O fim da vida 🤤

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Acordei como se estivessem badalando um imenso sino dentro da minha cabeça. Alguém batia na porta do meu quarto e autorizei a entrada sem nem abrir os olhos.

- Samanta? - uma voz de mulher ecoou calmamente, então me virei para vê quem poderia ser. Era Cíntia, a moça que trabalhava lá em casa como doméstica. Ela trazia em suas mãos uma xícara:

- Vim trazer esse chá de camomila para você. Já está doce.

Ergui-me com dificuldade para sentar e senti uma pontada na cabeça, o que me fez fazer uma careta de dor. Ela aproximou-se de mim e entregou a xícara em minhas mãos. Mal conseguia manter os olhos abertos:

- Quem pediu para você trazer?

- Seu Rodrigo. Ele me disse que você tomou todas ontem.

Eu ri fraquinho, dando um gole e tentando entregar a xícara, mas ela me mandou beber mais. Acabei obedecendo.

- Você sabe se meu pai está sabendo disso?

- Acredito que não, pois ele viajou cedo à trabalho, mas disse que ainda voltava hoje para o jantar.

Respirei fundo, um pouco aliviada. Seria bom que não me visse naquelas condições.

- E tio Rodrigo está em casa?

Antes que ela respondesse, a voz dele torturou o meu cérebro, me fazendo apertar as têmporas

- Estou aqui.

Cíntia sorriu e preferiu sair, nos deixando sozinhos. Ele se aproximou e colocou um remédio na minha mão.

- É nisso que dá de querer beber tudo em somente uma noite.

Com isso, me lembrei de repente que havíamos voltado de carro:

- Cadê a sua moto?

- Fui buscá-la mais cedo. Havia deixado no estacionamento da boate. Fiquei com medo de você acabar se jogando da garupa. - apontou para minha mão - Beba o remédio!

Lembrando-me, coloquei o medicamento na boca e o engoli com o chá, lhe entregando a xícara. Ele a colocou sobre a escrivaninha, então voltando e sentando-se na minha cama, bem na minha frente.

- Fiquei muito bêbada? - quis saber o ponto de vista dele. Me respondeu somente balançando a cabeça, em afirmação: - E fiz muita besteira?

Pareceu pensativo: - Não muitas... Mas você não lembra de nada mesmo?

- Só da parte que quis te beijar e você recusou.

Ele pendeu um pouco para trás, como se não esperasse aquilo, mas depois sorriu, tentando encontrar algo para dizer. Logo, ergueu o rosto e me encarou, muito sisudo:

- Não podemos!

- Por que não? - perguntei com uma aflição visível, fazendo-o se levantar, passando a mão no rosto, atormentado. Voltou-se para mim e um pouco altivo, disse:

- Você é filha do meu irmão, porra. Isso é incesto!

- Mas se não fossemos parentes?

- Seria diferente. Você acha que não quis te comer desde o dia em que vi sua bunda quando caiu na escada da varanda?

Tais palavras me encheram de tesão. O que poderia fazer para que parasse de pensar daquele jeito?

- O problema é meu pai? Você tem medo dele saber? Ele não ficará sabendo... É só fingir que sou uma mulher qual...

Do nada, pulou sobre mim, me assustando e segurando meus braços, completamente alterado. Estava tão próximo que conseguia sentir seu hálito e sua respiração no meu rosto.

IRMÃO DO MEU PAIWhere stories live. Discover now