Acordei como se estivessem badalando um imenso sino dentro da minha cabeça. Alguém batia na porta do meu quarto e autorizei a entrada sem nem abrir os olhos.
- Samanta? - uma voz de mulher ecoou calmamente, então me virei para vê quem poderia ser. Era Cíntia, a moça que trabalhava lá em casa como doméstica. Ela trazia em suas mãos uma xícara:
- Vim trazer esse chá de camomila para você. Já está doce.
Ergui-me com dificuldade para sentar e senti uma pontada na cabeça, o que me fez fazer uma careta de dor. Ela aproximou-se de mim e entregou a xícara em minhas mãos. Mal conseguia manter os olhos abertos:
- Quem pediu para você trazer?
- Seu Rodrigo. Ele me disse que você tomou todas ontem.
Eu ri fraquinho, dando um gole e tentando entregar a xícara, mas ela me mandou beber mais. Acabei obedecendo.
- Você sabe se meu pai está sabendo disso?
- Acredito que não, pois ele viajou cedo à trabalho, mas disse que ainda voltava hoje para o jantar.
Respirei fundo, um pouco aliviada. Seria bom que não me visse naquelas condições.
- E tio Rodrigo está em casa?
Antes que ela respondesse, a voz dele torturou o meu cérebro, me fazendo apertar as têmporas
- Estou aqui.
Cíntia sorriu e preferiu sair, nos deixando sozinhos. Ele se aproximou e colocou um remédio na minha mão.
- É nisso que dá de querer beber tudo em somente uma noite.
Com isso, me lembrei de repente que havíamos voltado de carro:
- Cadê a sua moto?
- Fui buscá-la mais cedo. Havia deixado no estacionamento da boate. Fiquei com medo de você acabar se jogando da garupa. - apontou para minha mão - Beba o remédio!
Lembrando-me, coloquei o medicamento na boca e o engoli com o chá, lhe entregando a xícara. Ele a colocou sobre a escrivaninha, então voltando e sentando-se na minha cama, bem na minha frente.
- Fiquei muito bêbada? - quis saber o ponto de vista dele. Me respondeu somente balançando a cabeça, em afirmação: - E fiz muita besteira?
Pareceu pensativo: - Não muitas... Mas você não lembra de nada mesmo?
- Só da parte que quis te beijar e você recusou.
Ele pendeu um pouco para trás, como se não esperasse aquilo, mas depois sorriu, tentando encontrar algo para dizer. Logo, ergueu o rosto e me encarou, muito sisudo:
- Não podemos!
- Por que não? - perguntei com uma aflição visível, fazendo-o se levantar, passando a mão no rosto, atormentado. Voltou-se para mim e um pouco altivo, disse:
- Você é filha do meu irmão, porra. Isso é incesto!
- Mas se não fossemos parentes?
- Seria diferente. Você acha que não quis te comer desde o dia em que vi sua bunda quando caiu na escada da varanda?
Tais palavras me encheram de tesão. O que poderia fazer para que parasse de pensar daquele jeito?
- O problema é meu pai? Você tem medo dele saber? Ele não ficará sabendo... É só fingir que sou uma mulher qual...
Do nada, pulou sobre mim, me assustando e segurando meus braços, completamente alterado. Estava tão próximo que conseguia sentir seu hálito e sua respiração no meu rosto.
![](https://img.wattpad.com/cover/149902653-288-k415116.jpg)
YOU ARE READING
IRMÃO DO MEU PAI
ChickLitJá fazia um bom tempo que Samanta não possuía um vínculo afetivo com seu pai, Ricardo. Por conta disso, esperava ansiosamente pelas férias daquele ano para aproximar-se dele e ter um convívio entre pai e filha. Só não esperava que ao chegar na casa...