim.

- Ótimo! - ralhou, erguendo os braços e pondo as mãos por detrás da cabeça - Estou com vontade de comer uma comida diferente há um tempão.

Aquela era a minha hora de agir com malícia. Vejamos se o peixinho morderia a isca. Perguntei observando-o com a melhor cara de safada que poderia fazer:

- E o que você me dará em troca?

Olhou para mim, franzindo a testa e depois de umedecer os lábios com a língua, sorriu rápido, colocando os cotovelos sobre as pernas novamente:

- O que você quiser.

Arrumei meus cabelos, puxando todo para frente ao olhar de homem pilantra. Sim, ele tinha caído na minha armadilha. 

- Tudinho mesmo?

Me fitou com aqueles olhos verdes enquanto eu esperava a resposta, mordendo os lábios de desejo. Ele parecia decidido quando se levantou, ficando enorme ao meu lado. Não resistir em olhar para sua bermuda, em direção ao seu pau, desejando que ele viesse realizar minha fantasia. Com isso, pediu para me levantar também, fazendo um movimento na mão. O obedeci rapidamente, parando bem na frente dele. Ergui a cabeça para encará-lo e quase morri quando ele se curvou sobre mim. Eu quero um beijo, um beijo bem gostoso e molhado, como em minha imaginação.

Mas me frustrei quando falou próximo ao meu ouvido: - Você é bem danadinha, garota. Não queira corromper seu próprio tio.

Não querer? Foda-se! Eu preciso fazer com que esse homem me queira a ponto de não deixar nosso parentesco impedir. Ele voltou a me olhar e tocou levemente na ponta do meu nariz, passando por mim e mandando:

- Vamos entrar! Já está ficando frio.

- Tio! - o chamei, antes de abrir a porta. Estou decidida do que quero. - Não vou obedecê-lo.

Ele ergueu as sobrancelhas: - O quê? Não vai entrar?

- Vou te corromper sim.

Ele olhou para o lado e sorriu, abrindo a porta e entrando: - Vamos logo!

Respirei fundo, me vendo sozinha naquela varanda. Eu sei que tudo aquilo era errado, mas agora não iria mais voltar atrás. Rodrigo ainda ficaria comigo e iria pedir por mais. Era divertido e perigoso? Sim, era muito mais divertido. 

IRMÃO DO MEU PAIWhere stories live. Discover now